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Dois adolescentes foram mortos no Colégio Estadual Helena Kolody, na cidade de Cambé (PR), em junho de 2023.
Dois adolescentes foram mortos no Colégio Estadual Helena Kolody, na cidade de Cambé (PR), em junho de 2023.| Foto: Arquivo/Filipe Barbosa/EFE

Eles completariam 18 e 19 anos no último mês de outubro, mas morreram após serem baleados por um ex-aluno do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, em 19 de junho de 2023. Luan Augusto e Karoline Verri Alves tornaram-se ícones para a juventude católica em todo o Brasil. Agora, as famílias das vítimas pedem indenização pelo ocorrido dentro da unidade escolar e pretendem utilizar o valor para a criação de um projeto social para jovens, adolescentes e crianças.

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A ação na justiça reivindica uma indenização de R$ 1.969.587,19 ao governo do Paraná, ao argumentar que o poder público “tem o dever de zelar pela integridade física e moral” dos estudantes nos estabelecimentos escolares. O documento evidencia ainda a obrigatoriedade da presença de funcionários e de segurança nos ambientes escolares. As famílias das vítimas alertam para o que consideram como um esfriamento da discussão sobre o tema.

Dilson Antônio Alves, pai de Karoline, diz que não se pode medir a dor da perda com quantias financeiras. “Os valores não são significantes, comparados à ausência, que causa uma dor imensurável. Situações como essa não podem voltar a acontecer”, afirmou.

Caso recebam a indenização, as famílias querem iniciar um projeto em memória dos filhos. “Queremos investir na proteção aos menores. Temos um sonho de fundar uma escola com valores cristãos. Visitamos alguns colégios confessionais e amamos essa possibilidade. Podemos fazer essa indenização voltar à população com essa iniciativa”, disse o pai de Karoline.

Os familiares se manifestaram publicamente sobre o perdão aos envolvidos na morte dos jovens e entendem que o processo é mais uma etapa da perda. “A gente sabe que pode demorar mais de 10 anos. Nada justifica o que aconteceu. Nós demos o perdão aos assassinos. Os envolvidos vão responder pelo que fizeram, mas o Estado precisa arcar com sua responsabilidade. Houve mudança na segurança, mas o assunto não pode cair no esquecimento. Esse valor foi um cálculo feito pelo escritório de advocacia, com base no que nossos filhos viriam a produzir vivendo até os 77 anos, idade média do brasileiro”, explicou Alves.

A mãe de Karoline, Keller Verri Alves, planeja iniciar a produção de um livro para registrar a trajetória da vida cristã da filha, com a colaboração do escritor e colunista da Gazeta do Povo Paulo Briguet. “Eu relutei em aceitar entrar com o processo, mas fui entendendo que assim como temos nossas obrigações com o Estado, o Estado tem a obrigação conosco. Eu me assustei com o valor, mas depois entendi que isso vai levar para frente o projeto da Karol, de ajudar as pessoas. Penso que assim, esse grande mal pode ser revertido em algo muito bom”, afirmou a mãe da jovem.

Os dois jovens eram membros ativos de um grupo de oração da Renovação Carismática Católica. Devotos continuam deixando recados em uma conta conjunta nas redes sociais e no túmulo de Karoline. Ela e Luan eram namorados e estavam juntos no pátio do colégio estadual Helena Kolody, quando um jovem de 21 anos invadiu o estabelecimento, atirando. Em depoimento à polícia, o rapaz disse que escolheu as vítimas de forma aleatória. Ele teria disparado 16 vezes. Os dois jovens foram atingidos na cabeça.

Karoline morreu no local. Luan foi socorrido e levado para o Hospital Universitário de Londrina (HU), cidade próxima a Cambé, mas morreu na madrugada do dia seguinte. O assassino foi contido por um homem que correu ao local assim que ouviu os tiros.

O atirador foi preso em flagrante e encontrado morto na cela, dois dias após o crime. Outras cinco pessoas foram presas, suspeitas de envolvimento no crime. Em nota, a Secretaria de Estado da informou que o estado do Paraná "é sensível à dor dos familiares de Karoline e Luan". O governo do Paraná ainda não foi notificado sobre a ação, informa a pasta.

MP pede que envolvidos em mortes no colégio de Cambé sejam levados a júri popular

A justiça determinou, no último dia 18, que a defesa de três réus envolvidos no ataque contra os dois jovens no colégio estadual Helena Kolody, de Cambé, apresentem as alegações finais no processo. O Ministério Público (MP) pediu que os envolvidos sejam levados a júri popular.

Os suspeitos respondem por incentivar o ataque em mensagens nas redes sociais e por duplo homicídio qualificado. Um dos réus é de Rolândia (PR) e tinha encontros frequentes com o atirador. Os outros dois são do ABC Paulista e de Pernambuco.

A pena pode chegar a 30 anos de prisão. O processo tramita sob segredo de justiça.

Cronologia do caso ocorrido no Colégio Estadual Helena Kolody

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