Por unanimidade, a Câmara de Vereadores de Apucarana, no Paraná, acatou, nesta segunda-feira (21), denúncia por quebra de decoro parlamentar contra o vereador Antônio Garcia (União Brasil), por crime de xenofobia. Durante a discussão de uma proposta para conceder o título de utilidade pública à Associação dos Municípios do Vale do Ivaí Turismo, Toninho, como é mais conhecido, disse que “no Nordeste o pessoal não gosta de trabalhar”.
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Segundo Garcia, ele quis valorizar o turismo de Apucarana e tentou contextualizar que não é preciso ir sempre ao Nordeste nas férias. Seria necessário, porém, desenvolver o segmento local e, portanto, a proposta de utilidade pública se fazia importante. Ao final, Toninho não conseguiu convencer os pares de sua intenção.
“No Nordeste o pessoal não gosta muito de trabalhar, uma parte lá, não todos. Não vamos abranger todos, não. Mas daí tem o turismo do Nordeste, as águas do Nordeste. E agora vai acontecer o contrário, vão vir para o turismo de Apucarana”, disse ele na sessão parlamentar.
Após ser repreendido, entretanto, o vereador tentou se explicar. “Para quem sabe ler, um pingo é letra, eu não discrimino pessoas do Nordeste, eu só dei um exemplo que muitas pessoas saem daqui e vão fazer turismo lá”.
Denúncia foi apresentada por filho de nordestina
A denúncia foi apresentada pelo vereador Moisés Tavares (Cidadania), filho de nordestinos, que se mostrou contrariado com a declaração e afirmou que a fala do colega se enquadra no artigo 79 do Regimento Interno da Casa, que abrange a conduta dos vereadores.
“Como filho de uma nordestina, sei da luta e do trabalho da minha mãe e de todas as outras que vêm do Nordeste. É preciso que haja uma punição para que esse tipo de situação não seja normalizado e não se repita. Não apenas entre agentes públicos, mas também com a população”, reiterou.
Moisés acrescenta, ainda, que cumpriu seu dever como vereador ao fazer a denúncia. De acordo com o parlamentar, caso não fizesse, cometeria crime de prevaricação, além de estender a fala desrespeitosa a milhares de nordestinos que residem em Apucarana e em todo o estado paranaense.
“O pedido de comissão processante é totalmente necessário diante da gravidade das declarações e por atingir milhares de nordestinos que vivem e se dedicam ao Paraná”, completou.
Comissão Processante para apurar falas sobre nordestinos é formada em Apucarana
O colegiado será formado pelos vereadores Marcos da Vila (PSD), Franciley Poim (PSD) e Tiago de Lima (MDB). A avaliação pode resultar, inclusive, na cassação do mandato de Toninho Garcia.
Contados a partir de segunda-feira – data em que foi aprovada a abertura da investigação -, a comissão tem cinco dias para iniciar os trabalhos e 90 dias para apresentar o relatório final. Caso o pedido seja aberto, o assunto será decidido em votação no plenário da Câmara de Vereadores de Apucarana.
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