Barragem do Iraí: nível de água está muito baixo.| Foto: Geraldo Bubniak/AEN
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O Paraná vive sua pior estiagem em mais de duas décadas. Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), a baixa precipitação já dura mais de dez meses é a mais severa desde que o órgão começou a monitorar as condições do tempo, em 1997. Com isso, o abastecimento de água em Curitiba e Região Metropolitana vem sendo afetado desde março, quando a Sanepar iniciou rodízios periódicos, interrompendo o fornecimento por períodos de 24 horas.

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Os problemas causados pela estiagem surgem justamente em um momento dos mais delicados, em plena pandemia do novo coronavírus. Primeiro, porque um número maior de pessoas está em casa, cumprindo as orientações de isolamento social para tentar frear a disseminação do vírus e, por consequência, aumentando o consumo. E, segundo, porque a prevenção à Covid-19 exige hábitos de higiene que demandam o uso da água, como lavar as mãos com frequência e manter ambientes higienizados.

A situação é preocupante porque o mês de abril manteve a tendência de chuvas abaixo da média no Paraná. Foram poucos dias de precipitação, insuficientes para repor o volume dos reservatórios que abastecem o estado. E a previsão para os próximos dias não é das mais animadoras, já que, segundo o Simepar, o outono é marcado por uma diminuição natural da quantidade e frequência de chuvas. Diante desse cenário, é preciso que a população colabore usando a água de forma racional, mas sem se descuidar da prevenção ao coronavírus.

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Em entrevista recente à Gazeta do Povo, o gerente de produção de água da Sanepar, Fábio Basso, alertou que, além da falta de chuvas e da permanência das pessoas em casa, o “pânico” por higiene e limpeza pode ter sido um fator de aumento no consumo. “Precisamos lembrar que não há necessidade de lavar calçadas, carros e outras grandes áreas para evitar a doença. Vamos fazer um uso nobre da água, higienizando as mãos, alimentos e objetos pessoais”, afirmou.

A orientação da Sanepar é para que, nesse período, sejam priorizados os usos da água para o consumo humano, alimentação e higiene pessoal. A recomendação é reaproveitar a água do tanque e da máquina de lavar roupas, utilizando-a na limpeza, na rega de plantas, na lavagem de tapetes e no vaso sanitário, além de reduzir o tempo no chuveiro, fechar as torneiras ao lavar louça, escovar os dentes e fazer a barba. Outras atividades, como lavar carros, calçadas e regar jardins devem ser adiadas para quando passar o período de estiagem.

Higiene contra o coronavírus

Autoridades de saúde são unânimes em afirmar que, por enquanto, a melhor forma de se prevenir contra o coronavírus é manter o distanciamento social e lavar bem as mãos com frequência. Nesse último caso, também é possível evitar o desperdício com uma atitude simples: basta fechar a torneira enquanto ensaboa as mãos, o que evita que alguns litros de água sejam desperdiçados.

Para quem precisa sair de casa, seja para trabalhar ou realizar atividades essenciais na rua, a recomendação para evitar levar o vírus para o lar é que, ao chegar, tome banho e coloque as roupas para lavar. Nesses dois casos, também dá para economizar. Não é necessário se demorar embaixo do chuveiro: cinco minutos são suficientes para a higienização. Segundo a Sanepar, a cada cinco minutos de banho são consumidos cerca de 70 litros de água. Já no caso das roupas, o ideal é juntar o máximo possível de peças para lavar de uma vez só.

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Em relação aos ambientes internos, a limpeza é de extrema importância, visto que, segundo estudos, o vírus pode resistir até nove dias sobre as superfícies. “Mas ele pode ser facilmente inativado a partir de uma limpeza e desinfecção”, disse à Gazeta Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo com ela, apenas os banheiros devem ser limpos diariamente, enquanto a limpeza “profunda” pode ser feita uma vez por semana, evitando assim o uso de água em grandes quantidades. Varrer o piso todos os dias é suficiente para garantir um ambiente relativamente seguro.

