Uma vaquinha virtual aberta em favor do deputado estadual paranaense Renato Freitas (PT) se aproximou de um milhão de reais nesta quarta-feira (1). A arrecadação, iniciada pelo empresário carioca e ex-banqueiro Eduardo Moreira, tem como objetivo “apoiar a luta deputado Renato Freitas contra os que querem calá-lo” – Freitas vai responder a uma representação disciplinar na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), protocolada pelo presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSD).
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De acordo com Moreira, o deputado petista vem sofrendo ameaças de morte por conta de sua atuação política na Alep. Como forma de dar visibilidade a Freitas, o meio encontrado pelo empresário foi criar a frente de financiamento coletivo para reestruturar o Núcleo Periférico de Curitiba, um centro de acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social apoiado pelo deputado do PT.
A vaquinha arrecadou um total de R$ 988.814,56, doados por 12,9 mil apoiadores. A meta inicial da arrecadação era de R$ 150 mil, mas com o grande volume de doações registradas, foi sendo atualizada até o valor de R$ 1 milhão. Por volta das 10h desta quarta-feira, a meta foi ajustada para R$ 950 mil. Segundo os organizadores, a taxa administrativa cobrada pelo site será paga pelo Instituto Conhecimento Liberta – fundado por Eduardo Moreira – para que o Núcleo Periférico receba o valor total das doações.
Empresário criador da vaquinha virtual comparou Renato Freitas a Marielle Franco
No programa transmitido ao vivo em seu canal no YouTube na noite de terça-feira (31), Moreira disse que a atuação “de enfrentamento” de Freitas na Alep é diferente da maioria dos políticos porque, segundo o empresário, “Renato é um dos poucos no país que seguem fazendo o que a gente sonha em ver os nossos políticos fazerem para poder acordar o nosso povo e poder fazer a mudança que todo mundo clama”.
Depois de afirmar que o petista foi “abandonado” por políticos de esquerda que deveriam defende-lo, Moreira apontou que a situação de Freitas é de risco por viver em um estado “conservador” e “com grupos fascistas”, e o comparou à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018.
“Um político de uma assembleia estadual, sem apoio nacional, em um dos estados mais conservadores com grupos fascistas que não têm limites, tem tudo para dar errado. É tudo para que a gente tenha um novo ‘Caso Marielle’. E aí só tem um jeito de defender, que é chegar e entrar na trincheira com o irmão, fazer fileira ao lado, transformar a luta dele em uma luta nacional. É fazer com que o trabalho dele seja tão transformador, tão exemplar, tão admirado que o custo, custo político inclusive, de fazer uma maldade para ele seja grande”, disse Moreira.
No dia anterior, o empresário já havia chamado Freitas de "profeta" que "denuncia e mostra as feridas abertas da sociedade" e reforçado a existência de ameaças de morte contra o deputado. "Ele enfrentou o presidente da assembleia, os deputados poderosos e os donos das empresas. Aí começou, ameaça de morte para cá, ameaça de morte para lá. Na porta da casa dele fica passando gente armada, gente olhando em carro todo 'filmado' e fazendo ameaças. E ele, em vez de dar um passo para trás, encarando", afirmou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de Renato Freitas para confirmar se o deputado vem recebendo ameaças de morte, e quais foram as providências tomadas por ele junto às forças de Segurança Pública do Estado do Paraná, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Freitas chamou representantes de igrejas evangélicas de "hipócritas" na Alep
No mais recente dos processos disciplinares abertos contra Freitas na Alep, o petista foi citado por ter chamado de “hipócritas” representantes de igrejas evangélicas que estavam nas galerias da assembleia se manifestando contra o aborto na sessão de 9 de outubro. Em seu discurso, Freitas alegou que o cristianismo havia sido sequestrado pelo que chamou de “populismo religioso”.
Freitas seguiu, se dirigindo diretamente às pessoas que estavam nas galerias. “Todos têm direito ao arrependimento, inclusive vocês. Todas, sem exceção, dos mais hipócritas aos menos hipócritas”. Ao ser interrompido por vaias, o petista reclamou por mais tempo na tribuna para completar seu discurso. O presidente Ademar Traiano se irritou com Freitas, e disse que o tempo restante destinado a ele estava correto.
Ao retornar a seu discurso, Freitas voltou a chamar os presentes de hipócritas e protestou contra a atitude de Traiano. “Enquanto eu falo, o senhor ouve. Eu me inscrevi para estar me pronunciando. Se o senhor quer se pronunciar sobre o mérito da minha questão, faça a inscrição e fale. Portanto ouça, o senhor e os hipócritas religiosos que lotam essa casa, que foram os mesmos que crucificaram Cristo”, disse.
Uma semana depois, ao levar o caso ao Conselho de Ética da Alep, Traiano disse que a conduta de Freitas durante a sessão trouxe “atos contrários com a ética e o decoro”. “[Renato Freitas] perturbou a ordem da sessão, infringiu regras de boa conduta, usou de expressões atentatórias ao decoro, praticou ofensas morais e desacatou parlamentares, além de abusar da sua prerrogativa de imunidade material”, afirmou.
Quem é Eduardo Moreira, empresário que criou a vaquinha virtual para Renato Freitas
O empresário carioca Eduardo Moreira, de 47 anos, ainda é pouco conhecido do grande público. Mas quem costuma acompanhar o debate político no YouTube certamente sabe de quem se trata. Seus dois canais – um que leva seu nome e outro dedicado ao ICL (Instituto Conhecimento Liberta, sua plataforma de cursos e jornalismo) – somam quase 1,5 milhão de inscritos e mais de 4 mil vídeos publicados.
Sua maior aposta, o ICL Notícias, é um programa diário que conta com a participação de figuras notórias da imprensa brasileira (Chico Pinheiro, Heloísa Vilella, Xico Sá, Juca Kfouri, Cristina Serra, Guga Noblat). Com duas edições, o noticiário já é um dos recordistas de audiência em seu segmento na internet – superando, de longe, outros canais “vermelhos” como TV 247, TVT e DCM.
Em seus programas e nas entrevistas que concede, “Dudu”, como é chamado pelos mais próximos, dispara frases do tipo “O agro é o grupo mais poderoso e perigoso do Brasil”. Ou “Enquanto o rico não dormir com medo, não vai mudar. Não é o medo de ser guilhotinado. É o medo de descobrirem que ele não merece ter o que tem”. E ainda “Acredito no enfretamento, no conflito. Sem conflito não tem mudança”.
Por trás desse sucesso e exposição recentes, há um homem de negócios com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. Ex-sócio do banco Pactual e de diversas corretoras de investimentos, Moreira é um milionário com muito poder de comunicação.
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