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Paraná lidera produção de erva-mate no Brasil, seguido pelo Rio Grande do Sul| Foto: Divulgação/Agência de Notícias do Paraná

O Paraná lidera a produção de erva-mate no Brasil. De acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral-PR), foram 680.929 toneladas em 2021, somando duas formas de cultivo distintas: em pleno sol e sombreada.

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A liderança na produção é alcançada especialmente na segunda variedade, com 442.819 toneladas, representando 87% da produção nacional. “No Paraná, quase 90% dos ervais são sombreados, os técnicos do IDR [Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná] trabalham quase que exclusivamente com esse tipo de cultivo. Dessa forma, conseguimos auxiliar a usar a parte de reserva legal, os 20% de área de floresta que todo produtor precisa manter, e tornar isso rentável pra ele”, explica Amauri Ferreira Pinto, coordenador da Área de Cultivos Florestais do IDR-PR.

Esse montante se reflete em valores expressivos: em 2021, a erva-mate rendeu R$ 1,08 bilhão aos produtores rurais. Segundo os dados do último censo agropecuário feito no país pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7.610 propriedades rurais cultivam a planta no Paraná. “A possibilidade de fazer o manejo sustentável, plantando a erva-mate em conjunto com áreas de floresta, faz com que ela seja muito procurada pelo mercado internacional”, aponta.

Dados do Prognóstico da Erva-Mate 2021-2023, elaborado pela Secretaria de Agricultura do Paraná, trazem o estado como responsável por uma importante fatia do que o Brasil exporta. Em 2011, o estado exportava 5,5 mil toneladas da planta beneficiada e, dez anos depois, passou a exportar  9 mil toneladas. O Uruguai foi o principal destino da erva paranaense, mas países como Alemanha, Bélgica, Polônia e Argentina também compram tanto a planta beneficiada quanto a cancheada, que é seca e triturada antes de sair do país.

Pequenas propriedades são responsáveis pelo cultivo da planta

O IBGE também aponta que o parque ervateiro é constituído predominantemente por pequenas propriedades, que chegam a 19 mil no território nacional. Uma delas pertence ao Adelir de Lima, presidente da Copermate, cooperativa de produtores da erva que fica em Santa Maria do Oeste, região central do Paraná. Há quase 30 anos, ele e a família se dedicam ao plantio da espécie. “Desde 1994 trabalhamos com a cultura de ervais. Em minha propriedade, 30% da área é dedicada à erva-mate e isso representa quase metade da nossa renda”, estima o agricultor. Adelir também fala que a erva-mate pode levar até cinco anos para dar retorno, mas que os resultados conseguem ser iguais ou até melhores que outras culturas, como soja ou leite.

Como toda pequena propriedade, a erva-mate divide espaço com outras culturas, a exemplo da produção de grãos, soja, milho e verduras. Mas o investimento na planta, base para bebidas como o chimarrão, pode ser menor com um retorno atrativo para os pequenos agricultores. “Um alqueire de erva-mate pode produzir 20 mil quilos. Se o quilo for vendido a R$ 1 já podemos considerar um bom resultado”, explica o presidente da Copermate.

Adelir conta que a cooperativa surgiu em 2008, mas os produtores começaram a se organizar em 1994. Atualmente são 219 associados, que cultivam a planta em Pitanga, Boa Ventura de São Roque e Santa Maria do Oeste. Através da cooperativa, eles conseguem comercializar produtos como a erva usada no chimarrão, além de chás a granel e em sachês. Também exportam os produtos para Alemanha, Itália, França e Estados Unidos. E foram certificados como fair trade, o chamado comércio justo. Esse tipo de negociação é caracterizada por contribuir para o desenvolvimento sustentável ao dar melhores condições de troca, gerando parcerias e garantia de direitos para produtores e consumidores, segundo o Sebrae. “Contamos com 15 famílias certificadas com o selo IBD de produção orgânica”, orgulha-se o agricultor.

A Copermate também conseguiu, com a ajuda de parcerias, o plantio de 98 mil mudas na região, o que beneficiou 30 mil famílias locais. “Temos outro projeto em andamento, para aquisição de mais 84 mil mudas do governo da Alemanha. Todos esses projetos viabilizam a implantação de novos ervais, trazendo mais matéria-prima para nossa cooperativa”, avalia.

Cruz Machado: capital da erva-mate sombreada

No fim de abril, a cidade de Cruz Machado, localizada na região centro-sul paranaense, ganhou o título nacional por produzir a erva-mate sombreada, que tem como característica o cultivo em meio a outras vegetações, incluindo a mata nativa. Cercada pelo verde, ela cresce à sombra, diferentemente das árvores plantadas em campos abertos. Além de contribuir para a preservação das matas, a erva, com sabor mais suave, é valorizada pelas indústrias. Em 2021, o município foi o principal produtor de erva-mate no Paraná: foram colhidas 115 mil toneladas, com valor bruto de produção de R$ 175,7 milhões.

Uma das propriedades que ajudou a impulsionar esses números em Cruz Machado foi a de Ademilson Zavadczki. O pequeno produtor cultivava a erva mate antes de comprar a chácara na cidade, há 14 anos. Hoje, cerca de seis hectares da propriedade são destinados a esse plantio. “Também plantamos milho, que serve de alimento para o gado e as ovelhas que criamos. Mas 60% da minha renda vem do cultivo de erva-mate”, conta. A maioria é sombreada, seguindo a premissa da cidade que virou capital desse tipo de cultura. “A cada 18 meses a gente faz a colheita; são 50 toneladas que vendemos para a ervateira local que envia para o Rio Grande do Sul”, explica o agricultor.

Paraná e Rio Grande do Sul: parceiros na comercialização da erva-mate

Metade da erva-mate produzida no Paraná é enviada ao Rio Grande do Sul, segundo Ferreira Pinto, técnico do IDR-PR. “Quando vai pra lá, é misturada com a colhida por eles e segue para o mercado internacional. Já exportamos para América do Norte, Europa e Oriente Médio. Agora a Ásia também passou a comprar nosso produto”, pontua.

O Rio Grande do Sul supera o Paraná na produção de erva-mate folha verde: o primeiro produziu 242 mil toneladas, enquanto o segundo alcançou 238 mil toneladas, segundo dados disponibilizados pelo IBGE, referentes a 2021. “Estimamos que o Rio Grande do Sul tenha em torno de 12 mil produtores da planta, mas, de acordo com o último censo agropecuário eram 7.242 estabelecimentos rurais com áreas dedicadas ao cultivo da erva-mate”, diz  Tiago Antonio Fick, analista Agropecuário e Florestal da Emater-RS.

Os dois estados também dividem a maior parte da área destinada ao cultivo de erva-mate: são 30.358 hectares no Paraná e 27.699 no Rio Grande do Sul. No Brasil todo são 72.106 hectares, ou seja: quase 80% da espécie está em solo paranaense e gaúcho. Outra questão levantada por Fick é referente ao aumento da produção em toneladas, embora tenha ocorrido diminuição das áreas dedicadas ao cultivo da erva.

“Esse crescimento pode ser creditado à aplicação de práticas modernas e adequadas no manejo de ervais. O Paraná se destaca nesse quesito, pois teve um crescimento de 60,48% da produção por hectare nos ervais instalados em seu território, enquanto o Rio Grande do Sul registrou um aumento de produtividade na ordem de 17,23%. Com a combinação de manejo adequado solo/planta e genética, há ainda espaço para avançar na produtividade da espécie”, avalia o técnico.

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