Instituições paranaenses da sociedade civil organizada se reuniram nesta quarta-feira (4) no Instituto de Engenharia do Paraná, em Curitiba, para defender melhorias na proposta de concessão dos aeroportos paranaenses, em especial o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
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O relatório do Grupo de Consultores em Aeroportos (GCA) – composto por seis empresas – e escolhido pelo Ministério da Infraestrutura no edital de chamamento público de estudos que vai subsidiar o edital de concessão, não contempla a obrigação de construção de uma terceira pista ou a ampliação da pista principal do aeroporto do Afonso Pena.
Dentre três alternativas apresentadas no estudo, duas continham a implantação de uma nova pista de pousos e decolagens (a terceira pista) e também a ampliação da pista principal para 3 mil metros (hoje tem 2,2 mil). Contudo, a alternativa considerada "mais vantajosa" para o desenvolvimento do aeroporto até 2050 foi justamente a que não engloba nenhum dos dois investimentos.
"[O documento] foi visto com preocupação. Todas as entidades querem que esteja escrito no edital o que a gente precisa, ele deve conter as necessidades para passageiros e cargas. Em Curitiba, nós precisamos necessariamente uma pista que tenha comprimento suficiente para decolar com grandes aeronaves completas diretamente para a Europa ou Estados Unidos, sem precisar fazer escala", explica o gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr.
A proposta só admite a construção de uma terceira pista "caso a movimentação de aeronaves extrapole a capacidade do atual sistema", hoje de 14 milhões de passageiros por ano. "Considerando que as projeções de demanda apresentadas no estudo de mercado apontam para o final do período concessivo uma movimentação anual e horária de aeronaves ainda compatível com a capacidade atual do sistema de pistas e que o comprimento da PPD 15-33 [pista principal (2.218 m)] não implica em grandes restrições ao peso de decolagem das aeronaves mais críticas, conclui-se que é possível adiar a implantação da PPD 15R-33L [terceira pista]", diz trecho.
"Não implicar em grandes restrições é muito vago, temos que operar sem restrições [para grandes destinos do hemisfério norte]. Não podemos esperar mais 30 anos, se não [o aeroporto] vai ficar como está", diz Mohr.
O estudo ainda diz que as receitas do Aeroporto Internacional de Curitiba são compatíveis com os investimentos propostos nas alternativas que contemplam a terceira pista e a ampliação da pista principal, mas "o bloco concessionado apresenta outros aeroportos deficitários, de forma que a análise de viabilidade econômica deva ser feita pelo conjunto, e não individualmente".
O bloco sul, do qual o Afonso Pena faz parte – e é o principal – é composto por mais oito aeroportos: Foz do Iguaçu, Londrina e Bacacheri, no Paraná; Navegantes e Joinville, em Santa Catarina; e Pelotas, Uruguaiana e Bagé, no Rio Grande do Sul. O bloco é um dos três que compõem a 6ª rodada de concessões de aeroportos que o governo federal esperar leiloar ainda neste ano.
Na segunda-feira (9), a Anac vai realizar em São José dos Pinhais uma audiência pública sobre o processo e as entidades vão levar a reivindicação. "Vamos elaborar um documento e todas vão se manisfestar. "Queremos que o edital deixe claro alguma solução [terceira pista ou ampliação] para que possamos operar um voo Curitiba-Estados Unidos, Curitiba-Europa sem restrições", completa Mohr.
No encontro desta quarta (4) estiveram presentes representantes da Fiep, Sistema Ocepar, Instituto de Engenharia do Paraná, Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná, Instituto Democracia e Liberdade e Movimento Pró-Paraná.
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A pista principal do Afonso Pena tem hoje 2,2 mil metros de comprimento. Esse tamanho seria suficiente para um voo de Curitiba para importantes destinos no hemisfério norte, desde que o aeroporto estivesse ao nível do mar. Como a capital paranaense está mais de 900 metros acima, a decolagem de uma aeronave de grande porte cheia torna-se inviável, segundo engenheiros do Instituto de Engenharia de Paraná, como Meron Kovalchuk, ex-controlador de voo do Afonso Pena.
O cálculo é de que a cada 300 metros acima do nível do mar, perde-se 7% na eficiência da decolagem. Ou seja, na capital paranaense a perda é superior aos 21%, fazendo com que a pista tenha na prática cerca de 1,7 mil metros. Para que o objetivo de decolagens sem restrições para destinos na Europa e América do Norte seja torne possível, seria necessária uma pista de pelo menos 2,8 mil metros, segundo os especialistas.
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