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Fiagro
No Paraná, Fiagro será de R$ 350 milhões, enquanto em São Paulo o fundo contará com meio bilhão de reais.| Foto: Jaelson Lucas/Arquivo Agência de Notícias do Paraná

Os estados de Paraná e São Paulo formalizaram neste mês as duas primeiras iniciativas de um Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) regionalizado. No Paraná, o aporte inicial foi de R$ 150 milhões para um fundo total de R$ 350 milhões. Em São Paulo, que seguiu o modelo paranaense, o aporte inicial foi de R$ 50 milhões para um orçamento final de meio bilhão de reais.

O modelo de financiamento estatal por meio de um Fiagro é considerado inédito no país. A iniciativa é autorizada no país desde 2021, quando uma lei federal permitiu a captação de recursos de investidores para aplicação no desenvolvimento do setor agropecuário.

O Fiagro funciona como um fundo de investimento imobiliário, porém direcionado especificamente para o setor agropecuário. A medida permite que investidores adquiram cotas em fundos que possuíam como ativos imóveis rurais, como fazendas, sítios, terras e benfeitorias relacionadas. Dessa forma, o Fiagro possibilita a captação de recursos para financiar aquisição e exploração dessas propriedades, além de incentivar a modernização, a produtividade e a sustentabilidade da agricultura.

Há potencial para gerar R$ 2 bilhões em negócios no campo, de acordo com cálculo do governo do Paraná.

Para o governo paranaense, o Fiagro ofertado no estado funciona como uma alternativa às condições de financiamento do Plano Safra e de outros recursos destinados ao crédito rural. Na avaliação do governador Ratinho Junior (PSD), esses recursos têm se mostrado insuficientes para atender à demanda estadual e nacional.

“O agronegócio do Paraná tem uma grande qualidade: a industrialização. Esse é um caminho que o Brasil deve seguir. Com o Fiagro, que terá juros menores que o Plano Safra, vamos dar mais um grande salto”, aposta o governador.

No modelo paranaense, o Fiagro terá foco na promoção do crescimento econômico, com a segurança alimentar, preservação do meio ambiente e fortalecimento das comunidades rurais. O fundo pode ser usado também para sistemas de irrigação, expansão da produção, armazenagem, equipamentos e outras linhas. Ainda há a possibilidade de uso pela indústria que atende o setor, como tratores e outros maquinários agrícolas.

Fundo paranaense será gerido pela Suno Asset

O Fiagro do Paraná será gerido pela Suno Asset, escolhida por meio de uma chamada pública aberta pela Fomento Paraná no mês de julho. A gestora conta com mais de R$ 1,5 bilhão em negócios, com ao menos um terço deste total focado no agronegócio. A expectativa do governo do Paraná é que o fundo entre em operação em 2025.

Caberá à Fomento Paraná a função de cotista como o braço do estado na definição das políticas de aplicação de recursos do fundo. “O fundo é parte de um conjunto de iniciativas para aumentar a produtividade do agronegócio paranaense, que representa mais de um terço do PIB estadual, mas que cada vez mais exige investimentos em ciência, tecnologia e na infraestrutura”, afirma o diretor-presidente da Fomento Paraná, Vinícius Rocha.

Cumpridas as etapas iniciais de seleção da gestora e confirmação do aporte, o fundo passará por trâmites junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que possam ser elaborados o regulamento e a política de investimentos, assim como as diretrizes e as estratégias do Fiagro. Nas contas do Palácio Iguaçu, há potencial para gerar R$ 2 bilhões em negócios no campo.

Ocepar considera que fontes de financiamento voltadas ao agro são insuficientes

O analista da Gerência de Desenvolvimento Técnico (Getec) do Sistema Ocepar Salatiel Turra avalia como positiva a iniciativa do Paraná em ofertar uma linha estatal de financiamento para o agro como alternativa ao Plano Safra. Ele, assim como o governador, classificou como insuficientes as fontes atuais de financiamento, em especial para as cooperativas.

“Todo e qualquer outro fundo ou meio de trazer recursos financeiros para as cooperativas investirem no agronegócio é oportuno. O fundo Fiagro é uma fonte alternativa com juros acessíveis para as cooperativas atingirem esses recursos e fazerem investimentos em agroindustrialização, e tudo o que for possível para exportar seus produtos e agregar valor e trazer cada vez mais divisas para o nosso estado”, completou.

Fiagro de São Paulo será voltado para a agricultura de precisão, diz Tarcísio

Em São Paulo, o Fiagro será gerido pela Rio Bravo Investimentos. A ancoragem do estado será feita pela agência Desenvolve SP, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. Além de infraestrutura em irrigação e construção de silos, o recurso poderá ser utilizado para investimentos como placas de energia solar, sensores remotos, tecnologia de precisão, aquisição de drones e máquinas, além de operações de crédito.

A iniciativa promete que os produtores rurais paulistas consigam alavancar negócios, com a geração de desenvolvimento regional e incremento de renda e emprego no interior do estado com práticas sustentáveis. O fundo prevê investimento na logística do agro paulista, com montante destinado especificamente à infraestrutura de escoamento da produção.

“Nosso primeiro Fiagro é voltado para logística, agricultura de precisão e armazenagem. Começamos a utilizar o mercado de capitais para financiar o agronegócio, dando maior autonomia aos investimentos do setor”, reforçou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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