Comprar alguns remédios básicos de uso em hospitais como dipirona, antibióticos e até mesmo o soro fisiológico, usado na diluição de medicamentos, tem ficado mais difícil nos últimos meses para hospitais paranaenses e de todo o Brasil.
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A situação, que é incomparável à atravessada durante a pandemia, quando vivemos sob risco de faltarem bloqueador neuromuscular e oxigênio, tem sido agravada pelo novo coronavírus, mas em seus reflexos na China, que levou a lockdowns na produção de insumos e em portos.
O alerta para a dificuldade cada vez maior de adquirir algumas substâncias é feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) que, no Paraná, consultou, em abril, hospitais públicos e privados com mais de 50 leitos e “todos relataram a falta de algum medicamento, que vão de soro fisiológico a antibióticos”, afirmou o conselho. Também foram consultadas farmácias privadas (grandes redes) e públicas (cidades com mais de 200 mil habitantes), que apontaram esse risco, já abordado pela Gazeta do Povo no começo do mês.
Gustavo Pires, que é conselheiro federal pelo Paraná e diretor secretário-geral do CFF, cita que, entre os medicamentos em falta ou em risco de falta nas unidades hospitalares, “estão a dipirona sódica, imunoglobulina e o soro fisiológico”. A lista, que você vê abaixo, chega a dezenas de remédios, mas ele assinala que os mesmos que faltam em farmácias hospitalares não são os que faltam em drogarias privadas, posto que nessas têm faltado também antigripais e antibióticos pediátricos, pelo período de frio e de doenças respiratórias.
Covid-19 na China
Entre as prováveis causas dessa redução de oferta, com faltas em alguns casos, diz Pires, está a carência de insumos, importados da China e da Índia. “Nos dois anos de pandemia a produção mundial de insumos voltou-se estrategicamente para medicamentos de mais alto consumo no período. Somado a isso, justamente na retomada a China entrou em lockdown, atrapalhando não só a produção como o escoamento do estoque, por fechar também os seus portos”, diz.
O soro fisiológico é o mais emblemático entre as carências, pois está com alta demanda e com uma produção que não dá conta de atendimento ao mercado. “É lógico que os hospitais têm se reorganizado para conseguir deixar seus estoques em nível satisfatório”, diz Pires.
Na avaliação de Flaviano Ventorin, que é presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), as queixas procedem entre os hospitais e para cada item com baixo estoque há uma explicação. “Fornecedores têm dito que, em relação ao soro, a indústria não tem conseguido produzir o volume necessário por falta de polímeros de plástico, um componente da embalagem. Sobre os remédios para problemas respiratórios como antibióticos e antialérgicos, a dificuldade é atender o excesso de demanda da estação e, em relação à dipirona injetável usada nos hospitais, apesar de muito vendida, seu baixo valor tem feito com que muitas indústrias não se interessem em produzi-la”, explica ele, que também é diretor executivo do Hospital Nossa Senhora das Graças, citando que uma fábrica recentemente voltou a produzi-la e que há sinais de um restabelecimento.
Arivelton Gomide, que é gerente de operações da área de saúde do Grupo Marista, que abrange os hospitais Marcelino Champagnat e Cajuru, diz que o momento é melhor do que o vivido no período pandêmico, por óbvio, e que hoje há pequenas faltas e aumentos de preço pontuais, que parecem estar retornando a seus patamares anteriores. “O soro é um item que está um pouco escasso, não tenho todos os fornecedores disponíveis o tempo todo, mas ainda encontro no mercado. Alguns antibióticos, como a amicacina, também estão em falta, mas podemos substituir por outro, mais caro, então acaba tendo um efeito mais do ponto de vista financeiro. Já a dipirona intercala disponibilidades com faltas, mas fazemos estoques maiores e, por enquanto, não tivemos que substitui-la”, diz ele.
Os hospitais têm substituído o que podem, segundo Ventorin, mas quem tem melhor condição financeira tem mais chance de enfrentar as dificuldades do mercado. “Percebemos que o soro e a dipirona preocupam as equipes técnicas, mas o mercado tem entregado, não na quantidade e volume que gostaríamos. E isso reflete na lei da oferta e procura, o que leva o distribuidor a querer aumentar o preço muitas vezes”, diz ele.
O conselheiro do CFF diz que a sinalização para a mudança desse prognóstico passa pelo envolvimento de todos os atores da cadeia na reorganização do processo com apoio do governo federal, para que se possa, junto aos fornecedores mundiais, criar situações diferentes de mercado, além de um incentivo à produtividade da indústria nacional. “Porém, estima-se que a normalização ocorra, de fato, entre de 90 a 180 dias”, diz ele.
Redução de estoques
Segundo levantamento nacional do CFF com hospitais e farmácias privadas, estes são os medicamentos com dificuldade de serem encontrados:
- Soro fisiológico
- Amicacina
- Alegra
- Ambroxol xarope infantil
- Acetilcisteina 200 mg sachê
- Bromexina infantil
- Carbocisteina adulto e Infantil
- Vibral xarope adulto e Infantil
- Nimesulida comprimidos
- Dipironas
- Doralgina
- Bisolvon adulto e infantil
- Belfaren
- Sorinan
- Multigrip
- Stilgrip
- Vick xarope pediátrico
- Nottus
- Dropropizina
- Seki
- Percof
- Trimebutina 200 mg
- Novalgina xarope
- Tylenol bebê
- Paracetamol bebê
- Predinisolonas
- Mesalazina 250 mg
- Nebacetin
- Primia gummies vitamina c
- Primia gummies
- Ciprofloxacino 500 mg
- Sinot 400 mg
- Bactrim 100 ml infantil
- Maxiflox
- Astro todos
- Amoxicilina 250 mg
- Clavulanato + amoxicilina
- Neostigmina
- Timoglobulina
- Imunoglobulina
- Anfotericina b complexo
- Lipídico Tramadol
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