À frente do município de Almirante Tamandaré nos últimos quatro anos, Gerson Colodel (MDB) foi reeleito para um novo mandato na prefeitura da cidade com 67,65% dos votos válidos, contra 26,86% do segundo colocado, Fernando Tanck (PSL). Para ele, uma demonstração de que a população reconheceu um bom trabalho. “Isso aumenta a responsabilidade”, pondera.
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Responsável pelo maior volume de investimentos da cidade historicamente, Colodel quer dar continuidade ao programa de obras de infraestrutura para o município, com pavimentação de ruas e construção de prédios públicos e de um centro de convenções municipal.
Durante a campanha, o prefeito reeleito chegou a ficar nove dias internado após contrair Covid-19. Para ele, as eleições deveriam ter sido adiadas até a chegada da vacina contra o novo coronavírus. “Graças a Deus, consegui me recuperar, mas muitos não conseguiram”, lamenta.
Na entrevista a seguir, ele fala um pouco sobre a gestão que se encerrou e os planos para o novo mandato:
Que avaliação o senhor faz do primeiro mandato à frente de Almirante Tamandaré?
Terminamos esse primeiro mandato com muitas obras, muitas conquistas para o nosso município. Nós batemos muitos recordes em relação às gestões anteriores. Por exemplo, a aquisição de veículos pesados e leves – foram mais de R$ 12 milhões investidos. Reestruturamos toda a parte de saúde do município: construímos cinco unidades novas, implantamos o Samu, o Siate, melhoramos a unidade de saúde 24 horas. Abrimos o Parque Ambiental Anibal Khury, que é o maior parque ambiental do Sul do Brasil, com 220 hectares. Conseguimos, junto ao governo do estado, o início da duplicação da Rodovia dos Minérios, com mais de R$ 90 milhões sendo investidos nesse primeiro trecho. Praticamente dobramos o número de espaços esportivos. Tinha 15, fizemos mais 13, ou seja, são 28 espaços hoje. Conseguimos, também junto ao governo do estado, a Delegacia Cidadã, uma obra de 1,5 mil metros quadrados, de R$ 4 milhões de investimentos. Fizemos pavimentação de 158 ruas, o que equivale a 70 quilômetros. Reformamos terminais, abrimos o CEU, que é o Centro de Artes e Esportes Unificados, reabrimos Armazéns da Família. Passamos de 45% para 59,85% a rede coletora de esgoto e abastecimento de água.
E quais são os planos para os próximos quatro anos, considerando a queda na arrecadação com a crise econômica?
Agora é continuar o trabalho, principalmente na questão de infraestrutura, que nós temos bastante deficiência. Ainda temos muitas ruas a serem pavimentadas. E melhorar ainda mais a questão de saúde pública, de educação, que já melhoramos muito também. Recentemente recebemos um prêmio, a nível nacional, em relação ao trabalho remoto de ensino para as crianças. A gente criou aqui as casas sementeiras, que são espaços com ex-professores, gente da comunidade, que nos ajudaram nas tarefas com os alunos. Diretores, professores, encaminhavam as tarefas diretamente para os alunos ou através dessas casas. Fazíamos o encaminhamento e essas famílias ajudavam no aprendizado das crianças. Ganhamos um prêmio nacional agora, por causa dessa inovação em relação ao atendimento dos alunos no momento de pandemia. Temos muitas coisas realizadas e muitas coisas planejadas. Ainda temos muitos prédios de unidades de saúde, de secretarias, que queremos construir. Estamos fazendo um centro de convenções dentro do parque, para mil pessoas.
Almirante Tamandaré ainda é um município é carente, que tem várias dificuldades, principalmente orçamentárias. Cerca de 85% do território da cidade está sobre o Aquífero Karsten e, com isso, temos dificuldade de trazer grandes empresas para cá. Nossa renda per capita hoje é de R$ 1,8 mil, um valor muito pequeno perto de municípios como Araucária, por exemplo, que tem R$ 8 mil por habitante, ou Rio Branco do Sul, que tem R$ 3 mil. Então, há realmente muitas dificuldades. Mesmo com os recursos do estado e do governo federal que a gente conseguiu buscar. Foi muita economia e austeridade que nos permitiram fazer tudo isso para o município.
Com a aprovação que a gestão teve, a ideia é um mandato de continuidade?
Fomos reconhecidos nessa eleição com quase 70% dos votos. Na primeira eleição, quando você se elege, as pessoas têm esperança de que a administração seja boa. Quando você se reelege, é porque o pessoal já tem certeza de que isso aconteceu. Isso aumenta a responsabilidade para esse segundo mandato.
O município de Almirante Tamandaré teve nesses últimos quatro anos um investimento, considerando parcerias com o estado, de mais de R$ 400 milhões, mais de R$ 100 milhões por ano. Nunca teve na história da cidade um investimento tão grande quanto esse. Foi uma grande conquista e isso teve o reconhecimento da população.
Logo no início da sua primeira gestão, houve uma certa polêmica quando o senhor revogou um ato que reduzia em 20% os salários do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários municipais, fazendo com que os subsídios voltassem aos patamares anteriores. O que aconteceu exatamente?
