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Fábrica da Renault no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.
Fábrica da Renault no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.| Foto: Divulgação / Renault

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) divulgou, nesta quarta-feira (22), uma carta aberta na qual apresenta questionamentos em relação à concessão de benefícios fiscais a montadoras de veículos fora das regiões Sul e Sudeste do país. A medida, proposta pelos senadores durante a Reforma Tributária, acaba com a isonomia tributária para as empresas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e de acordo com a Fiep tem potencial para destruir a cadeia automotiva paranaense.

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O principal ponto questionado pela Fiep é a concessão de incentivos fiscais de crédito presumido dentro da nova Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) – novo imposto que substituirá PIS e COFINS – feita de forma exclusiva para montadoras instaladas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Válida até o fim de 2032, essa concessão de benefícios deve provocar uma renúncia fiscal estimada em mais de R$ 6 bilhões ao ano.

Edson Vasconcelos, presidente da entidade, reconhece a importância da Reforma Tributária como “fundamental para a retomada do desenvolvimento econômico e industrial do nosso país”. Mas da forma como o texto foi construído pelos senadores, alerta, pontos presentes em outra proposta de emenda à Constituição em 2019, como a simplificação do sistema tributário e a isonomia tributária estariam sendo contrariados.

Para evitar o que chamou de “distorções e privilégios” tributários baseados na localização geográfica das indústrias automotivas, responsáveis por 20% do PIB nacional, a Fiep pede que o trecho das concessões de benefícios seja retirado da Reforma Tributária durante a nova tramitação do texto pela Câmara dos Deputados.

Confira a carta na íntegra

Posicionamento da Federação das Indústrias do Estado do Paraná sobre a aprovação da concessão de incentivos fiscais para as indústrias do setor automotivo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

A Reforma Tributária é um pleito do setor produtivo brasileiro, especialmente industrial, pois é fundamental para a retomada do desenvolvimento econômico e industrial do nosso país. A PEC 45/2019 em trâmite no Congresso Nacional, aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado Federal, caminha nesse sentido, pelo menos em parte.

Os pontos centrais da Reforma Tributária, que visam acabar com entraves e distorções que há décadas sufocam a economia brasileira, são a isonomia tributária entre diferentes setores, a simplificação do sistema tributário e o fim da guerra fiscal.

De forma absolutamente contrária a estes princípios, o Senado Federal aprovou o artigo 19 do texto votado naquela casa e incluiu a concessão de incentivos fiscais de crédito presumido da nova contribuição sobre bens e serviços (CBS) até 31 de dezembro de 2032, exclusivamente para as montadoras de veículos localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, resultando em renúncia fiscal de R$ 6 bilhões (seis bilhões de reais) ao ano.

A indústria automotiva brasileira é responsável por 20% do PIB do país, com parques industriais modernos, mão de obra e engenharia qualificadas, centros de desenvolvimento e design avançados, localizados em nove estados brasileiros, multiplicando seus impactos em diversos setores da economia.

Porém, a medida aprovada pelo Senado Federal, caso não seja revogada pela Câmara dos Deputados, tem o potencial de destruir toda a cadeia automotiva localizada nas regiões Sul e Sudeste, já que as indústrias localizadas nessas regiões não terão isonomia tributária para competir e atrair investimentos em razão da concessão unilateral de incentivos fiscais para aquelas instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Portanto, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP conclama que a Câmara dos Deputados impeça a aprovação da distorção criada pelo Senado Federal, de modo a garantir que o texto final da Reforma Tributária a ser aprovado pelo Congresso Nacional atinja minimamente os seus objetivos de isonomia tributária entre empresas de um mesmo segmento econômico, sem distorções e privilégios em razão da localização geográfica, evitando assim a desindustrialização e a perda de capacidade de investimentos do setor automotivo nas regiões Sul e Sudeste.

EDSON JOSÉ DE VASCONCELOS

Presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná

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