Implementada no último dia 1º, em sete regionais de saúde (atingindo 134 municípios) do estado para tentar aumentar o isolamento social e reduzir a curva de contágio do novo coronavírus nas regiões mais críticas do estado, a quarentena restritiva de 14 dias decretada pelo governo do Paraná chegou ao fim nesta terça-feira (14) ainda sem dados conclusivos quanto a sua efetividade.
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O índice de isolamento social pouco mudou nas maiores cidades atingidas pelo decreto, e a curva diária de novos casos não diminuiu. No entanto, como o viés era de crescimento exponencial na última semana de junho, a taxa de retransmissão do vírus diminuiu significativamente, o que indica que, se não conseguiu diminuir o número de novos casos, o estado ao menos evitou que esse número crescesse ainda mais. Mesmo assim, o Paraná registrou, nesta terça-feira, seu recorde diário de mortes pela Covid-19: (57).
O estado teve, em 1º de julho, quando entrou em quarentena, 1.342 novos casos de Covid-19 confirmados. Nesta terça-feira, foram 1.775 novos casos. A média, nos 14 dias de quarentena, foi de 1.589 casos por dia. O número de mortes também cresceu. Em 30 de junho (antes da quarentena), o estado havia registrado seu recorde diário de óbitos até então, com 36 mortes. No período de quarentena, esse recorde foi quebrado três vezes: 44 em 2 de julho; 47 em 10 de julho; e 57 nesta terça-feira. A média de mortes diárias nos 14 dias foi de 35.
Em Curitiba, a média de novos casos diários ficou em 392 no período da quarentena, ligeiramente abaixo dos 404 casos registrados no dia 30, antes do decreto. O número de mortes, no entanto, segue crescendo. A média diária foi de 9 mortes durante esses 14 dias, culminando com as 20 registradas nesta terça-feira, o recorde da cidade.
A taxa de retransmissão do vírus no estado, no entanto, teve considerável melhora. Depois de chegar a 1.63 em 16 de junho, no monitoramento da Universidade Federal do Paraná, o que indica que 10 casos ativos estavam contaminando mais 16 pessoas saudáveis, o índice chegou a 1,25 na última segunda-feira. O índice acima de 1, no entanto, indica que o número de novos casos segue crescendo.
“Assim como o efeito positivo das medidas e da redução da circulação de pessoas começa a fazer efeito depois de duas semanas no número de casos e, até quatro semanas para óbitos, o mesmo vale para o contrário. O fim da quarentena, agora, vai nos dar reflexos negativos a partir do final do mês. Nas próximas duas semanas ainda teremos redução na aceleração da curva por conta da diminuição da circulação de pessoas no período da quarentena. Acredito que chegaremos ao Rt bem próximo de 1 nos próximos dias, mas, depois, poderá voltar a crescer”, comenta o epidemiologista Bernardo Montesanti Machado de Almeida, que participa do estudo.
Índice de isolamento indica baixa adesão
Mesmo com o comércio e os serviços não essenciais fechados e a restrição de horários para praticamente todas as atividades, os moradores das sete cidades polo das regionais de saúde afetadas pelo decreto não aumentaram seu isolamento social como esperado pela Secretaria de Estado da Saúde. “Tudo o que fazemos é prevendo um isolamento social acima de 50%. Precisamos contar com a colaboração da população”, declarou o secretário Beto Preto, ao justificar o decreto. O índice de 50%, no entanto, só foi alcançado nas grandes cidades aos domingos, quando, tradicionalmente, tal marca já vinha sido superada.
Levantamento da In Loco Inteligência de Dados, com base no monitoramento da utilização de aparelhos celulares, mostra que em 30 de junho o isolamento social no Paraná era de 39,1%. Em 13 de julho, mesmo com mais da metade da população sob quarentena, o isolamento foi de 39,4%. Curitiba, que registrava 42% de isolamento antes do decreto, teve exatamente a mesma média nos dias úteis da quarentena. O mesmo aconteceu com Cianorte, Cascavel Cornélio Procópio e Londrina – as quatro cidades com média de isolamento inferior a 40%. Toledo chegou a registrar queda no isolamento social, já que o município vinha de um decreto municipal de fechamento do comércio. Apenas Foz do Iguaçu se aproximou dos 50% de isolamento, atingindo 48% no dia 8.
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