Rodízio no abastecimento

Em março, a Sanepar iniciou em algumas regiões do Paraná um sistema de rodízio no abastecimento de água, por meio do qual a cada dia um conjunto de bairros tem o fornecimento suspenso por 24 horas, das 8 da manhã às 8 do dia seguinte. De acordo com a companhia, a medida é necessária em razão de que rios, poços, minas e córregos estão perdendo vazão, o que diminui significativamente o nível dos reservatórios. A Sanepar diz ainda que a equipe técnica avalia diariamente as condições desses reservatórios para definir se mantém ou não o rodízio.

Na semana passada, foi lançada pela empresa uma campanha em rede de tevê, rádios, portais de jornais e mídias sociais, chamando atenção para a escassez de chuvas e pedindo a colaboração no uso racional da água. Além das medidas de economia, a Sanepar recomenda também que os imóveis tenham caixa d´água com capacidade suficiente para abastecer cada família por pelo menos 24 horas, em caso de interrupção do fornecimento.

O Serviço de Atendimento ao Cliente Sanepar é feito pelo telefone 0800 200 0115, que funciona 24 horas. Ao ligar, é necessário que o cliente tenha em mãos a conta de água ou o número de sua matrícula. Pelo aplicativo para celular Sanepar Mobile o cliente pode atualizar o seu cadastro e se cadastrar para receber avisos de paradas no abastecimento e outras informações por SMS. Também é possível acompanhar informações sobre abastecimento na página da Sanepar na internet.

Chuvas abaixo da média

Nove das maiores cidades paranaenses, de quase todas as regiões do estado, tiveram chuvas bem abaixo da média histórica entre junho de 2019 e março de 2020. A redução média no conjunto desses municípios chegou a 33%. Em Curitiba, a média mensal de chuvas para março é, desde 1998, de 127 milímetros. Nesse ano, porém, choveu apenas 12 milímetros, menos de 10% da média. Em abril, o nível de precipitação até o início da semana estava 23% abaixo da média histórica para o mês.

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O Rio Miringuava, que abastece Curitiba e 12 cidades do entorno, perdeu 60% do volume de água. O nível médio das barragens do Iraí, Passaúna e Piraquara 1 e 2, do Sistema Abastecimento Integrado de Curitiba, está em 60%. O consumo de água na Região Metropolitana em março, por sua vez, foi 6,25% maior do que em março do ano passado. Isso equivale a um aumento médio de quase 47 milhões de litros de água tratada por dia, correspondente ao gasto diário de 300 mil pessoas.

Economize:

Confira algumas dicas de como usar água de maneira racional, evitando desperdício e garantindo economia:

  • No banho
    • Não demore no banho. Cinco minutos são suficientes para higienização do corpo e já consomem cerca de 70 litros de água
  • Lavando as mãos
    • Ao lavar as mãos, não deixe a torneira aberta o tempo todo. Deixe-a fechada enquanto ensaboa.
  • Escovando os dentes
    • Escove os dentes com a torneira fechada, abrindo-a apenas para enxaguar a escova. Vale a pena também usar um copo com água.
  • No banheiro
    • Diminua as descargas e evite usar por mais tempo que o necessário. Também evite usar o vaso sanitário como lixeira.
  • Lavando roupa
    • Evite lavar roupas em pequenas quantidades. Junte o máximo de peças para lavar de uma vez.
  • Fazendo a barba
    • Não faça a barba durante o banho, nem com a torneira aberta o tempo todo. Use a água somente para molhar e enxaguar o rosto.
  • Lavando louça
    • Quando lavar a louça, limpe ao máximo os restos de comida para gastar menos água durante a lavagem. Também evite deixar a torneira aberta, enxaguando a louça toda somente ao final.
  • Reaproveitando
    • Evite lavar carros e calçadas. No caso de pisos e calçadas, é possível reaproveitar a água da máquina de lavar roupas, que também pode ser usada para ensaboar tapetes, tênis e cobertores.
  • Sem vazamentos
    • Fique atento a possíveis vazamentos, torneiras pingando e descarga desregulada. Os vazamentos são os maiores ladrões de água.
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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