No 12º andar de um prédio comercial localizado no Setor Bancário Norte funciona o Escritório de Representação do Paraná em Brasília. O imóvel amplo, com decoração de inspiração paranista – há peças de marchetaria ucraniana por todos os lados – foi comprado pelo governo do estado há mais de 40 anos. No orçamento de 2019, as despesas do Escritório estão orçadas em R$ 482 mil.
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Os 11 funcionários que lá trabalham dividem o espaço com cinco procuradores que acompanham as demandas judiciais que tramitam nas instâncias superiores envolvendo o Estado do Paraná.
Apesar de ter perdido o status de secretaria especial em 2012, a estrutura é um ponto de apoio importante para que o governo do Paraná estreite as relações com Brasília. As constantes idas do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) à capital federal deixam claro que há muitos interesses paranaenses no Planalto Central.
“O Escritório tem uma função de coordenação dos pleitos do estado em Brasília. Por exemplo, em projetos que o estado tem interesse e estão sendo analisados pelos ministérios. Aí o escritório atua nesse acompanhamento”, resume o governador.
Para comandar essa função o governo nomeou o advogado Rubens Bueno II, de 40 anos, filho do deputado federal Rubens Bueno (PPS). O PPS integrou a coligação Paraná Inovador, que elegeu Ratinho Junior para o governo.
Bueno, que está há pouco mais de um mês no cargo, já teve outras funções em Brasília. Ele foi assessor do ministro João Oreste Dalazem no Tribunal Superior do Trabalho. No primeiro mês em Brasília, ele conta ter batido em muitas portas. Já se encontrou com cerca de 20 dos 30 deputados federais e tem ido a embaixadas para apresentar dados do estado.
“Tenho conversado com embaixadores e adidos comerciais para apresentar o novo momento do estado e o plano de reestruturação da infraestrutura do estado, que tem foco em parcerias público-privadas”, explica. O governo tem dito repetidamente nas licitações de infraestrutura que quer fazer concorrências internacionais.
A conversa com embaixadores é o embrião de um projeto do governo a ser executado pelo Escritório de Representação. A ideia é fazer algo parecido com o Paraná Day, evento da consultoria XP Investimentos que reuniu diversos investidores e apresentou as oportunidades do estado. No plano de Bueno, algo similar será feito com representantes de outros países sediados em Brasília.
A estrutura do escritório também serve de apoio para secretários e prefeitos de municípios do Paraná que vão a Brasília. Bueno conta que acompanha representantes do estado em reuniões nos ministérios e depois fica responsável pelo acompanhamento das demandas que foram feitas ao governo federal.
Filho de deputado, Bueno faz questão de dizer que o trabalho no escritório é de caráter técnico e não se choca com a representação parlamentar. Para reforçar essa tese diz não ter – pelo menos por enquanto – pretensões eleitorais. “Eu nunca vou ultrapassar a representação parlamentar”, diz.
A representação do Paraná em Brasília é tradicionalmente comandada por políticos em entressafra eleitoral. Por lá já passaram, por exemplo, Eduardo Requião, Alceni Guerra, Luciano Pizzato – que quando morreu, em 2018, estava no exercício do cargo – e Paulo Martins, que agora foi eleito para a Câmara Federal.
Desde a morte de Pizzato, em março de 2018 o escritório estava sem comando. Durante a breve gestão de Cida Borghetti (PP) – que também já foi chefe do escritório –, o órgão funcionava sem um coordenador. Quem respondia pelos atos da estrutura era o secretário da Casa Civil, Dilceu Sperafico.
Desde 1979
A representação do Paraná em Brasília é vinculada à Casa Civil e foi instituída por uma resolução de 1979. O documento, posteriormente foi alterado por uma lei de 2012, pelo então chefe da Casa Civil no governo de Ney Braga, Luiz Alberto Gomes.
Em 2012, o escritório teve que ser fechado após uma recomendação do Tribunal de Contas do Paraná, que encontrou irregularidades na forma de financiamento do órgão. Na época, o escritório não tinha orçamento próprio e funcionava com doações de outras instituições estaduais, como a Copel, Sanepar, Detran e Cohapar.
A estrutura foi reaberta no mesmo ano, sem status de secretária, como órgão de assessoramento técnico vinculado à Casa Civil.
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