Com o desafio de garantir a sustentabilidade econômica, o hospital filantrópico Erasto Gaertner (HEG) precisou inovar no decorrer de seus 50 anos para alcançar equilíbrio entre o apoio financeiro recebido da sociedade por meio de doações e o empreendedorismo dentro do próprio hospital.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Para isso, além de fortalecer o marketing social, o HEG investe desde 1972 na formação de oncologistas e fundou uma fábrica de equipamentos médicos para suprir demandas internas. A instituição também desenvolve inúmeras pesquisas, investe em tecnologia e tem ampliado sua rede de atendimento com a inauguração do Hospital Infantil Erastinho, em Curitiba, e das unidades de tratamento adulto nas cidades de Irati (PR), Paranaguá (PR) e Joinville (SC), entre 2017 e 2020.
O resultado? Completou seu quinquagésimo aniversário nesta quinta-feira (8) como referência no tratamento oncológico em todo o Brasil e esperança de cura para milhares de pacientes que não possuem condições financeiras para enfrentar o câncer por meio de um plano de saúde ou atendimento particular. “É a democratização do acesso ao tratamento oncológico”, afirma o superintendente do hospital, Adriano Lago, ao informar que 80% dos pacientes do Erasto são provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com isso, grande parte das despesas e investimentos do hospital precisam ser custeadas por parcerias com a sociedade civil, empresas e governo, atendimentos a convênios e particulares, e com a estabilidade financeira de frentes operacionais como o Instituto de Bioengenharia Erasto Gaertner (IBEG).
Fundado em 1985, o instituto desenvolve diversos instrumentos médicos utilizados no dia a dia do hospital e que são comercializados dentro e fora do país. “Inclusive, é o único fabricante no Brasil de cateter totalmente implantável em 100% titânio”, informa o superintendente. “Atividade que traz rendimento e, consequentemente, colabora com a manutenção e investimentos no HEG”, completa.
Desenvolvimento focado em pessoas
E um dos principais investimentos na história do hospital está voltado à capacitação profissional dos médicos. “Isso fez toda a diferença para que o sonho do fundador Erasto Gertner, que estava muito à frente de seu tempo, se tornasse realidade”, afirma o cirurgião oncológico Sérgio Bruno Hatschbach.
Atuante no hospital desde a fundação, em 1972, Dr. Sérgio acompanhou de perto o processo de fundação e desenvolvimento da instituição e viu a primeira equipe, composta por 10 médicos, se multiplicar ano a ano até chegar aos 430 que atendem hoje. “Nós só tínhamos um cirurgião oncológico no Paraná e pouquíssimos no Brasil, então fizemos do Hospital Erasto Gaertner uma escola para médicos oncologistas”, relata o especialista em mastologia.
Segundo ele, foi criado um centro de estudos dentro da instituição recém-inaugurada, e os estudantes de medicina eram convidados para receber aulas específicas de oncologia. “Tudo para estimular o desejo para trabalharem nessa área”, conta Hatschbach, que viu muitos desses alunos se tornarem médicos efetivos do hospital. “E hoje todos que atuam aqui têm título de especialista”, comemora.
Desenvolvimento focado em tecnologia no Erasto Gaertner
No entanto, Dr. Sérgio explica que não adiantava formar excelentes profissionais sem modernizar o atendimento prestado por eles. Por isso, além de ensinar a prática oncológica, o hospital também se dedicou à pesquisa e à implantação de novas tecnologias no decorrer dos anos.
“A diferença que vemos entre o tratamento oferecido naquela época e o que temos hoje é brutal”, garante, ao citar, por exemplo, o aparelho de radioterapia utilizado em seus primeiros anos de atuação: a bomba de cobalto, que dirigia a radiação para uma extensa área do corpo do paciente na tentativa de combater o câncer. “Hoje temos aceleradores com capacidade de radiação bem localizada e que traz menos efeitos para órgãos vizinhos”, afirma.
Além disso, os diagnósticos eram tardios e a cirurgia altamente invasiva era uma das poucas opções para livrar o paciente da doença. Com o tempo, no entanto, foi possível antecipar esse diangóstico e reduzir as mutilações. “Inclusive, com apoio de equipes de cirurgia plástica”, relata o médico, ao garantir que o índice de óbitos também diminuiu significativamente. “Afinal, passamos a tratar o câncer bem mais cedo e com tratamentos de qualidade”.
Ainda de acordo com ele, o hospital investiu em novas opções de quimioterapia e hormonioterapia, e foi o primeiro do Paraná e de Santa Catarina a oferecer um Sistema Cirúrgico Robótico para a realização de cirurgias minimamente invasivas e sem tremores.
O HEG também foi o primeiro credenciado do sul do país em terapia gênica Car-T Cell, que custa cerca de R$ 2 milhões e extrai o sangue do paciente para modificá-lo geneticamente, “ensinando” esse sangue a reconhecer o câncer e a destruí-lo. “Tecnologia que sequer imaginávamos lá em 1972”, compara o cirurgião.
Parcerias que dão certo
Para disponibilizar tratamentos como esses para pacientes do SUS, o Erasto Gaertner conta com parcerias com empresas, como a Volkswagen do Brasil e também com o Governo do Paraná, que já patrocinaram outras ações do HEG. Entre as principais estão a construção da unidade de cuidados paliativos do hospital, do Centro de Hematologia e Transplante de Medula Óssea e a implantação do projeto “Hospital Digital”.
Além disso, a instituição recebe mensalmente apoio da sociedade civil por meio de doações e da destinação de parte do imposto de pessoas físicas e jurídicas via incentivo fiscal. “Ações que, somadas, fazem com que tenhamos sustentabilidade financeira e possamos buscar novas metas”, informa Adriano Lago, ao garantir que a principal é aumentar a taxa de cura.
“A cada 100 pacientes tratados conosco, 70 saem curados depois de cinco anos de acompanhamento”, informa o superintendente, que espera melhorar esse número nos próximos anos com o uso de novas tecnologias, medicamentos e diagnósticos ainda mais precoces. Informações a respeito do hospital e sobre como contribuir podem ser obtidas pelo telefone 0800 643 4888.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná
Deixe sua opinião