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Acácia Nasr
Acácia Nasr, coordenadora de Epidemiologia do governo do Paraná.| Foto: AEN

Na curta nota em que informou, na última terça-feira (14), o encerramento, sem renovação, da quarentena restritiva em 134 municípios do estado, o governo do Paraná justificou que a decisão foi embasada em orientação da vigilância epidemiológica. Nesta quarta-feira, a coordenadora de Epidemiologia da Secretaria de Estado da Saúde, Acácia Nasr, explicou a orientação e avaliou o decreto. A médica disse que o decreto trouxe resultados importantes para a desaceleração do crescimento de casos e óbitos por Covid-19 no estado, mas, repetindo o que disse o secretário da Saúde Beto Preto, lamentou a baixa adesão às medidas restritivas, que incentivavam o isolamento social.

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“Nosso isolamento social não passou dos 40%. Em uma pandemia que se dá pela transmissão entre pessoas e que, sem vacina ou remédio, o isolamento é a única medida preventiva, esse índice é muito baixo. Precisamos trabalhar para aumentar o comprometimento da população. Não adianta tomarmos medidas extremamente restritivas se não houver adesão da população para o isolamento social, reduzindo a transmissão de pessoa para pessoa”, comentou.

A epidemiologista, no entanto, destacou números positivos que já foram observados como consequência do decreto. “Sempre lembrando que os efeitos do que fazemos hoje são vistos 14 a 21 dias depois, já podemos constatar que o número de casos novos cresceu bem menos do que vinha subindo nas semanas anteriores. A Região Oeste teve queda de 21% no número de novos casos. Houve queda no número de óbitos em Londrina e Cornélio Procópio, mas nós seguimos na ascendência da curva de casos no Paraná”, disse.

Nasr citou que nem o número recorde de mortes (57) registrados na terça-feira desanimou. “Das mortes noticiadas ontem, apenas duas ocorreram, de fato, ontem. Essas mortes se distribuem por outras datas e, quando a gente calcula a média móvel pela data dos óbitos e não pela data em que eles foram divulgados, dá uma diferença”, diz, apontando que depois de crescer 31% na semana epidemiológica 26 e 31% na 27ª, o número de casos subiu 8% na última semana. Os óbitos, que vinham crescendo em 21% e 26%, cresceram 10%. “O que corrobora a eficácia da medida no momento de aceleração do número de casos. Conseguimos reduzir a velocidade de transmissão do vírus. Como ele é transmitido de pessoa para pessoa, só com o distanciamento social conseguimos isso”, disse.

Para a epidemiologista, o decreto cumpriu seu papel: “Nosso objetivo com o decreto era diminuir a circulação de pessoas, gerenciar melhor os insumos e medicamentos e garantir o acesso aos leitos de UTI para todos os doentes agudos. Mas o efeito do decreto depende do comportamento em relação ao distanciamento social e do pensamento coletivo. O término da vigência deste decreto não pode ser confundido com o controle ou a cura da doença, porque o relaxamento no comportamento das pessoas leva ao aumento do número de casos e de óbitos, sendo necessário medidas restritivas”, diz, salientando que, com ou sem quarentena, “não vai ter aglomeração se as pessoas se conscientizarem que elas têm que ficar em casa porque essa é a única maneira dela se proteger e proteger os outros desta doença que não tem vacina e nem medicação específica”.

Acácia Nasr revelou que mesmo em regiões em que as prefeituras não colocaram o decreto em prática, houve impacto significativo das medidas. “Teve diminuição de 35% nos casos novos na regional de Cascavel, 17% em Toledo, 22% em Foz do Iguaçu e 25% em Cianorte. Tivemos, ainda, redução de óbitos em 29% em Londrina e em 50% em Cornélio Procópio. Teve avanço sim e era o objetivo do decreto, que tinha essa vigência de 14 dias. Agora vamos elaborar novas estratégias. Vamos implantar o rastreamento de contatos, aumentando o número de testes para mapear e isolar os casos positivos”, afirmou. “É um trabalho que precisa ser em conjunto. Só a Secretaria da Saúde não é capaz de reverter esse quadro. Depende de cada paranaense, depende dos municípios. Mesmo que a gente tenha diminuído o crescimento dos casos novos, não é possível prever que isso seja uma tendência. Precisamos trabalhar muito para melhorar a adesão da população”, concluiu.

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