O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), cumpriu quatro novos mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Mustela. A investigação se debruça sobre fraudes na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), que teriam sido realizadas por agentes públicos e profissionais de saúde que formavam uma organização criminosa.
As buscas foram realizadas na manhã desta quinta-feira (30) em Curitiba e Campo Largo, na região metropolitana. Três albergues de uma casa de apoio e uma residência foram alvos dos mandados. O objetivo, segundo o MP-PR, foi a colheita de provas sobre o envolvimento do proprietário da casa de apoio no esquema investigado pela Mustela.
Documentos, valores em dinheiro e aparelhos de telefone celular foram apreendidos pelos agentes.
Proibição de contato com vítimas
Ainda no âmbito da Operação Mustela, uma decisão do juiz Ernani Mendes Silva Filho, da Vara Criminal de Campo Largo, proibiu pessoas denunciadas pelo MP-PR de manterem contato com vítimas do esquema criminoso.
Foram incluídas na decisão Taiana do Carmo, funcionária do Hospital São Lucas, que teria cobrado valores indevidos dos pacientes; José Carlos Martins, vereador de Bandeirantes que teria obtido vantagens políticas do esquema; e Sérgio Danilo Schmitt, assessor do vereador.
O juiz também determinou que o médico ortopedista Marcel Sangeroti suspenda a prestação de serviços médicos no âmbito do SUS, seja de forma direta ou indireta (por meio de pessoa jurídica). Se a decisão for descumprida, Sangeroti pode ter a prisão preventiva decretada.
A reportagem não conseguiu localizar as defesas dos citados. O espaço segue aberto para manifestação dos envolvidos.
Relembre a operação
Deflagrada em dezembro de 2018, a Operação Mustela se debruçou sobre um suposto esquema que cobrava valores indevidos de pacientes para burlar a fila do SUS. De acordo com o Gaeco, a organização criminosa envolvia agentes públicos, que intermediavam a relação com hospitais e médicos que participavam do esquema.
Com isso, os médicos envolvidos ganhavam duas vezes pelos mesmos procedimentos: uma vez pelo SUS e outra pelos valores dos próprios pacientes. Os agentes políticos, por sua vez, revertiam os supostos benefícios aos pacientes - que na verdade eram vítimas do esquema - em vantagens eleitorais.
O esquema envolvia um ex-assessor do então deputado Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), Lourival Aparecido Pavão – cabe ressaltar que o hoje governador não é investigado. O ex-assessor se tornou réu pelo caso em maio deste ano. A defesa de Pavão informou, à época, que estava analisando os documentos e que provaria "a inocência do seu cliente no decorrer do processo".
Outro lado
Quando a operação foi deflagrada, no fim do ano passado, o Hospital São Lucas, embora não seja acusado de nenhum crime, afirmou que os fatos ainda estavam sendo apurados e ressaltou que colaborava com as investigações.
Quem se manifestou sobre as investigações foi o Hospital Angelina Caron que "afirma que até o momento não foi notificado e está à disposição para colaborar com as investigações". Diz a nota ainda que o "Hospital Angelina Caron atua dentro dos princípios da ética e do absoluto respeito ao ordenamento legal."
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