Com mais de 272 mil quilômetros de rodovias, Minas Gerais concentra a maior malha rodoviária do Brasil. Somadas, as estradas municipais, estaduais e federais localizadas no estado representam 16% de todas as rodovias existentes no país. E, de acordo com os números da mais recente Pesquisa CNT de Rodovias, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2022, a grande maioria dessas pistas está longe de apresentar um bom estado de conservação.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Segundo a pesquisa, 76,8% da malha rodoviária pavimentada avaliada em Minas Gerais apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. Este percentual é ainda maior quando se analisam apenas as rodovias estaduais fora das concessões à administradoras de pedágio. Nesta fatia da pesquisa, 97% das estradas foram avaliadas como regulares, ruins ou péssimas.
O levantamento da CNT traz ainda uma análise sobre os impactos provocados pela falta de conservação nas rodovias mineiras. Para os pesquisadores, a recuperação da malha rodoviária mineira teria um custo estimado em R$ 14,1 bilhões. A CNT também estimou os prejuízos causados pela deterioração das estradas. Do jeito que estão, as rodovias mineiras geram um aumento de 40,6% no custo operacional do transporte rodoviário. Em detalhes, o levantamento estima que em 2022 houve um consumo desnecessário de 170 milhões de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária no estado. Esse desperdício se reflete no caixa dos transportadores, que tiveram que arcar com R$ 775,73 milhões a mais em combustíveis, de acordo com a pesquisa.
Buscando alternativas e novos modelos de gestão das rodovias mineiras, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) está realizando ações de intercâmbio com outros estados brasileiros. E o Paraná foi o primeiro desses estados a receber a visita da direção do órgão mineiro, no começo de fevereiro. Em entrevista à Gazeta do Povo, Rodrigo Rodrigues Tavares, diretor-geral do DER-MG, avaliou positivamente a troca de experiências que teve com seus pares no Paraná.
Fim dos pedágios mudou forma de atuação do DER-PR
Tavares disse entender que o setor púbico está, em geral, em desvantagem em relação às concessionárias de pedágio, principalmente no setor que ele chamou de operação de rodovias. Porém, o fim dos contratos de pedágio acarretou mudanças na forma de gestão do DER do Paraná.
“Como houve essa devolução das concessões, o DER do Paraná se viu obrigado a prestar um serviço no mínimo parecido com o que vinha sendo feito pelas concessionárias. E a gestão conseguiu implementar serviços por parte do setor público que antes só eram prestados pelas concessionárias. Eu falo de serviço de guincho, que antes era quase que exclusivo em estrada com pedágio. Tem também o monitoramento das estradas baseado em um centro de operações, para poder acompanhar e dar uma resposta quase que em tempo real ao usuário. Isso é algo que os estados, em geral, não fazem”, avaliou.
O diretor-geral do DER do Paraná, Alexandre Castro Fernandes, concordou com o diretor mineiro. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele confirmou que a atitude de assumir a manutenção e a operação das rodovias antes pedagiadas foi a decisão correta a ser feita a partir do momento do fim dos contratos de concessão.
“Diante de uma situação crítica para o estado, nos posicionamos e tomamos a frente. Felizmente, pudemos mostrar competência e oferecer ao usuário um bom serviço de operação. A origem foi um fato ruim, as estradas ficaram sem manutenção da forma como os usuários estavam acostumados. Mas conseguimos contornar a situação e acertamos nas contratações que fizemos”, comentou.
Mineiros querem "importar" técnica de aplicação de concreto em rodovias
Uma das experiências que, segundo Fernandes, mais agradou a equipe do DER de Minas Gerais foi a aplicação da técnica chamada whitetopping da restauração do trecho da rodovia PRC-280, entre Palmas e General Carneiro, região sul do Paraná. O método consiste em preparar o asfalto da pista como base para a aplicação de uma camada de concreto. Além de garantir a segurança dos usuários da rodovia, a técnica representa um ganho em termos de durabilidade do pavimento.
“O pavimento rígido, de concreto, tem um custo por quilômetro um pouco maior, é verdade, mas a vida útil dele em comparação com o pavimento flexível, o asfalto, é muito superior. Uma obra nova feita com pavimento flexível geralmente é dimensionada com uma vida útil de 10 anos. O whitetopping, quando bem utilizado, garante o dobro de vida útil. Nós fizemos uma primeira experiência na PRC-280, e os resultados são promissores a ponto de o Governo do Paraná estar trabalhando na expansão do modelo para outras rodovias”, explicou.
Em Minas Gerais, o objetivo é replicar o modelo desde o início, com o edital de restauração em que a elaboração do projeto e a execução da obra são contratados de forma integrada. Assim, o DER-MG espera recuperar trechos de rodovias utilizados pelo setor de mineração, abundante no estado, em que o pavimento não atende o tráfego de veículos pesados.
“Essa visita foi muito boa porque nos ajudou a criar uma sinergia entre as partes. Da mesma forma como estamos esperando a visita da direção do DER do Paraná, estamos em contato com outros departamentos, como o da Bahia e o de São Paulo. Nosso objetivo é tentar entender o que os DER de outros estados têm feito de diferente, de novo, em relação ao nosso trabalho. Isso deve nos ajudar a criar práticas mais modernas de gestão”, ponderou Tavares.
Paraná deve receber representantes do DER do Rio de Janeiro
O diretor-geral do DER-PR aceitou o convite e confirmou à reportagem que uma comitiva do órgão será formada para visitar as estruturas administrativas e operacionais do órgão mineiro. Mas antes, disse Fernandes, o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná deve receber uma nova leva de visitantes, desta vez do Rio de Janeiro.
“O interesse partiu deles”, explicou. “Da mesma forma que os mineiros, os cariocas também estão acompanhando de perto o nosso trabalho. Isso é de extrema importância para o Paraná, pois eu acredito que essa troca de experiências vai enriquecer e aprimorar cada vez mais o nosso trabalho e a nossa forma de atender aos usuários das rodovias do nosso Estado”, concluiu o diretor-geral do DER do Paraná.
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná
Deixe sua opinião