A Associação das Escolas Particulares de Educação Infantil (Assepei), que no fim de abril apresentou à Câmara Municipal de Curitiba a proposta de reabertura gradual das atividades, alerta para o risco eminente de fechamento de dezenas de estabelecimentos, que pode atingir até 80% das suas associadas. Desde a suspensão do atendimento presencial no fim de março, como precaução à disseminação do coronavírus, a inadimplência gira em torno de 25%. Uma possível reabertura somente em agosto não é viável financeiramente, alerta a entidade.
“A data de agosto não é viável. Não temos condições de admitir isso, financeiramente não conseguimos esperar. Estamos falando de um período de fechamento em abril, maio, junho, julho. São 120 dias”, afirmou o presidente da Assepei, Newton Andrade da Silva Junior. Ele lamenta a demora para as conversas com o governo do Paraná e a prefeitura de Curitiba avançarem. “A gente gostaria de expor nossa situação e discutir um cronograma. Porque essa incerteza é o mais complicado, não dá para fazer planejamento algum. Mas é essa a grande dificuldade: chegar para os agentes públicos e mostrar o que estamos propondo. Não estamos cobrando nada deles, não estamos sendo irresponsáveis”, afirmou.
Segundo dados da Secretaria Estadual da Educação (Seed), cerca de 7 mil estudantes já foram transferidos da rede particular para a rede estadual no Paraná. A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que não há números referentes a transferências.
Nos dois casos, as redes públicas dizem que garantem matrícula aos interessados, mas a rede particular tem um papel grande na educação infantil: segundo a Sinopse da Educação Básica de 2019, Curitiba tem 66,9 mil crianças nessa etapa, sendo que 33 mil estão em estabelecimentos privados; desses, 16,3 mil em creches (0 a 3 anos) e outros 16,7 mil em pré-escolas (4 e 5 anos). “Se chegar a uma situação mais severa, como vai absorver isso? A rede particular tem um papel muito importante, é importante valorizar”, disse Andrade.
Cartilha
Na quinta-feira, a Assepei enviou ao presidente da Câmara Municipal, Sabino Picolo (DEM), uma cartilha com orientações sobre a Covid-19 e novas práticas para atendimento em escolas. O material foi feito em parceria com duas clínicas, uma de saúde ocupacional e outra de saúde infantil. “Não estamos falando de simplesmente reabrir. Queremos oferecer o serviço a quem necessita, as famílias que precisam trabalhar e estão tendo que recorrer a avós para cuidarem. Tenho pais que deixaram de pagar a escola porque precisaram contratar uma babá para ficar em casa, não tiveram outro jeito”, relatou Andrade. Ele, que é proprietário de uma escola no Cajuru, diz que vê situações que podem ser ainda mais prejudiciais à criança, como cuidadoras que ficam com várias crianças da vizinhança.
Ele defende a reabertura gradual até para ajuste das atividades escolares. “Precisamos entender quais dinâmicas serão necessárias. A gente não consegue atender como era antigamente, vou ter que manter distanciamento. Há escolas que já estão providenciando higienização das escolas; tapetes para limpeza de sapatos em três etapas; até cabines de limpeza”, observa. Ele diz que uma escola que normalmente atendia 50 alunos pode voltar a atender de 15 a 20. “Tenho casos de pais que dizem que não vão mandar para a escola, que entendem a importância de manter a escola viva, vão manter o pagamento de mensalidade, mas não preveem retornar tão cedo”, acrescenta.
A orientação da Secretaria Nacional do Consumidor e do Ministério Público do Paraná (MP-PR) é para que eventuais descontos de mensalidade sejam negociados caso a caso. O MP destaca que a criança não pode ser prejudicada. A matrícula é obrigatória a partir dos 4 anos.
Babás x desemprego
“Várias amigas professoras estão cuidando de crianças. Os pais não têm com quem deixar”, disse V.G., 22 anos, estudante do último ano de Pedagogia. Ela era estagiária em uma grande escola de Curitiba, mas perdeu o emprego nesta semana, depois de ter o salário reduzido em 50% em abril. “A escola está mantendo os professores regentes, que fazem as atividades para as crianças e dispensando as estagiárias, com promessa de chamar de novo, mas a gente não fica com muita esperança”, relatou à Gazeta do Povo.
V.G. também ofertou serviços de babá na sua página pessoal e em um grupo no Facebook na quarta-feira (13), e três pessoas interessadas negociavam com ela.
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