Desde o início da pandemia do coronavírus, em 11 de março de 2020, até a última terça-feira, 23 de março de 2021, quase 2 mil pessoas morreram no Paraná enquanto estavam na fila por leitos de Covid-19. Foram ao menos 1.925 pessoas que estavam sendo atendidas em Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) ou em hospitais de pequeno porte, mas tinham seus nomes na fila de espera para leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ou clínicos, mais adequados para seus casos.
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“Ressaltamos que nenhum destes pacientes estava desassistido ou em casa. O cancelamento de pedido de transferência por óbito não significa que o paciente estava sem atendimento, visto que o atendimento nestas unidades de pronto atendimento e hospitais pequenos é semelhante ao que receberiam em leitos exclusivos”, registrou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), ao informar os números à Gazeta do Povo.
O número de pessoas pode ser maior, já que a reportagem não obteve o levantamento completo da Central de Leitos Metropolitana de Curitiba (CLIC).
De acordo com a Sesa, pela Central de Acesso à Regulação Estadual (CARE), foram registrados 578 óbitos de março a dezembro de 2020 e mais 1.110 mortes somente no ano de 2021, de janeiro a 23 de março. Mas a central estadual não inclui a fila da capital e de 28 cidades da região metropolitana, que é organizada pela CLIC, ligada à Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.
Um levantamento parcial feito pela Sesa aponta que, na CLIC, foram duas mortes em março de 2020 e mais 235 óbitos em março de 2021 (entre os dias 1º e 23). A pasta estadual não tinha dados sobre os demais meses. A Gazeta do Povo procurou a secretaria da capital e ainda aguarda um retorno.
Fila explodiu entre fevereiro e março
O mês de março de 2021 foi o mais crítico da pandemia em relação à fila de espera no Paraná por leitos exclusivos para atendimento de pacientes com sintomas da Covid-19. Até agora, o recorde foi registrado em 16 de março último, quando a fila de pacientes chegou a 1.357, somando CLIC e CARE. Naquela data, eram 872 pessoas aguardando na fila da central estadual (457 por leitos de UTI e 415 por leitos clínicos) e 485 pessoas esperando na fila da central curitibana (184 por leitos de UTI e 301 por leitos clínicos).
Entre os dias 8 e 20 de março, a fila em todo o Paraná se manteve acima de 1.000 pessoas. Foi somente no último domingo (21) que ela começou a cair, mas se mantendo ainda em patamares altos, chegando a 923 pessoas nesta quinta-feira (25). A busca pelo sistema de saúde público no Paraná cresceu de forma veloz desde o mês passado. Em 1º de fevereiro, a fila tinha 54 pessoas; em 15 de fevereiro, saltou para 102; em 5 de março, a fila já estava com 858 pessoas.
E a fila cresceu mesmo com a abertura de novos leitos. Nesta quinta-feira (25), a Sesa informou que, somente nos últimos 25 dias, já foram abertos 1.353 leitos em todo Paraná, sendo 418 UTIs e 935 clínicos. Ainda assim, nesta quinta-feira (25), a taxa de ocupação é de 95% para UTIs e 82% para clínicos. De acordo com a Sesa, a taxa de ocupação não é 100% apenas por conta da chamada “reserva técnica”, que são as vagas que ficam disponíveis para pessoas que já estão internadas em leitos clínicos e podem ter seus quadros agravados ou para pacientes que já ocupam uma UTI e apresentam melhora, podendo migrar para um leito clínico.
Curitiba: SUS e rede privada
Em Curitiba, o sistema de saúde público entrou em colapso no último dia 18, quando a Secretaria Municipal de Saúde informou que não havia mais nenhum leito livre para pacientes com Covid-19. Desde então, a situação permanece crítica em relação aos leitos de UTI: nesta quinta-feira (25), a taxa de ocupação dos 513 leitos de UTI do SUS exclusivos para Covid-19 está em 101%. Já a taxa de ocupação dos 874 leitos clínicos está em 93%, com 57 leitos livres.
A ocupação de leitos para pacientes com Covid-19 dentro do sistema particular em Curitiba também chegou ao limite, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde. A pasta informou que a rede hospitalar privada disponibilizou 311 leitos de UTI e 447 leitos clínicos exclusivos para Covid-19 e que a taxa de ocupação também está em 100%. Os dados são de terça-feira (23).
Pelo decreto 544/2021, assinado pelo prefeito Rafael Greca (DEM) no último dia 10, os hospitais da rede privada devem informar diariamente os dados de ocupação dos leitos para a Secretaria Municipal da Saúde. A pasta disse à Gazeta do Povo que os hospitais têm cumprido com a determinação, mas as informações em detalhes sobre a rede privada não foram disponibilizadas à reportagem.
Nos boletins diários da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) há apenas o número de internações de pessoas com sintomas da Covid-19 na rede privada em todo o Paraná, sem divisão por município e sem taxa de ocupação. Nesta quinta-feira (25), boletim da Sesa apontava 760 pacientes abrigados na rede privada em todo Paraná com suspeita ou confirmação de Covid-19: 329 ocupando leitos de UTI e 431 em leitos clínicos.
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