O sol não é apenas fonte de vitamina D e o companheiro ideal para um dia na praia ou na piscina. É um importante gerador de energia elétrica, com uma série de vantagens a seu favor: energia limpa e renovável, a baixo custo e a partir de uma fonte inesgotável. Mesmo assim, esse segmento ainda é pouco explorado no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), essa fonte corresponde a apenas 1,3% da matriz elétrica do país, atrás da energia hídrica, eólica, de biomassa, gás natural, petróleo e carvão mineral.
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Mas um conjunto de órgãos públicos do Paraná se mostrou atento a essa tendência e, nos próximos anos, terá parte ou até mesmo todo o consumo de eletricidade bancado pelo aproveitamento da energia solar. São quatro usinas solares fotovoltaicas já em operação ou que devem entrar em atividade até o ano que vem. Juntas, elas devem gerar quase 1 Megawatt por mês. Para ter uma ideia do que isso significa, é energia suficiente para abastecer cerca de 6,5 mil residências.
As usinas solares são compostas por um conjunto de painéis fotovoltaicos que convertem a luz do sol em energia elétrica de alta tensão, possibilitando sua distribuição em rede. Embora exija alto investimento para implantação, essas usinas têm baixo custo de manutenção e vida útil longa, na média de 25 a 30 anos. Foram esses fatores que levaram o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) a investirem em projetos dessa natureza. Conheça a seguir os detalhes de cada um desses projetos.
TRE: economia e impacto ambiental
Em junho deste ano, começou a funcionar no município de Paranavaí, no Noroeste do estado, a usina fotovoltaica do TRE-PR. Resultado de um projeto que começou em 2016, quando foi promulgada a Emenda Constitucional 95/2016, que limitou os gastos públicos pelo período de 20 anos. “Como as despesas com energia elétrica estavam aumentando a cada ano, teríamos que encontrar alternativas. Foi aí que se buscaram estudos de viabilidade técnica para a implantação da usina fotovoltaica”, conta o presidente do tribunal, Gilberto Ferreira.
A escolha de Paranavaí para abrigar o empreendimento se baseou em estudos que indicam a região como a de maior incidência de raios solares no Paraná. Em um terreno de 28 mil metros quadrados doado pela prefeitura, foram instaladas 6,2 mil placas solares, com 2MW de potência. O custo da obra foi de R$ 10,5 milhões, sendo 60% recursos próprios e o restante verbas de emenda parlamentar da bancada paranaense no Congresso.
Investimento esse que deve se pagar nos próximos cinco anos. Segundo Ferreira, a usina tem capacidade para suprir o consumo de energia elétrica em todas as unidades da Justiça Eleitoral no estado, que soma em torno de R$ 2,6 milhões ao ano. “Os recursos que deixarão de ser gastos com o consumo de energia elétrica serão empregados para outros fins, visando ao aprimoramento da nossa Justiça Eleitoral”, ressalta o presidente. A energia produzida é repassada a uma estação da Copel, que abate o valor correspondente da fatura do tribunal.
Para Gilberto Ferreira, contudo, o ganho com o empreendimento vai além do financeiro. “O impacto positivo causado pela usina no meio ambiente é bastante significativo”, afirma, citando quase 900 toneladas de dióxido de carbono que deixarão de ser emitidas e 6,3 mil árvores que serão poupadas. Além disso, ele destaca o incentivo à geração de energia limpa por outros órgãos e contribuição com a melhoria do sistema energético deficitário.
TJ: uma das maiores usinas do Brasil
Foi durante a gestão do desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira na presidência, em 2017, que o TRE-PR iniciou o processo de construção da usina fotovoltaica. Em 2019 ele assumiu a presidência do Tribunal de Justiça e não tardou para levar a mesma ideia para lá. Porém, como se trata de um órgão bem maior, o empreendimento também terá dimensões mais grandiosas. Com investimento de R$ 20 milhões – oriundos do Fundo de Reequipamento do Poder Judiciário (Funrejus) – a usina promete ser a maior já implantada por um órgão público brasileiro.
O empreendimento será construído em um terreno de 240 mil metros quadrados em Campo Mourão, também na região noroeste. Segundo o assessor especial de projetos da presidência do TJ, Noeval de Quadros, o projeto básico está em fase de execução e a previsão é de que a obra seja licitada no início de 2020. “Esperamos estar com a usina pronta no menor espaço de tempo possível, talvez um ano ou pouco mais”, estima.
Com 15 mil placas solares, a usina terá potência de 5MW, a máxima permitida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ainda assim, será suficiente para suprir apenas 30% do consumo de energia elétrica nas mais de 450 unidades do tribunal. O que não é pouco, visto que a economia projetada após seu funcionamento é de R$ 3,3 milhões anuais. “Em sete anos, o investimento na construção estará pago. Ao final de 25 anos, que é a vida útil da usina, teremos economizado R$ 73 milhões gerando energia limpa, em acordo com as normas de sustentabilidade”, observa Noeval.
UFPR: projeto envolve comunidade acadêmica
Tudo começou em 2012, com uma pesquisa no Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Após alguns testes e projetos, em 2017 a instituição conseguiu enfim aprovar junto à Copel o projeto para construção de uma usina fotovoltaica, que irá abastecer grande parte do Centro Politécnico, no bairro Jardim das Américas, em Curitiba. As obras entraram na reta final e até novembro o empreendimento deverá estar em operação, com 3,1 mil painéis fotovoltaicos gerando 1,2 MW de energia.
No total, são R$ 19 milhões investidos em dois projetos, elaborados por professores da UFPR e especialistas da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar). Além da construção da usina, que ficará sobre o estacionamento do Departamento de Ciências Biológicas, estão sendo substituídas quase 50 mil lâmpadas em todos os campi da instituição e instalados 110 medidores interligados, que vão monitorar todo o consumo de energia e possíveis anormalidades. “Somando todas essas ações, a economia estimada é de R$ 1,5 milhão por ano”, garante João da Silva Dias, superintendente da Funpar e um dos mentores do projeto no Departamento de Engenharia Elétrica.
Mais do que uma iniciativa para reduzir gastos e otimizar o consumo de energia elétrica, esses projetos também servem como laboratório para os alunos da UFPR. Segundo João, a universidade cedeu 19 estagiários para ajudar no levantamento de dados sobre consumo de energia. “É um trabalho que envolve toda a comunidade acadêmica, que será amplamente beneficiada com essas medidas.”
Celepar: otimização no uso da energia
Desde outubro do ano passado, toda a energia consumida pela Celepar é produzida na própria sede da empresa, por meio de uma usina fotovoltaica. Com 192 painéis e potência de 60,48 quilowatts-pico (kWp), o empreendimento tem capacidade para atender o equivalente a 45 residências. Em termos de potência instalada é, até agora, a segunda maior usina do gênero de Curitiba, garantindo uma economia anual superior a R$ 60 mil.
A usina fotovoltaica faz parte de um projeto de eficiência energética que começou a ser implantado pela companhia em 2016, com a substituição de mais de seis mil lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED. O projeto compreende, também, outras ações que envolvem a otimização de equipamentos como ar condicionado e transformadores de energia. A expectativa é de que, ao longo de 10 anos, essas medidas propiciem uma economia de mais de R$ 3 milhões.
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