Depois de a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep/Senar) confirmar a saída do G7 - grupo que reúne os principais representantes do setor produtivo e empresarial do estado -, a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar) confirmou que está repensando a permanência no colegiado.
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Datado de julho, o documento da Faep enfatizando a saída do bloco ganhou repercussão nesta semana. “Naquilo que nos une, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná continuará solidária e dará o melhor do seu esforço na busca de solução. No entanto, por existirem pautas e decisões sem afinidades, que podem causar constrangimentos entre nós e as demais entidades do grupo, decidimos nos retirar do G7 para focar apenas nos interesses dos produtores rurais”, considerou o presidente do órgão, Ágide Meneguette, no posicionamento.
A decisão expõe um racha no núcleo que representa o setor produtivo paranaense. Nesta terça-feira, o presidente da Fetranspar, Sérgio Malucelli, disse que também analisa se vai permanecer no espaço representativo. A decisão deve vir a público até o início de 2024. “Ou todas as entidades se mantêm unidas em torno de interesses comuns ou essa entidade segue seu caminho”, afirmou ele à reportagem da Gazeta do Povo.
Malucelli lembrou que o transporte rodoviário de cargas é responsável pela movimentação de 67% de toda a produção paranaense. “O avião não chega na farmácia, o navio não chega no supermercado e o trem não consegue chegar nas fazendas. Portanto, a continuar dessa forma, também vamos nos preocupar somente com o transporte”, completou.
A crise interna envolvendo o G7 teria como um dos pivôs as ingerências frequentes do governo Ratinho Junior (PSD) nas pautas defendidas como grupo.
Na segunda-feira (27), ao comentar o pedido de saída da Faep do coletivo, o coordenador do G7, presidente da Federação das Associações Comerciais e Industrias do Paraná (Faciap), Fernando Moraes, argumentou que não se pode pedir para sair de algo que oficialmente não existe. Com quase duas décadas de existência, o G7 não tem uma ata de criação, não conta com estatuto próprio e, apesar de existir de fato, não está constituído de direito.
Esses movimentos acontecem na semana em que uma comitiva do setor produtivo teria agendas na Agência Nacional de Transportes Terrestres ANTT) e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em Brasília, para pedir explicações sobre a continuação do processo de concessão de rodovias e sobre a conservação das estradas até que as concessionárias assumam. Esses encontros foram cancelados.
O grupo que reúne o setor produtivo disse que o cancelamento da agenda se deu por um remanejamento no plano de ação. “Estamos realizando um diagnóstico detalhado dos problemas e compilando provas para submeter ao Dnit (sobre as condições das rodovias no estado)”.
Extraoficialmente, a reportagem da Gazeta do Povo apurou que o cancelamento ocorreu depois que o governo estadual interveio. Sem confirmar ou negar a informação, o Estado comentou que se “a reunião era entre o G7 e o governo federal, são as partes que precisam responder” e que o “Estado não era parte da reunião”.
“Não estou sendo oposição do governo, mas defensor do sistema produtivo. O presidente da Agricultura (Faep) deve tomar a decisão que ele desejar, ele tem todo o direito. Vamos ver no futuro se a gente resolve o desconforto com a agricultura. Se não, que cada um toque sua vida e a Fetranspar não participa do 'G6'”, completou Malucelli.
O presidente da Fetranspar pretende sugerir uma reunião do grupo com o secretário de Estado da Indústria e Comércio, Ricardo Barros, e com o vice-governador, Darci Piana, que é membro do G7 pela Fecomércio, para o início de 2024. A tentativa é de apaziguar desentendimentos e buscar a Faep de volta. Malucelli lembrou ainda que há pelo menos dois anos não há reuniões do grupo com o governador e que seria importante essa aproximação para “promoção de crescimento e desenvolvimento ao estado”.
“O governo precisa entender que não raras as vezes o G7 defende interesses dos segmentos, isso não quer dizer que o grupo ou as entidades sejam contra o Estado”, destacou ele, ao avaliar que as fissuras no G7 são prejudiciais ao próprio governo e à economia do Paraná. “Afinal, é o setor produtivo que gera emprego e renda”, reiterou.
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