Entra em funcionamento na segunda-feira (10) no Paraná o Centro Estadual de Educação Profissional Florestal e Agrícola, primeira escola técnica do segmento no país, fruto de uma parceira entre o governo do estado, prefeitura de Ortigueira e a empresa Klabin. Com ensino profissionalizante, a escola vai ofertar três diferentes cursos: técnico em Operações Florestais, Manutenção de Máquinas Pesadas e Agronegócio. Há ainda duas modalidades: uma integral – junto com o ensino médio, para o curso Agronegócio – e outra subsequente – quando o aluno já concluiu o ensino médio, para os outros dois cursos, Operações Florestais, Manutenção de Máquinas Pesadas.
Os cursos foram concebidos com a colaboração da empresa, líder na produção de papéis para embalagens no país. Alguns funcionários, inclusive, participaram do processo seletivo e integram o quadro de 25 professores contratados.
Nesse primeiro semestre são 172 alunos matriculados em quatro turmas nos cursos de Operações Florestais e Agronegócio – 112 moradores locais e 60 em regime de internato, que possibilita o ingresso de estudantes de diferentes regiões do estado. Nesta primeira leva, 83% dos alunos são ortigueirenses. A escola, contudo, tem capacidade para 800 estudantes, sendo até metade no internato. A expansão, segundo a chefe do Núcleo Regional de Educação de Telêmaco Borba (responsável por Ortigueira), Sueli Aparecida Martins, será gradual.
"Começamos assim, com bastante segurança, para crescer com qualidade", afirmou ao relatar uma certa dificuldade ao contratar professores especializados para atuar no espaço. Ao fim do primeiro semestre, os professores de laboratórios vão passar por capacitação na Europa.
O projeto pedagógico é inspirado em modelos da Finlândia e da Suécia, com a profissionalização da escola técnica. "A empresa nos procurou [em 2017] com um projeto de uma escola diferente e fomos conhecer exemplos na Finlândia", lembra Sueli. Com máquinas específicas e importadas, a indústria de papel e celulose carece de profissionais "prontos" para operá-las. "Precisava de laboratórios compatíveis e com essas operações específicas. Os próprios donos de empresas [agroflorestais] se comprometeram a trocar as máquinas sempre que forem atualizadas, para que os alunos sempre aprendam nas novas, como acontece lá [na Finlândia]", explica Sueli.
Com vocação para o setor, a escola nasce com a perspectiva de preparar jovens a um mercado com alto potencial de crescimento e carente de profissionais qualificados. De acordo com dados do mercado, a chance dos alunos saírem empregados é alta, uma vez que a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) estima investimentos de R$ 32,9 bilhões até 2023 em projetos relacionados ao plantio de florestas, ampliação de fábricas e novas unidades que trabalham com matéria-prima florestal. Somente o Paraná, hoje, concentra 13% do total de florestas plantadas no país.
"A nova escola é um marco para o sistema educacional do Paraná e vai oferecer cursos que não existem hoje no país. Formará operadores de máquinas florestais e mecânicos de máquinas pesadas, profissões em que não há oferta de profissionais em todo o Brasil", comenta o diretor florestal da Klabin, José Totti.
Segundo a Secretaria da Educação e do Esporte, um novo próximo processo seletivo será realizado para o ano que vem. Terá vantagem o aluno que tiver ter cursado o ensino médio em escola pública e beneficiário de programas sociais. "O aluno de escola particular também vai poder participar, vai depender muito da nota média do seu histórico escolar. Só não terá pontuação a mais [como quem vier do ensino público]", explica Sueli. A chefe do NRE também informou que dependendo da contratação de novos professores, matrículas podem ser abertas já para o segundo semestre.
Para Operações Florestais e Manutenção de Máquinas Pesadas também será necessário ter 18 anos completos no ato da matrícula. Os cursos têm duração de um ano e meio a dois anos, dependendo do turno. Já o técnico em Agronegócio tem duração de três anos.
Apesar de voltada para o desenvolvimento da região, que concentra vários municípios com elevados índices de pobreza, a escola vai aceitar alunos de todo o Paraná e também de fora do estado.
Investimento de R$ 35 milhões
Antigo alojamento dos trabalhadores do Projeto Puma, a estrutura de 37,7 mil m² foi cedida pela Klabin à prefeitura e recebeu um aporte de R$ 12 milhões do estado para adequação do prédio e demais instalações. Já existiam anteriormente quartos, banheiros, salas de aula, cozinha industrial, refeitório, além de campo de futebol e área de lazer.
O aporte total da empresa é de cerca de R$ 23 milhões, somado o investimento inicial à época da construção, a implantação de laboratórios técnicos (de biologia, mecânica, solos e de corte e afiação), equipamentos para os cursos (tratores florestais articulados, simuladores, processadores e colheitadeiras motorizadas), além de projetos executivos para a adaptação dos prédios e uma futura biblioteca com amplo acervo bibliográfico.
A gestão do espaço, tanto na questão educacional como na de manutenção, além do custo com quadro de funcionários e materiais, ficará sob responsabilidade do estado.
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