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Imagem mostra Hospital Regional do Sudoeste, em Francisco Beltrão.
Hospital Regional do Sudoeste: lotação está acima de 90%| Foto: Venilton Küchler/AEN

Tardiamente, Francisco Beltrão (Sudoeste) está chegando ao momento mais crítico da pandemia. A confirmação feita nesta quarta-feira (19) de que o prefeito Cleber Fontana testou positivo para o coronavírus coincide com o cenário de mais internações na cidade, no momento em que boa parte do Paraná vê esses índices em queda. Para tentar impedir o descontrole no número de casos e óbitos, a cidade conta com a atuação de equipes de Atenção Básica e a chegada de novos equipamentos, como oxímetros, que auxiliam no monitoramento dos pacientes.

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Pelo boletim divulgado nesta quarta, Francisco Beltrão tem 876 casos confirmados, dos quais 670 recuperados e 11 óbitos, em uma população de 91 mil pessoas. Em relação a outras cidades brasileiras do mesmo porte, é um dos menores índices de mortes por milhão. Entretanto, a escalada de casos preocupa as autoridades. Em 31 de julho, havia 462 confirmações, dos quais 350 já estavam recuperados e 5 haviam morrido. Houve crescimento de 90% no número de confirmados e de 120% no número de mortes.

Dos casos confirmados na cidade, 11 estão atualmente internados, dos quais 4 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Mas a lotação nos hospitais é maior devido aos pacientes de toda a 8ª microrregional, da qual Francisco Beltrão é sede. No Hospital Regional do Sudoeste, com 10 leitos de UTI e 9 de enfermaria exclusivos para casos de Covid-19, contratados pelo governo estadual, a ocupação era de 94% na tarde desta quarta-feira. De outros 25 leitos particulares ou sob gestão municipal, 23 estavam ocupados, segundo dados do boletim divulgado pela prefeitura.

A lotação dos leitos não é grave, segundo o secretário municipal de Saúde, Manoel Brezolin. “Quando se trabalhava no início, esse era o objetivo das medidas: que não houvesse um pico ao mesmo tempo em todos os municípios. Se tivéssemos esses números que temos hoje meses atrás, seria desastroso, porque nem havia equipamentos de proteção individual suficiente, nem leitos, que foram sendo ampliados ao longo dos meses”, observou. Segundo ele, tal como pacientes de Cascavel foram encaminhados a Francisco Beltrão nos meses anteriores, o inverso pode ocorrer agora. As duas cidades fazem parte da Macrorregional Oeste, que em média tem registrado queda no número de casos diários.

O município também recebeu novos equipamentos que vão ajudar no monitoramento dos doentes: oxímetros doados a todos os municípios do Paraná, que começaram a ser entregues no começo do agosto, dentro da campanha Alert(ar), promovida pelo Instituto Estáter e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “É um equipamento de grande utilidade porque o ponto crítico da doença é justamente a respiração. Sempre se falou de monitorar temperatura, mas muitas vezes há falta de ar e nem sempre tem temperatura alta, ou ela vem só depois. O município já sabia dessa situação, mas tinha uma dificuldade de adquirir os oxímetros”, relatou Brezolin. A doação de 5.731 aparelhos a municípios do Paraná foi feita pela iniciativa Todos pela Saúde, organizada pelo Itaú.

Equipes de atenção básica atuam na prevenção

A atuação das equipes de Saúde da Família pode contribuir positivamente com o desempenho de Francisco Beltrão no combate ao coronavírus, disse o secretário de Saúde. Os agentes que trabalham diretamente com a população – nos últimos meses, usando EPIs e mantendo o distanciamento social nas visitas às comunidades – conseguem passar orientação sobre ações de prevenção ou formas de manter o isolamento.

O histórico recente do trabalho dessas equipes com outros surtos é positivo na cidade. Na epidemia de dengue que atingiu o Paraná entre agosto de 2019 e julho de 2020, com 227 mil casos confirmados e 177 mortes, a 8ª Microrregional registrou 2.299 casos, incidência de 614 confirmações por 100 mil habitantes. Francisco Beltrão, sede da regional, teve apenas 43 casos de dengue, incidência de 36,7 casos por 100 mil habitantes, sem mortes. “A gente tem o número de agentes preconizado pelo Ministério da Saúde. Acho que não se trata tanto da quantidade, mas de agilidade e orientação. Se não conseguir mobilizar a população para eliminar criadouros, o setor público não consegue fazer sozinho o combate à dengue”, observou Brezolin.

O surto recente de sarampo também passou ao largo do município: apenas um caso importado. “Essa é uma doença altamente contagiosa, transmitida com muita facilidade. Foi importante fazer diagnóstico rápido, o isolamento daquela pessoa e bloqueio, para ver se mais alguém próximo se contaminou. Outra ação é a boa cobertura de vacina”, disse.

A orientação dos profissionais de Saúde às empresas também tem sido importante para evitar a disseminação do coronavírus. Em parceria com a iniciativa privada, organizaram planos de contingência para cada estabelecimento. Além disso, foram designados os “fiscais de empresa”: representantes de cada turno de trabalho receberam treinamento e mantêm contato direto com a secretaria de Saúde para verificar as ações de prevenção e controle. “Entendemos que ter um caso positivo dentro da empresa, faz parte, mas buscamos evitar que uma pessoa contaminasse todos os funcionários ao mesmo tempo. Tanto que até aqui não tivemos surtos em empresas. Municípios que tinham explosão de uma hora para outra era porque tinha empresa grande com muitos casos”, observou.

População está cansada do isolamento

O desafio para Francisco Beltrão é manter sob controle o número de casos de coronavírus em um momento em que a população já se cansou das medidas de distanciamento e isolamento social, lamentou Brezolin: “A população fica vendo que no Amazonas, Rio de Janeiro, ou mesmo Cascavel, aqui próximo, está liberando diversos setores, e ficam cobrando a mesma postura aqui. Mas não dá. Não. O nosso município não está nesse momento. Estamos no momento mais crítico da pandemia”.

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