Toda vez que você muda os subsídios de prefeito, vice-prefeito e secretários, tem que ser, no mínimo três meses antes das eleições. Ou seja, teria que ter sido fixado pela Câmara Municipal antes das eleições – o que não foi feito nessa gestão; eu pedi que ficasse o mesmo valor. Lá em 2016, o então prefeito fez uma redução de salário, mas ele não poderia ter feito isso, porque estava fora de prazo e, além disso, você só pode mudar salário através de uma lei, aprovada pela Câmara Municipal. Ele fez isso de forma extemporânea. Tanto que, agora, secretários municipais da época dele entraram na Justiça para que eu pague a diferença. O que eu fiz? Eu voltei à normalidade, àquilo que a lei determinava. Não teve aumento de salário. Foi uma regularização do que o ex-prefeito acabou usando como palanque político e de forma irregular. Esses ex-secretários que entraram na Justiça vão ganhar. Porque ele não podia ter baixado os salários da forma que ele fez. Ele fez de forma errada, equivocada. Então não houve aumento nenhum, foi voltado à situação legal de 2012. Nossa procuradoria jurídica, na época, falou que aquilo estava errado e que precisava ser arrumado. Foi o que foi feito.
Em 2018, Almirante Tamandaré foi considerada uma das dez cidades mais violentas do Brasil, segundo o Atlas da Violência. O que foi feito e o que ainda deve ser feito pelo município em relação à criminalidade?
Nós diminuímos a violência, assaltos, agressões, roubos, furtos e tudo mais, de 2017 para 2020, em 65%. Com vários trabalhos realizados, por meio da Polícia Militar, Polícia Civil, prefeitura, Ministério Público, a 2ª Vara Criminal do Fórum. Com conscientização. Um dos programas que criamos aqui é o atendimento ao agressor em relação à violência contra mulheres. Nós não cuidamos só da mulher, mas também do agressor, fazendo um trabalho através do Creas [Centro de Referência Especializado de Assistência Social], conscientizando. Também com o Proerd [Programa Educacional de Resistência às Drogas] no combate à drogadição nos quintos anos das escolas, que nós implantamos aqui na cidade, em parceria com a Polícia Militar. E tantas outras atividades. Implantamos um Caps AD [Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas], o que diminuiu a questão da criminalidade. Conseguimos a Delegacia Cidadã, que será inaugurada agora no início do ano.
Durante a campanha, o senhor chegou a ficar internado após contrair Covid-19. Como foi participar de uma disputa eleitoral em meio à pandemia?
Veja, a CNM [Confederação Nacional dos Municípios], a AMP [Associação dos Municípios do Paraná], e a Assomec [Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba], todos nós pedimos ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral] para que as eleições fossem adiadas, colocadas para depois de uma vacina. Que fossem prorrogados os mandatos por pelo menos por seis meses, até que houvesse uma vacina, que, se Deus quiser vamos ter agora aqui no Brasil. Isso por causa do risco, de todos os cabos eleitorais, de toda a população. As pessoas falam “agora tem que fechar comércio, mas na época da campanha estava todo mundo na rua”. Mas quem marcou as eleições não fomos nós. Aliás, nós não queríamos as eleições naquela data. Quem marcou foi o TSE. Em que pese que mudou do dia 4 para o dia 15, ainda assim não resolveu o problema. Com isso, muitos candidatos e muitas pessoas que trabalharam na campanha acabaram pegando Covid. Eu fui um deles, infelizmente. Fiquei nove dias no hospital, cinco deles na UTI, e, graças a Deus, consegui me recuperar, mas muitos não conseguiram. Isso realmente foi um grande risco. Porque, queira ou não, teve campanha de rua, caminhada, reuniões, por mais que tenhamos tomado todos os cuidados. Os políticos estão muito expostos, atendendo todo mundo. Isso acabou fazendo com que muita gente pegasse Covid, alguns em situação mais complicada.
Como foi o processo de recuperação?
Eu não cheguei a ser entubado, mas fiquei na UTI, com oxigenação, aquelas máscaras de oxigênio, durante cinco dias. Faltando muito oxigênio. Os remédios que foram dados para mim deram resultado, graças a Deus. Mas é muito difícil. Cada um tem sintomas diferente. Eu tive muito soluço, que é um dos sintomas raros do Covid. E muita falta de ar. Quando eu ia ao banheiro, eu voltava roxo, por falta de oxigênio. Passei dias difíceis. Tem que se cuidar.
Em relação à vacinação contra a Covid, o município está preparado para a aplicação das doses?
Essa questão da vacina, a gente tem discutido através do consórcio metropolitano de saúde, através da Sesa [Secretaria de Estado da Saúde], de um fórum metropolitano, toda semana temos feito reuniões para discutir com o governo do estado as questões de decretos, vacinas, tudo mais relacionado à Covid. Temos um trabalho já sendo realizado pelo estado e do Ministério da Saúde para que a gente possa começar as fazer as aplicações assim que cheguem as vacinas, dentro daqueles critérios que estão sendo definidos no plano de vacinação do estado e da União. Nós seremos, aqui na ponta, a ferramenta de aplicação dessas vacinas na população.
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