Os partidos Progressistas e União Brasil seguem em conversas para a formação de uma federação, que nas palavras do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, teria potencial para ser “o maior partido do Brasil”. Caso se concretize, a junção entre os dois partidos colocaria lado a lado dois antigos desafetos políticos, pelo Paraná: o ex-juiz da Lava Jato e senador pelo Paraná, Sergio Moro, e o ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados e atual secretário do governador Ratinho Junior (PSD), Ricardo Barros.
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No passado, Barros não poupou críticas a Moro e o seu pacote anticrime, apresentado quando o ex-juiz era ministro de Bolsonaro. “Não é um juiz que vai dizer como tem que ser a lei no Brasil, é o Congresso que tem que dizer como vai ser a legislação”, disparou o representante do PP, em 2020.
Durante a campanha para as Eleições 2022, Barros confirmou que pretendia impugnar a candidatura de Moro por conta de divergências quanto ao domicílio eleitoral do ex-juiz. “Ele sendo uma pessoa do mundo jurídico e sabendo que não pode concorrer, talvez não queira forçar a situação”, disse o deputado do PP, em julho do ano passado.
Ato contínuo, Moro rebateu as alegações de Barros divulgando certidões que davam por correta sua situação eleitoral. “Em relação à declaração do Deputado Federal Ricardo Barros, do PP, surpreende que alguém com tantos anos de política, experimentado nas questões jurídicas, já que não são poucas as demandas que responde ou respondeu na Justiça, faça uma ilação tão irresponsável sobre a minha condição de elegibilidade sem sequer consultar minhas certidões junto à Justiça Eleitoral”, respondeu.
Moro e Barros podem protagonizar embate em disputa pelo Governo do Paraná
Unidos na Federação, ambos podem protagonizar um embate numa provável disputa pelo Governo do Paraná, em 2026. Antes de confirmar a posição como candidato ao Senado, no ano passado, Moro não descartou entrar na corrida pelo Palácio Iguaçu ao dizer que poderia “ouvir a população” antes de tomar sua decisão final. Apesar de nunca ter admitido preferência pelo cargo no Executivo, Moro teve, entre seus aliados, a construção de um pré-projeto de governo.
Barros, por sua vez, levou para Londrina, no interior do Paraná, a convenção estadual do PP. No evento prévio às Eleições de 2022, o líder do partido disse que a escolha foi uma forma de reconhecimento para com o prefeito Marcelo Belinati - outro nome que pode se concretizar como postulante ao cargo do Executivo paranaense daqui a três anos. “Para homenagear o prefeito Belinati, que é do Progressistas, é do nosso partido, tem uma aprovação altíssima e mostra a força do nosso partido, governando a segunda maior cidade do Paraná”, disse Barros, à época. Tal reconhecimento pode, também, colocar Belinati em uma posição de possível candidato apoiado por Barros para suceder Ratinho Junior (PSD) no Governo do Paraná.
Procurados pela Gazeta do Povo, tanto Sergio Moro quanto Ricardo Barros disseram, por meio de suas assessorias de imprensa, que não iriam comentar a formação da Federação entre os dois partidos, por enquanto, nem os impactos trazidos por ela para o cenário político paranaense.
Presidente do União Brasil no Paraná acredita em consenso para Federação PP-União
Para o presidente do União Brasil no Paraná, deputado federal Felipe Francischini, uma Federação com o PP não deve gerar grande resistência no cenário político estadual. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele disse acreditar que um consenso entre as duas agremiações deve surgir durante as discussões prévias às disputas municipais, previstas para 2024.
“Os estados serão consultados, e aqui no Paraná creio que não haveria grandes problemas. Todos os deputados do PP são amigos nossos. Os quadros do PP e do União Brasil no Paraná têm uma visão parecida. São quadros de centro-direita, de oposição ao governo federal, então acredito que [a Federação] não seria algo muito difícil", respondeu.
Mas, Francischini reconheceu que, nos municípios, há "um pouquinho de ‘bate-cabeça’" e que teria que se criar critérios para a divisão das candidaturas entre os partidos. "Não creio que haja um grande empecilho, de forma geral. A primeira eleição que teremos pela frente será a municipal, então é onde podem ocorrer essas discussões. Mas acredito, sim, em uma decisão nacional que vai gerar uma arrumação nos estados. E aí então será possível ver como vão ficar as coisas”, concluiu.
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