Algumas prefeituras estão realizando buscas ativas de pacientes para receber as doses que sobram após o expediente.| Foto: Jonathan Campos/Agência Estadual de Notícias
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Os dados oficiais do Ministério da Saúde mostram que o ritmo da vacinação contra a Covid-19 no Brasil está em desaceleração. O Paraná, sexto estado que mais vacina no país, já chegou a imunizar 78.846 em um só dia, 27 de março. Os dados consolidados mais recentes, de 19 de abril, mostram que foram aplicadas naquele dia pouco mais de 19 mil doses. E para evitar que esse índice caia ainda mais municípios do estado estão se organizando para não desperdiçar nenhuma das doses, uma espécie de “xepa da vacina”.

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Em alguns casos pode acontecer se sobrar um pouco do imunizante nos frascos após o fim do período de aplicação. Como o produto, uma vez aberto, não pode ser armazenado para o dia seguinte, encontrar possíveis receptores para a vacina tem se tornado mais uma tarefa corriqueira dos profissionais de Saúde dos municípios.

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É assim em Francisco Beltrão, onde a vacinação está sendo feita em idosos com 63 anos ou mais. Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, o secretário municipal de Saúde, Manoel Brezolin, informou que os agentes mantêm um cadastro atualizado de idosos que moram perto das Unidades Básicas de Saúde. Há um registro oficial da sobra de vacina, feita em um livro ata, e então começa a procura por quem poderá ser imunizado.

“Quando acontece de sobrar uma ou duas doses no frasco, os agentes procuram esses idosos que moram perto para poder aplicar a vacina. Durante a vacinação do público de 64 anos nós conseguimos antecipar a vacinação para pessoas de 63, e agora elas já estão registradas e confirmadas para receber a segunda dose. Provavelmente isso vai ajudar a antecipar a vacinação para algum idoso de 62 anos, e assim por diante”, explicou o secretário.

Segundo Brezolin, com essa ação é possível que nos relatórios municipais de vacinação apareçam mais doses aplicadas do que recebidas pela prefeitura. A situação, embora aparentemente impossível, se explica porque geralmente se leva em conta possíveis desperdícios ou acidentes, como frascos quebrados. Em campanhas normais de vacinação, então, uma variação de até 5% nos dados é considerada normal.

“Acontece de recebermos 10 mil doses de uma determinada vacina, e no final da campanha ser aplicadas 9,5 mil doses. E isso é normal, porque pode haver perda na hora de colocar na seringa ou algum frasco chegar danificado. Agora, com a Covid, estamos tendo tanto cuidado que não está havendo nada de desperdício. E quando a gente consegue aproveitar até essa sobra do frasco, vai acabar vacinando mais gente do que o estimado pela secretaria”, disse.

O cuidado extremo na hora de administrar as doses também é a política usada pela prefeitura de Guarapuava. Dessa forma, com o chamado “desperdício zero”, a Saúde por lá tem conseguido ampliar o número de vacinados. Das cerca de 3 mil doses recebidas no último final de semana, 1,2 mil foram aplicadas como primeira dose no dia 17 e mais 1,6 mil no dia 19. O restante foi direcionado para compor a reserva das segundas doses, que seguem sendo disponibilizadas para os idosos da cidade.

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Busca ativa de pacientes para evitar desperdício

Em Foz do Iguaçu, a prefeitura informou à reportagem que a partir de maio será iniciada uma busca ativa por pacientes que tinham direito às duas doses da vacina e que, por qualquer motivo, receberam apenas a primeira aplicação. A estimativa da Secretaria Municipal de Saúde é que cerca de 500 idosos estejam nessa situação. Como a cidade, assim como Curitiba, também relatou ter recebido frascos com menor quantidade das vacinas, são raros os casos em que há doses remanescentes após a aplicação convencional.

Na região metropolitana de Curitiba algumas cidades, como Colombo e Araucária, já estão realizando esta busca ativa por pacientes que mesmo estando dentro dos grupos prioritários ainda não foram vacinados.

Mas, como explicou o secretário municipal de Saúde de Araucária, Adilson Suguiura, não estão sendo incluídas novas faixas de prioridade. “[A aplicação] é sempre da faixa de vacinação, sempre dentro do Programa Nacional de Imunização, mas para quem estiver disponível. Às vezes tem um pouco de variação, mas quem estiver disponível a gente está vacinando”, explicou, em entrevista à RPC.

Pinhais, Almirante Tamandaré, Campo Largo e Campo Magro mantém uma espécie de lista de espera para a vacina, formada principalmente por pacientes acamados. Em Curitiba, perto do fim do expediente nos pontos de vacinação, menos frascos da vacina são abertos ao mesmo tempo – a forma encontrada para minimizar o desperdício. Também há uma lista de espera de pacientes dos grupos prioritários.

Piraquara está conseguindo antecipar a vacinação em pacientes com comorbidades, os próximos depois dos idosos segundo o Plano Nacional de Imunização.

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Segundo a secretária municipal de Saúde, Gláucia Guimarães, o município criou um protocolo para a sobra de vacinas. “Neste protocolo estão incluídos os pacientes com comorbidades, dentre estes os pacientes com obesidade. A gente liga para esses pacientes no final do expediente para eles virem receber essas doses. Diariamente a gente atualiza esta lista, os pacientes precisam ter cadastro nas nossas unidades para que a gente possa ligar e chamar”, disse.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]