Depois do tombo de 45% que o índice Bovespa tomou entre fevereiro e março deste ano, em meio à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, grande parte das ações negociadas na B3 retomam gradualmente seu valor de mercado. Entre as empresas paranaenses listadas na bolsa, começam a surgir boas oportunidades de compra neste momento para quem tem capital para investir em médio prazo. Confira:
Copel e Sanepar
Empresas e economia mista, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) estão entre as ações com recomendação de compra por diversas corretoras. As duas tiveram comportamento semelhante nos últimos meses, vindo de um patamar próximo da máxima histórica no início de março e perdendo mais de 40% de valor até o dia 23 do mesmo mês.
“O movimento foi parecido por se tratarem de companhias que oferecem serviços regulados, embora em diferentes esferas, e considerados essenciais”, explica Gabriel Francisco, analista de ações do setor de energia e saneamento da XP Investimentos.
A queda se explica porque, em um primeiro momento, a crise tende a aumentar os índices de inadimplência. Além disso, as companhias se viram obrigadas a fazer concessões para clientes, particularmente aos de menor renda.
No caso da Sanepar, a queda nas ações coincidiu com a crise hídrica enfrentada pelo estado. “Apesar desses fatores de risco, a Sanepar é uma ação barata, que tem uma relação entre risco e retorno boa no curto prazo”, avalia Francisco. “Com as medidas de rodízio que estão sendo adotadas, além do consumo racional, a empresa consegue contornar esse problema.”
A Copel vem de um desempenho superior a outras empresas do setor de energia, particularmente a partir do início da atual gestão. “Existe um grande esforço para redução de custos, que incluiu um programa de demissão voluntária, além de estudos para a privatização da Telecom, que não é o core business da empresa”, diz o analista. A conclusão das usinas de Colíder e Cotia por parte da unidade de geração também contam a favor da valorização da elétrica.
Pesam contra a companhia, na visão do mercado, o aumento ne inadimplência e a proibição, neste momento, de realização de cortes por falta de pagamento, em razão do momento de crise enfrentado por causa da pandemia. Apesar disso, os índices de inadimplência e de furto de energia – os chamados “gatos” – são baixos na Copel quando comparados a outras elétricas nos demais estados.
Rumo Logística
Entre as privadas, a Rumo Logística, com sede em Curitiba, também tem recomendação de compra. Embora tenha apresentado prejuízo de R$ 136 milhões no primeiro trimestre de 2020, conforme divulgado ao mercado nesta semana, a empresa tem potencial de alta, na opinião de analistas da Guide Investimentos, Ágora Investimentos e BTG Pactual.
Isso porque, segundo os relatórios das instituições, os números estão de acordo com o esperado, considerando a queda no volume transportado, problemas operacionais e à entrada tardia da colheita de soja. Há um entendimento de que o prejuízo deve ser compensado no segundo trimestre.
“A Rumo continua como nossa top pick [favorita] em transportes, devido à sua história de volumes protegidos, e seu negócio provando ser resiliente em meio ao intenso turbilhão do mercado”, argumenta Lucas Marquiori, que assina relatório do BTG Pactual.
O valor das ações da Rumo já opera no patamar que estavam antes da crise provocada pelo novo coronavírus. Nesta semana, a companhia anunciou a assinatura de um contrato para a renovação antecipada, por mais 30 anos, a partir de 2028, da concessão da ferrovia Malha Paulista. O ramal liga regiões produtoras de grãos do Centro-Oeste ao Porto de Santos, em São Paulo.
No relatório de resultados, a empresa estima que o volume de exportação de soja do Brasil chegue a aproximadamente 76 milhões de toneladas no segundo trimestre, cenário mais favorável do que o inicialmente projetado.
Klabin
A Klabin, que, embora tenha sede em São Paulo, foi fundada e mantém unidades no Paraná, é vista com bons olhos por investidores. A empresa tem recomendação de compra de consultorias como a XP e a Ágora Investimentos especialmente por causa da elevação do dólar, uma vez que a empresa trabalha fortemente com exportações.
O valor da celulose também tem tendência de alta por causa da normalização de estoques, da recuperação gradual das margens dos fabricantes de papel e da pequena entrada de nova capacidade de celulose no mercado, segundo análise de Yuri Pereira.
Positivo Tecnologia
Outra empresa paranaense listada na bolsa e com potencial para investimento é a Positivo Tecnologia. Apesar disso, analistas recomendam esperar a possibilidade de preço um pouco melhor antes de sair comprando. “Uma decisão com mais convicção será verificada após a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2020, que ocorre no dia 8 de junho”, avalia Eduardo Voglino, analista de investimentos do GuiaInvest.
Voglino lembra que ao longo de 2019 a Positivo teve um resultado surpreendente, subindo mais de 375% – o papel saiu de R$ 2,41 em 4 de janeiro para R$ 11,47 em 12 de dezembro de 2019. Com a crise econômica, o valor despencou, retornando ao nível dos R$ 2 no fim de março. “O ano de 2020 era para ser muito especial para a Positivo”, afirma.
Ao longo do ano passado, a empresa reverteu prejuízos, chegando a janeiro de 2020 com um caixa de mais de R$ 350 milhões. Com a pandemia do novo coronavírus, no entanto, a empresa foi impactada porque muitos componentes utilizados nos produtos que fabrica vêm da China e acabaram atrasando ou não chegaram. Na sequência, com as medidas de isolamento social no Brasil, o consumo caiu muito. “A Positivo é muito forte nas classes B e C – tem 84% do mercado de computadores abaixo de R$ 1,2 mil –, exatamente o público mais afetado com a crise.”
O mercado de computadores vinha de um crescimento de 9% de 2018 a 2019. Voglino considera que a demanda deve ficar represada. “Todas as projeções para 2020 foram postergadas; 2021 pode voltar a virar a chave e todas as empresas que se mantiveram sustentadas em 2020 poderão crescer.”
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