Os alunos da rede estadual de educação completaram sete meses sem aulas presenciais por causa da pandemia do coronavírus. Apesar da oferta de aulas pela televisão, celular e computador, a desmotivação para o ensino remoto vem crescendo e preocupando a Secretaria de Estado da Educação (Seed), que já registra um índice considerável de evasão. São alunos que deixaram de assistir as aulas online e de realizar as atividades propostas. No entanto, algumas escolas têm se destacado no esforço de manter um aproveitamento satisfatório no aplicativo Aula Paraná, usado para o ensino remoto no estado, mesmo tanto tempo depois do início das atividades virtuais. O contato permanente com os pais e a atenção especial aos alunos sem acesso à internet são as estratégias comuns destas escolas.
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No último bimestre, os 706 alunos das 27 turmas do Colégio Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffem, em Altônia, no Noroeste do estado, foram submetidos a 275,7 mil questões no Aula Paraná. Destas, 223,4 mil foram respondidas. Um índice de resposta de 81%, e um índice de acerto de 73% do total de questões formuladas. O aproveitamento, segundo o diretor da escola, Humberto Rodrigues da Mata Junior Junior, é semelhante ao do período de aulas presenciais. “Somos um colégio que tem por característica uma proximidade com a comunidade escolar via rede social, grupos de WhatsApp e reuniões presenciais. Com o hábito familiar de ter a proximidade via digital foi possível, rapidamente, entrar em contato com todos os pais e responsáveis para o acesso à plataforma e ao material impresso”, comenta o diretor.
Para ele, o bom dialogo com as famílias facilitou a cobrança, “aliado a isso uma boa equipe pedagógica, comprometida em solucionar as demandas e entrar em contato com famílias e alunos sempre que necessário e o trabalho de todos os profissionais da área administrativa, auxiliando direção e equipe pedagógica na busca permanente dos alunos permitiu este bom desemprenho”, disse o professor, que abriu a escola e permitiu que os alunos sem acesso à internet em casa assistissem às aulas on-line no laboratório de informática da instituição. “Assim que foi possível pela Resolução, trouxemos para ser atendido na instituição, com todos os protocolos sanitários sendo cumpridos, alunos que não tinham acesso a celular e computadores ou com dificuldades pedagógicas, podendo ter auxílio da equipe escolar”.
O índice de 81% de respostas, considerando um bom número de alunos que estão realizando 100% das atividades, no entanto, indica que, mesmo nas escolas que conseguiram uma adesão acima da média à Aula Paraná, há evasão. “Temos alguns alunos que evadiram, num percentual inferior ao de evasão e reprovação dos anos anteriores, mas, para minimizar isso temos buscado contato com as famílias e auxílio da rede de proteção. Até busca em casa (presencial) foi realizada”, relata o diretor, que diz estar preocupado, agora, com o renivelamento das turmas para a retomada do ensino presencial. “O nivelamento vai exigir uma ação coletiva de toda a escola, já abordamos o tema em reunião e conselho de classe, e estamos alinhados em quando for possível retornar, trabalhar de forma planejada com ações de contraturno e a utilização de monitoria por alunos que apresentarem melhor nível de aprendizado”.
Também se destacaram entre as escolas com maior adesão dos alunos às atividades propostas no ensino remoto a Escola Estadual Santa Terezinha de Santo Antônio da Platina (Norte do estado), com 187,8 mil questões respondidas de 232,2 propostas (81% de resposta e 81% de acerto), e o Colégio Estadual Dario Vellozo, de Toledo (região Oeste) com 79% de questões respondidas e 76% de índice de acerto.
“É resultado do empenho da equipe. Quando temos uma excelente equipe, o trabalho flui. Todo mundo aderiu e os alunos responderam muito bem. A equipe toda deu muito apoio para os professores se adaptarem a esse novo modelo. Fomos atrás dos alunos que não estavam participando, procuramos os pais. Fizemos um grupo para cada uma das mais de 30 turmas, dividimos as pedagogas por um número determinado de turmas e o resultado foi muito expressivo", conta o diretor da escola, Euclides Jair Freese. "Trouxemos para a escola os alunos com dificuldade de estudar em casa. Até sorteio de chocolate para incentivar a participação nós realizamos. Sabemos que não é essa a condição ideal, mas nos adaptamos da melhor forma possível para ter o menor impacto possível. Perto do que passamos esse ano, avalio que conseguimos um resultado positivo”, conclui.
Professores acima da média
Outro indicador que tem feito a diferença no aproveitamento dos alunos durante o período de aulas remotas é a dedicação dos professores. Além das aulas em vídeo exibidas na televisão e dos conteúdos acessíveis pelo celular ou computador (ou distribuídos em material impresso) o sistema de ensino remoto do estado também se propõe a oferecer videoaulas com interação entre os professores e seus alunos do período regular. As aulas virtuais pelos próprios professores têm durado, em média, 43 minutos durante o período de ensino remoto na rede estadual. Mas, no Colégio Estadual Pacaembu, de Cascavel, no Colégio Estadual Dona Branca do Nascimento Miranda, de Curitiba e no Instituto de Educação Estadual de Maringá, as aulas têm se prolongado. Em média um aluno destas três escolas fica 66 minutos em contato direto com seu professor.
"Além das aulas normais, estamos promovendo aulões e uma série de palestras, inclusive com convidados. Em setembro, por exemplo, tivemos palestras sobre o caminho do lixo, a importância da água, o setembro amarelo (prevenção ao suicídio), narra a diretora da escola Dona Branba do Nascimento Miranda, Sandra Costa Ulsan Lourenço.
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