A Universidade Estadual de Londrina (UEL) deve começar a realizar, dentro do laboratório de biologia molecular do Hospital Universitário (HU), os testes para diagnóstico do coronavírus. Atualmente, todas as prefeituras do Paraná precisam enviar as amostras colhidas para serem examinadas no Laboratório Central do Estado (Lacen), em Curitiba, o que faz com que os resultados levem de cinco a sete, ou mesmo até dez dias para chegarem às cidades do interior.
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Apesar de ser um passo importante para agilizar os diagnósticos, a novidade ainda não tem prazo certo para entrar em vigor. Isso porque o HU já tem equipamentos, licenças e pessoal qualificado para realizar cerca de 200 testes por dia, mas não possui os reagentes químicos necessários para obter os resultados.
“Atualmente, há falta no mercado de kits para extração do material genético do vírus, mas esse nós temos. O que nos falta é o kit para fazer a segunda etapa, que é a reação”, explica o vice-reitor da UEL, Décio Sabbatini, que é pesquisador do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas da instituição.
Um pedido foi feito à Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) para que cedesse alguns kits com o reagente. A Sesa sinalizou positivamente, mas não deu prazo para que seja feito o envio. “Vemos com bons olhos a disponibilização dos laboratórios das Universidades, mas trabalhamos com insumos contados”, afirmou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
Segundo o secretário, o estado recebeu, do Ministério da Saúde, 4.500 kits para detecção do coronavírus. De acordo com o último boletim divulgado pela Sesa nesta quarta-feira (1º), 3.683 exames já foram usados pelo Lacen em exames que deram negativo. Entre os casos confirmados, que somam 229, o boletim conta o conjunto entre exames realizados pela rede pública e a particular.
De acordo com Sabbatini, para agilizar o início dos exames, a universidade está reunindo recursos próprios e atuando em parceria com a sociedade civil e a Prefeitura de Londrina para adquirir os kits. “O que temos da Sesa é uma promessa de que, tão logo o estado adquira novos kits para o exame, repasse alguns”, afirma Sabbatini.
Ainda segundo o vice-reitor, pela estimativa dada pelos fornecedores particulares do reagente para o exame, o laboratório deverá estar pronto para iniciar os diagnósticos em 10 ou 15 dias.
Sobrecarga
A descentralização dos exames feitos pela rede pública pode agilizar os diagnósticos do novo vírus tanto no interior como na região da capital. Atualmente, o Lacen realiza cerca de 600 exames para Covid-19 por dia. As amostras chegam de todo o Paraná, e aeronaves da Casa Militar auxiliam diariamente no transporte entre as cidades do interior e o laboratório.
Uma vez no laboratório, as amostras podem levar até 72 horas, segundo o Lacen, para serem examinadas e validadas, por conta da fila do atendimento. Mas mesmo com o transporte aéreo e o reforço de funcionários anunciado pelo laboratório (de 60 para 74 pessoas trabalhando nos testes), cidades distantes, como Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, têm esperado cerca de 5 dias para poderem acessar o resultado no sistema eletrônico, segundo a prefeitura do município.
Além disso, o Lacen não trabalha exclusivamente com o diagnóstico do coronavírus. Testes para dengue e sarampo, que estão em surto no Paraná, entre outras enfermidades, também passam diariamente por lá, o que sobrecarrega o fluxo de atendimento.
Para o secretário estadual da saúde, o momento de crise pode servir para abrir o diálogo com as instituições de ensino para que ajudem também nesses exames.
Outras instituições
De acordo com o governo do estado, junto com a Universidade Estadual de Londrina, as de Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), do Centro-Oeste (Unicentro) e do Oeste do Paraná (Unioeste) teriam, juntas, capacidade para realizar 700 testes por dia. Algumas delas ainda dependem de certificações e do credenciamento junto ao Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (Sislab) para começarem a realizar os exames.
A reportagem da Gazeta do Povo não conseguiu o contato com as demais universidades, que estão com atendimento limitado por conta da suspensão das aulas em virtude da epidemia.
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