Carlos Walter Martins Pedro, candidato à presidência da Fiep.| Foto: Divulgação

O setor industrial, que reúne 50 mil empresas e 765 mil empregos diretos, está em meio a um processo eleitoral. A escolha do comando da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) para os próximos quatro anos acontece das 12 às 18 horas do dia 14 de agosto. Ao menos 96 sindicatos estão habilitados para a eleição. Um representante de cada entidade tem direito a voto. Duas chapas estão concorrendo.

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Em disputa estão os rumos do setor, assim como um orçamento anual na casa de R$ 826 milhões (sendo R$ 438 milhões do Sesi e R$ 339 milhões do Senai). A Gazeta do Povo entrevistou os candidatos a presidente.

Abaixo, você confere a conversa com Carlos Walter Martins Pedro, que encabeça a chapa Foco na indústria Fiep para os sindicatos. Ele tem uma empresa de bombas hidráulicas, a ZM Bombas, com atuação tanto no mercado nacional como para a exportação. É também presidente do Sindimetal de Maringá. Assista aqui a trechos da entrevista.

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Leia também a entrevista com José Eugênio Gizzi, outro candidato à presidência da Fiep

Gazeta do Povo – A recente assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia representa aumento nas potencialidades, mas também nos perigos para a indústria paranaense. Como a Fiep pode atuar para um cenário mais positivo?
Carlos Walter – Nós temos inúmeras indústrias europeias com plantas industriais no Brasil. E agora temos a possibilidade de abertura de mercado. Devemos estar nos preparando, junto com o governo. Defendo essa abertura, pois teremos competitividade. Não dá para depender de regras de proteção. Devemos agir para tornar mais equânime a competição, diminuir as restrições para as indústrias. Temos uma condição do crédito voltando. Nesse cenário, a defesa não é para a proteção por normas e impostos, a defesa é pelo aumento da produtividade e competitividade.

De que forma uma entidade como a Fiep pode atuar para garantir a competitividade da indústria, tendo em vista que alguns fatores, como a questão tributária, podem até ser influenciados, mas dependem exclusivamente de decisões de governo?
Nós temos uma linha de entidades representativas da nossa indústria e essas entidades têm que ser atuantes na defesa constante dos interesses para que nós tenhamos essa evolução da competitividade na adequação dos custos de produção.

Atualmente o senhor é vice-presidente na Fiep, com o apoio da atual diretoria, como candidato de situação. O que o senhor responde para quem questiona o continuísmo no comando da entidade?
Temos 96 sindicatos aptos a essa eleição e cada chapa tem 52 nomes ou 54 cargos [dois nomes podem se repetir por serem cargos de representação]. Nós não temos sindicatos suficientes para preencher duas chapas concorrentes então nós temos nomes sobrepostos. Quando temos duas chapas, ambas saem da mesma diretoria. Vejo com muita tranquilidade o apoio do atual presidente [Edson Campagnolo] e de grande parte também da nossa diretoria, o que não significa continuísmo. A administração da Fiep é um sistema presidencialista, que coordena as ações e aprova na diretoria e no conselho de representantes. O fato de eu ter o apoio do atual presidente não significa continuidade, significa uma aceitação de que houve evolução nesses anos de mandato.

O senhor acredita que o setor industrial, em função da importância, recebe a atenção devida do governo do Paraná?
Creio que sim, dentro da possibilidade. Quando se fala em competitividade, no chamado Custo Brasil, lá fora tudo é mais barato. Até no nosso vizinho Paraguai. Com relação aos nossos custos, o estado tem uma ação direta sobre ICMS, mas a composição do custo é muito de ação nacional. Então, eu não posso, de forma nenhuma, culpar o governo do estado por não estar dando atenção a essas questões porque também não depende dele. A indústria talvez sofreu um pouco mais porque tem um processo de agregação de valor maior. Mas isso acontece no comércio e na agricultura também, então eu seria injusto em culpar de alguma forma uma falta de atenção do governo do estado.

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A cobrança de investimentos em infraestrutura sempre foi uma das pautas dentro da Fiep. Como pretende encaminhar essa questão e qual seria o investimento governamental mais urgente?
O investimento na infraestrutura é um dos componentes das nossas dificuldades na agregação de custos a mais nos nossos produtos. Nosso transporte é caro e deficiente, por causa das rodovias e da falta de uma malha ferroviária para baratear o sistema. A questão de investimento em infraestrutura é uma forma de indução do governo, tanto federal quanto estadual. É primordial para que nós tenhamos uma situação de competitividade dos nossos produtos. Em 2021 vencem nossas concessões das rodovias. É um processo muito importante, pois temos que melhorar a condição das vias e principalmente baratear os custos do pedágio. Esse é um grande projeto que agora vai ser conduzido pelo governo federal. Nós devemos nos unir para que tenhamos o melhor investimento com menor custo possível.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende ficar com recursos do Sistema S [Sesi e Senai]. Caso a proposta se concretize, como pretende lidar com a redução orçamentária?
Esse é um desafio muito grande, mas é justamente o que nos proporciona a oportunidade de buscar sustentabilidade pelo serviço prestado. O foco da nossa gestão, tendo corte ou não, é a sustentabilidade e a agregação do valor dessas casas para indústria. Afinal, elas existem para isso, com a sua missão específica. O que nós vamos fazer é justamente buscar essa sustentabilidade porque um dia nós não teremos esses recursos disponíveis e teremos que buscar, é uma evolução. Eu diria que o grande salto que nós teremos é agregar mais valor nas casas prestando mais serviços para a indústria.

A Fiep tem uma agenda legislativa e acompanha a questão de propositura de leis. Como o senhor imagina esse trabalho no seu mandato?
Tanto com relação aos nossos deputados da Assembleia e também da nossa bancada Federal, devemos ter uma ação constante, com isonomia e apartidarismo.

Uma das principais polêmicas envolvendo o setor industrial no estado é a falta de transparência do programa Paraná Competitivo. O que é possível fazer nessa área?
O programa é muito bom e necessário. Quanto à transparência, deve ser inerente que toda ação seja pública. Tem os casos de atração de novos investimentos de fora do estado, que é importante, mas às vezes pode gerar uma competição injusta com quem está aqui e não tem esses benefícios que o outro que está investindo recebeu. Mas eu acho que a questão da desoneração dos custos é muito maior. A essência do programa é a agregação de empresas que não tenham concorrência no estado de produtos.

Está em discussão a flexibilização de 11 normas regulamentadoras, conhecidas como NRs. Como impactaria a indústria do Paraná?
A Fiep agiu nisto com a CNI. Nós tivemos uma posição em relação às NRs, como a questão do menor aprendiz a da pessoa com deficiência física, que têm os seus direitos preservados. Mas tem as NRs que causam custos muito grandes para a indústria, de uma forma antiprodutiva. A pessoa compra uma máquina do Japão ou da Alemanha e não está habilitada aqui no Brasil, mas está no mundo todo. Defendemos a segurança do trabalhador, mas com base em normas mais lógicas.

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Veja alguns trechos da entrevista:

Proposta e a indústria paranaense

"Evolução, não continuísmo"

Senai

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