Arrematado pelo grupo EPR, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na tarde desta sexta-feira (29), o lote 2 (de um total de 6) do novo pedágio paranaense é também aquele que conta com maior número de obras. Por isso, tem o maior valor de investimentos a ser feito pela concessionária: R$ 10,8 bilhões.
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Por essa característica, a expectativa, tanto de autoridades políticas quanto do setor produtivo e organizações civis, já indicava para uma baixa concorrência no leilão do lote 2, mas se acreditava que ao menos as duas participantes do primeiro leilão - quando o Grupo Pátria saiu vitorioso, com a oferta de desconto de 18,25% na tarifa básica - compusessem a disputa. Até a semana passada, o Pátria era considerado certo para este segundo leilão.
Vencedora - e única a apresentar proposta - do lote 2, a EPR é uma holding recente formada pelos grupos Equipav e Perfin. Tem focado suas ações na participação de leilões e concorrências para investimentos no segmento de transportes em concessões, de olho no setor rodoviário. Comandada por José Carlos Cassaniga, que foi diretor de engenharia do grupo EcoRodovias nos anos de 2010, a empresa participou e levou dois leilões de administração de estradas em 2022 no estado de Minas Gerais. A Equipav, que responde por 50,1% do grupo, já havia atuado no segmento rodoviário, mas acabou deixando o mercado. A expertise da Perfin está em saneamento básico.
As duas empresas também compõem o grupo Saneamento Consultoria que venceu a primeira Parceria Público Privada da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) em julho. A PPP foi disputada na B3 com investimentos estimados em R$ 1,2 bilhão em esgotamento sanitário de 16 municípios da Região Metropolitana de Curitiba e do Litoral do Estado. A Equipav, por exemplo, é uma das sócias da Aegea, que integra o consórcio que também leva o nome da Perfin.
"Decepcionante e triste", define presidente da Fetranspar sobre falta de interesse no pedágio
A falta de interesse e a baixa concorrência no lote mais relevante no novo modelo de concessão de rodovias do Paraná não repercutiu bem em alguns segmentos. Nas redes sociais, o deputado estadual Arilson Chiorato (PT-PR) reforçou que os paranaenses terão, mais uma vez, o que considera “tarifas altas de pedágio”. O processo de concessão no Paraná é conduzido pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), órgão do governo federal de Lula (PT).
Já o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), coronel Sérgio Malucelli, manifestou “tristeza e decepção”. "Será que outras empresas não têm interesse no pedágio do Paraná? Cadê as grandes empresas brasileiras no segmento? Onde elas foram parar? Isso é um sinal da insegurança para se investir no país”, alertou ele. Malucelli manifestou preocupação com os quatro lotes que ainda serão licitados em 2024.
Já o Movimento Pró-Paraná não vê o andamento do processo com temor e destacou alguns pontos fundamentais previstos em edital. “Ademais, o valor de referência do pedágio para o lote 2 tem um desconto médio de 40%, considerando o valor de outubro de 2021 e o desconto do uso do tag de 5%, que não existia. Além disso tem o desconto do usuário frequente. Assim sendo, o valor do desconto já está na proposta apresentada”, destacou.
Um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) corrobora a redução expressiva nas tarifas, tendo como valor de referência o que o usuário pagava no antigo Anel de Integração (concessão anterior das rodovias no estado, que operou até novembro de 2021).
Quem compõe a EPR?
No site do grupo EPR, a empresa se autodescreve como “a consolidação da parceria da Equipav, com mais de 60 anos de experiência em infraestrutura, com a Perfin, gestora de fundos de investimentos em infraestrutura” com a administração de duas concessões de rodovias em Minas Gerais. A EPR Triângulo e a EPR Sul de Minas operam as rodovias concedidas nas regiões do Triângulo e Sul de Minas.
A Perfin, grupo mais recente, foi criada em 2007 e tem nomes de peso como o de José Roberto Ermírio de Moraes Filho e Ralph Gustavo Rosenberg Whitaker Carneiro como fundadores.
Concessão de rodovias no Paraná é dividida em seis lotes
- Lote 1: extensão de 473,01 km. Engloba as ligações entre Curitiba e Guarapuava (Trevo do Relógio) e Guarapuava a Ponta Grossa, além da Região Metropolitana de Curitiba. Licitado no mês de agosto, com o Grupo Pátria vencedor.
- Lote 2: extensão de 600 km. Engloba as ligações entre Curitiba-Litoral, Ponta Grossa-Jaguariaíva, Jaguariaíva-Ourinhos (na divisa com São Paulo) e Ourinhos-Cornélio Procópio. Licitado nesta sexta-feira (29) e arrematado pelo grupo EPR.
- Lote 3: vai de Ponta Grossa, segue até Arapongas e Londrina, no norte do estado, até a divisa com São Paulo. Ele reúne trechos das rodovias BR-369, BR-376, PR-090, PR-170, PR-323 e PR-445, com extensão total de 561,97 km.
- Lote 4: vai de Londrina, no norte do estado, segue para Arapongas, Maringá, Paranavaí, Umuarama (noroeste) e Guaíra (oeste do paraná) em trechos das rodovias BR-272, BR-369, BR-376, PR-182, PR-272, PR-317, PR-323, PR-444, PR-862, PR-897 e PR-986, com extensão total de 627,98 km.
- Lote 5: segue de Arapongas, no norte, a Cascavel, Toledo e Guaíra, no oeste, em trechos das rodovias BR-158, BR-163, BR-369, BR-467 e PR-317, com extensão total de 429,85 km.
- Lote 6: reúne trechos das rodovias BR-163, BR-277, BR-158, PR-180, PR-182, PR-280 e PR-483, com extensão total de 659,33 km passando pelos municípios de Foz do Iguaçu, Cascavel (oeste), Guarapuava (central), Francisco Beltrão e Pato Branco (sudoeste).
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