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Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, é motivo de preocupação  da prefeitura de Foz do Iguaçu na pandemia.
Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, é motivo de preocupação da prefeitura de Foz do Iguaçu na pandemia.| Foto: Divulgação/DNIT

O novo avanço da pandemia do coronavírus no Paraguai preocupa mais uma vez o sistema de saúde de Foz do Iguaçu. Em reunião remota segunda-feira (14) do ministro da Saúde Marcelo Queiroga com prefeitos de cidades com aeroportos internacionais, o prefeito Chico Brasileiro (PSD) solicitou urgência de adoção de barreiras sanitárias na fronteira mais movimentada do Brasil. O prefeito também solicitou reforço no envio de vacinas da Covid-19, já que o município do Oeste do Paraná sofre grande impacto no sistema de saúde com o atendimento de pessoas que moram do outro lado da fronteira - sejam paraguaios ou brasileiros que moram lá.

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"Estamos com 100% dos leitos ocupados. Já aumentamos em 700% nossa capacidade de criação de leitos. Não há mais profissionais, não tem para onde expandir o sistema de saúde”, enfatizou Chico Brasileiro na reunião com o ministro da Saúde. Como vice-presidente da Frente Nacional das Prefeituras (FNP), o prefeito de Foz estendeu o pedido de barreira sanitária a todos os municípios brasileiros com fronteira com outros países.

A preocupação do prefeito é de que, com o quadro cada vez mais crítico da pandemia não só no Paraguai, mas também na Argentina, as novas variantes do coronavírus, em especial a cepa indiana, tenham na fronteira com Foz do Iguaçu acesso livre. Queiroga afirmou que a instalação de barreiras nas fronteiras depende não só do Ministério da Saúde, mas também de avaliação da Casa Civil e dos ministérios da Justiça e Infraestrutura.

O Paraguai enfrenta neste momento o período mais crítico desde o início da pandemia de coronavírus em março de 2020. Tanto que o governo do país vizinho acredita que nesta semana chegará ao nível 4 de transmissão, com alerta máximo das autoridades de saúde, conforme os padrões da vigilância sanitária de lá. Semana passada, o ministro da Saúde do Paraguai, Julio Borba, confirmou ajuda do governo brasileiro no fornecimento de oxigênio hospitalar para os hospitais do país não colapsarem. "Estamos em um pico histórico. O mais preocupante é que as infecções estão tomando conta de todo o território nacional", avaliou no último sábado (12) o diretor de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde do Paraguai, Guillermo Sequera.

O impacto dos moradores do Paraguai no sistema de saúde de Foz na pandemia é tanto no atendimento médico quanto na campanha de vacinação da Covid-19, com cada dia mais gente do país vindo se vacinar na cidade paranaense. "Não podemos negar atendimento aos milhares de brasileiros que vivem no Paraguai e vem se vacinar aqui. Gostaríamos que o Ministério da Saúde incorporasse os dados dos consulados brasileiros nos países vizinhos para que essa população seja enxergada e as vacinas sejam ampliadas para os municípios de fronteira”, pediu Chico Brasileiro ao ministro. Em abril, o governo do Mato Grosso do Sul já havia solicitado reforço de 30% no envio das doses à região de Ponta Porã, também na fronteira com o Paraguai.

O Hospital Municipal de Foz do Iguaçu está com todos os leitos de Covid-19 lotados - são 70 de UTI, 67 de enfermaria, além de 14 pacientes internados no pronto-socorro respiratório. Uma das duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade foi revertida para atender apenas casos graves de coronavírus e está com todos os nove leitos também ocupados.

"Quanto pior a situação lá no Paraguai, maior o impacto aqui", confirma o diretor do Hospital Municipal, Sérgio Fabriz. Ele lembra a explosão de casos no mês de outubro, quando a Ponte da Amizade foi reaberta, permitindo o trânsito nos dois lados da fronteira mais movimentada do Brasil. "A partir da abertura da ponte, nossos casos aumentaram muito", afirma.

Brasiguaios

De acordo com Fabriz, 35% dos pacientes com Covid-19 atendidos no hospital municipal de Foz do Iguaçu não conseguem comprovar residência no município no seu próprio nome. O que leva a crer que a maior parte desse montante é de pacientes que vivem no outro lado da fronteira - sejam paraguaios de fato ou brasileiros que moram no país vizinho, os chamados brasiguaios.

Já no sistema municipal de saúde como um todo, são 429 mil cartões SUS cadastrados em Foz do Iguaçu. Porém, a cidade tem população de 253 mil pessoas, o que indica que boa parte dessa diferença também é de pacientes vindos do Paraguai.

Estima-se que cerca de 350 mil brasiguaios vivam no Paraguai. Desses, cerca de 180 mil orbitam em torno de Foz do Iguaçu, sejam em questões relacionadas a atendimento médico ou outras, como compras do lado brasileiro. Um volume de pessoas que, segundo o diretor do hospital municipal, não foi levado em conta pelo governo federal na hora de dimensionar o atendimento de saúde na pandemia.

"O governo planeja tudo pelo censo do IBGE, enão não calculou esse montante de gente. Foz merecia um olhar diferenciado nesse sentido porque é a fronteira mais movimentada do Brasil, onde mais circulam pessoas", lamenta Fabriz.

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