Secretário estadual de Saúde Beto Preto e o governador Ratinho Jr.| Foto: Geraldo Bubniak / AEN
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A aceleração descontrolada da pandemia de coronavírus nos últimos dias levou o governo do Paraná a adotar restrições severas até 8 de março, com proibição de abertura do comércio não essencial, extensão de três horas no toque de recolher, cancelamento do retorno às aulas presenciais e suspensão das cirurgias eletivas, aquelas que não têm urgência.

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O crescimento exponencial do número de casos e mortes lotam os hospitais do estado, que estão com as UTIs exclusivas de Covid-19 próxima do colapso, com 94% de ocupação. “Pedimos oito dias de compreensão da população e de todos os setores produtivos, em especial o comércio, para que a gente não entre em colapso como ocorreu em outros estados”, reforça o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). “É uma decisão dura, porque não queríamos frear a economia. É uma decisão que dói, mas é para salvaguardar vidas, um freio de ajustamento para que possamos readaptar o nosso sistema de saúde e também dar tempo para evoluirmos na vacinação”, completou o governador.

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) vem observando nos últimos dias um crescimento muito grande não só de internações e mortes por Covid-19, mas também do tempo de internamento dos pacientes. Tanto que a projeção pessimista do quadro da pandemia nos últimos dias foi ultrapassada, o que forçou o governo a intervir.

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A projeção pessimista levantada pela Sesa nos últimos dez dias era de que o Paraná batesse em 92,8% da ocupação de UTIs e 64,1% de ocupação das enfermarias. Porém, nesta sexta-feira (26) o cenário rompeu as duas projeções pessimistas, com 94% de ocupação de UTIs e 74% nos leitos de enfermaria.

Além disso, somente de quinta para sexta-feira, o número de pacientes que precisaram ser internados aumentou em 31%, alcançando o recorde de 578 pessoas. Nos últimos dias, a média do aumento de pacientes precisando de internamento no Paraná foi de 40 para 450 pessoas. Já o tempo de internação aumentou no mesmo período 11%, ou seja, os pacientes estão ficando mais tempo no hospital.

Até janeiro, apenas 8% dos pacientes esperavam menos de 24h para dar entrada em um leito. Agora, 12% dos pacientes que precisam ser internados têm que aguardar mais de 24h. "Se há um retardo muito grande na internação ou a qualificação do primeiro atendimento não é o adequado, esse paciente vai agravar clinicamente, com uma recuperação menor. Ou seja, mais dor e sofrimento, além de maior tempo de permanência no hospital", enfatiza o diretor de Gestão em Saúde da Sesa, o médico Vinícius Filipak.

A piora de todos esses números, segundo Filipak, levou ao agravamento da pandemia, forçando o governo a tomar medidas restritivas. “Estamos com a maior ocupação hospitalar de todo o histórico da pandemia no Paraná. Nunca tivemos tantos pacientes internados”, ressalta Filipak.

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Nova variante do coronavírus

Além da circulação de pessoas no carnaval, a nova mutação do coronavírus detectada no Amazonas, que levou o sistema de Manaus ao colapso e ao lockdown no interior de São Paulo, como na cidade de Araraquara, também podem estar relacionadas ao agravamento da pandemia no Paraná. “Essa aceleração significa que temos um nova cepa mais transmissível que exige que a gente a delimite. Isso está atingindo duramente a nossa população”, comenta o diretor.

No Paraná, ainda não foi comprovada a circulação da nova variante, que ocorre quando pessoas se contaminam no próprio local em que moram. Entretanto, foi comprovada a infecção pela nova cepa em cinco pacientes vindos de Manaus: quatro atendidos em Curitiba e um em Campo Largo, na região metropolitana. Além disso, o próprio secretário estadual de Saúde, Beto Preto, já admitiu que a nova mutação do coronavírus já está circulando pelo estado, mesmo sem comprovação de transmissão local.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]