O endividamento da população brasileira foi recorde em 2022, conforme revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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De acordo com o estudo, 77,9% das famílias brasileiras chegaram ao final do ano com alguma dívida (veja detalhamento abaixo, no infográfico). O índice representa um uma alta de 7 pontos percentuais em relação a 2021 e de 14,3 no comparado com 2019, antes da pandemia de Covid-19. O índice mais baixo havia sido registrado em 2018, quando 60,3% das famílias estavam com dívidas.
Em parceria com a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), a pesquisa traz números do estado e mostra os paranaenses como os líderes no ranking nacional do endividamento. Em dezembro, 96,4% dos paranaenses tinham alguma dívida. É o maior endividamento da série histórica da pesquisa, que tem 13 anos. No Rio Grande do Sul, segundo mais endividado, o percentual era de 92,2% e o Rio de Janeiro aparecia em terceiro, com 90,9% de endividamento.
Dívida não é inadimplência
“Estar endividado é diferente de estar inadimplente”, explica Rodrigo Schmidt, coordenador de Desenvolvimento Empresarial da Fecomércio Paraná. Ele esclarece que é considerado endividado quem tem qualquer tipo de dívida, como compras no cartão de crédito, financiamento de carro ou casa ou crédito consignado. Se está pagando as contas em dia, está endividado, se atrasa o pagamento é inadimplente.
“O Paraná tem histórico de endividamento, figurando sempre entre os três estados com maior percentual de endividados, mas somos bons pagadores”, observa Schmidt.
A mesma pesquisa traz o ranking dos inadimplentes, com evidência para os estados de Rio Grande do Norte (46,1%), Minas Gerais (42,5%) e Bahia (41,4%). Nesta lista, os paranaenses estão na 17ª posição, com 23,8% da população com alguma conta em atraso. A pesquisa perguntou aos inadimplentes quem não conseguiria pagar as contas atrasadas.
Entre os que admitem que não vão conseguir pagar suas contas em atraso, os líderes são: Espírito Santo (20,5%), Rio de Janeiro (19,6%) e Amazonas (18,2%). Nesse item, o Paraná aparece em 12º lugar, com 8,4% da população admitindo que não terão condições de sair do vermelho.
Sinal de alerta no Paraná
Mesmo com a análise de "bons pagadores", o percentual muito alto da população paranaense endividada é considerado preocupante. “A dívida não pode comprometer mais que a capacidade de pagamento”, pontua Rodrigo Schmidt. “Quando o endividamento começa a comprometer cada vez mais o orçamento familiar, acaba restringindo a capacidade de consumo porque a renda já está comprometida com o pagamento de dívidas. Isso acaba impactando o próprio crescimento econômico porque não faz a roda da economia girar”.
O representante da Fecomércio observa que, diante de um novo ciclo econômico, superando a fase mais crítica da inflação, a tendência é o juro recuar e a população poder se apropriar da oferta de crédito mais barato para ter acesso a bens e serviços de valores mais elevados que não consegue adquirir à vista.
O que levou ao grande endividamento
Para o economista da Fecomércio, o grande endividamento é ainda consequência da pandemia de Covid-19, que provocou o fechamento de muitos negócios, gerando desemprego e impactando a renda da população. Com o controle da pandemia, houve uma volta ao consumo e uma demanda repentina que estava reprimida, com compra de roupas, calçados e viagens, por exemplo, o que acabou gerando novas dívidas. Além disso, a facilidade de acesso ao crédito, com os serviços digitalizados, também foi um dos fatores que contribuíram para que a população ficasse mais endividada.
Ricos e pobres endividados
A pesquisa revela que tanto os paranaenses mais ricos quanto as famílias de menor renda chegaram ao fim de 2022 praticamente no mesmo patamar de endividamento. Entre aqueles com renda até dez salários mínimos, o endividamento foi de 96,3%, praticamente o mesmo percentual entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos, que corresponderam a 96,4% em dezembro.
Já em relação à inadimplência, há uma diferença. Entre aqueles com renda mais limitada, a inadimplência é maior: 25,7% dos que têm renda familiar de até dez salários mínimos chegaram em dezembro inadimplentes. E 14,9% daqueles com renda familiar superior a dez salários estavam com as contas em atraso. O tipo de dívida predominante em 2022 entre os paranaenses foi o cartão de crédito, com 88,2% em dezembro. O financiamento de carro concentrou 7,6% das dívidas dos paranaenses e o financiamento de casa, 5,7%.
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