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Nas escolas internacionais, os estudantes encontram um ambiente de imersão em outro idioma, o que ajuda no aprendizado
Nas escolas internacionais, os estudantes encontram um ambiente de imersão em outro idioma, o que ajuda no aprendizado| Foto: Pixabay

O casal Ione e Marcel Cunico Bach acompanha de perto o desempenho da filha Beatriz na escola. As boas notas que a garota sempre teve, mais do que orgulhar os pais, acenderam um bom sinal de alerta. “Ela tinha muitas atividades extracurriculares, e mesmo assim tinha muita facilidade em todas elas. Mesmo se dedicando a outras atividades além da escola, ela sempre tinha notas excelentes, quase todas 10. Nós acreditávamos que ela tinha potencial para enfrentar desafios maiores”, explicou o curitibano.

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Esses desafios, disse o pai em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, poderiam ser encontrados em uma escola internacional – modelo educacional que é uma evolução das escolas bilíngues, que surgiram no Paraná ainda na década de 1990, e que prioriza o ensino de outro idioma por meio de um currículo reconhecido por instituições de outros países.

A ideia de colocar a filha em um desses colégios ganhou força após uma visita da família ao campus de uma universidade dos EUA. “Nossa reação foi ‘meu Deus do céu, isso é de outro mundo’. Era uma realidade muito diferente das universidades do Brasil. O campus era lindo, a biblioteca também, repleta de estudantes realmente estudando. Não tinha um lixo no chão, nada fora do lugar. Era realmente um cenário de outro mundo. E nós na hora pensamos ‘queremos que a nossa filha venha para cá’”, disse Ione.

A jovem participou de um processo seletivo, passou em primeiro lugar e garantiu uma bolsa de estudos para o Ensino Médio em uma escola internacional de Curitiba. A iniciativa já parece estar dando frutos: em outra seleção, ela foi uma entre cinco estudantes brasileiros a serem aprovados para a Universidade de Chicago – a única do Sul do país. Só não foi para terras americanas porque ainda não concluiu o Ensino Médio.

Para os pais, um sinal de que a mudança da escola regular para uma internacional valeu a pena. “A gente sabia que ela queria se desenvolver um pouco mais, mas não encontrava esse canal para que ela pudesse dar vazão a esse potencial. Agora, ela está realmente sendo desafiada e avaliada em todas as formas possíveis”, avaliou Marcel.

Aulas de inglês e em inglês

Para conseguir cursar uma faculdade nos Estados Unidos, a comunicação em inglês precisa ir além das conversas cotidianas, como explica o diretor da Positivo International School, Pedro Daniel Oliveira. Segundo ele, um dos diferenciais das escolas internacionais é que estas preparam os estudantes não só com o ensino de uma segunda língua.

“Uma escola internacional precisa deixar de lado o conceito de ensinar uma outra língua apenas pela língua, e sim pela ciência que essa língua vai explorar – quer seja uma ciência humana, exata ou experimental, artes ou áreas criativas. Se um aluno quer estudar nos Estados Unidos, por exemplo, vai ter que ter um domínio no inglês dentro da biologia, da matemática, da história, da química. Isso é definido pelas escolas quanto ao seu currículo, no qual devem constar não só as aulas de inglês, mas também as aulas em inglês”, explicou.

A escola mudou recentemente de nome após conquistar a certificação IB Continuum World School, da organização suíça Bacharelado Internacional (IB). A unidade, que antes se chamava Positivo Internacional, é a primeira escola da região Sul do Brasil e uma das três instituições no país com a certificação IB desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio.

Para o diretor, a certificação é resultado de um trabalho baseado em projetos “mão na massa”, em que o estudante ocupa um espaço de protagonismo no processo de ensino e aprendizagem. “Há uma célebre pergunta que os alunos costumam fazer, ‘por que eu estou aprendendo isso?’, ou ‘onde eu vou usar isso que eu estou aprendendo?’. O aluno não vai ter esse tipo de questionamento se estiver aprendendo uma habilidade ou uma competência. Eu posso até questionar o fato de ter que memorizar o nome de um rio ou de uma montanha. Agora, quando se trata de habilidades e competências, como saber pesquisar, saber escrever, ter pensamento crítico, trabalhar em equipe, isso o aluno não questiona. O aluno interioriza tudo isso e aplica diariamente no processo de ensino e aprendizagem”, ponderou.

Aprovações em universidades de destaque nos EUA

Este é também é o foco do trabalho na St. James International School, uma das pioneiras no ensino bilíngue. Instalada em 1997 em Londrina, a escola trabalha o ensino do inglês com o modelo chamado acquisition, como explica a diretora Márcia Yumi Kobayashi.

“A grande maioria das pessoas aprende um segundo idioma por meio de exposições esporádicas da língua, com uma preocupação muito grande com a tradução, o learning. Isso condiciona o cérebro do estudante a pensar traduzindo, pensa em português, traduz para o inglês, o que acaba dificultando o processo de fala desse segundo idioma. No processo de acquisition não damos tanta ênfase na tradução, e sim na assimilação do conceito da palavra. O aluno é exposto ao inglês, com toda sua complexidade, sem a tradução. A gramática fica dentro do contexto. O processo é semelhante ao do aprendizado da língua materna. Primeiro vem o ouvir, depois a compreensão, a fala e por fim a leitura e a escrita. Dessa forma, os estudantes aprendem a pensar em inglês”, definiu.

Os resultados obtidos pela escola são comemorados pela diretora. Em 2020 uma estudante foi aceita pelas universidades de Harvard, Columbia e Stanford – ela optou pela última. Em 2021, novamente um aluno da escola foi aceito pela Universidade de Harvard. E não só por ela, como detalhou a diretora.

“Foram outras duas da Ivy league, Stanford e Columbia. Fora essas, ele também foi aceito em em Chicago, Duke, Notre Dame, Georgetown, Northwestern, Rice, Berkeley, UCLA, South Florida e South California. Ele escolheu Harvard”, disse Kobayashi.

Foco também para quem quer ficar no Brasil

Apesar de ser este um dos principais objetivos de quem procura por uma escola internacional, há também aqueles que não têm pretensões de morar ou estudar fora do país. Jacielle Feltrin, Gerente de Educação e Negócios do Sistema Fiep, explica o que muitos pais querem ao matricularem os filhos no Colégio Sesi Internacional, que tem unidades bilíngues em Curitiba, Ponta Grossa e Londrina, além da unidade trilíngue de Foz do Iguaçu – onde além do inglês se trabalha também o espanhol.

“Os pais nos procuram, em sua maioria, com o objetivo de que os filhos desenvolvam um segundo idioma para que não haja mais barreiras nas escolhas profissionais que eles fizerem. O segundo idioma é sempre trabalhado como um aliado, e não uma barreira. Nem todo aluno nosso quer estudar fora, mas eles sabem que no cenário econômico atual um segundo, um terceiro idioma, são fundamentais, são ferramentas de trabalho. Um engenheiro, por exemplo, que queira morar aqui no Brasil e trabalhar aqui no Brasil não consegue se conectar ao mundo tendo no inglês uma barreira. Temos esses dois públicos aqui, aqueles que querem seguir uma carreira acadêmica fora do país, mas temos também aqueles que querem ter nesses idiomas ferramentas de trabalho mesmo dentro do Brasil”, disse a gerente.

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