A expansão de operação da Companhia Paranaense de Gás (Compagas) em um novo gasoduto entre os municípios de Araucária e Lapa tem potencial para impulsionar a atração de novas unidades industriais na Região Metropolitana de Curitiba. O novo ramal entrará em funcionamento em 2026, com um valor total estimado em mais de R$ 100 milhões em investimentos.
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Em entrevista à Gazeta do Povo, o diretor-executivo da Compagas, Rafael Lamastra Junior, explicou que foi necessária a presença de uma empresa “âncora” para que o projeto tivesse viabilidade econômica. Porém, apesar de o foco inicial estar voltado a atender a unidade de produção de biodiesel do Grupo Potencial, instalado na Lapa, o novo ramal foi projetado para atender demandas de futuras indústrias que se instalarem na região.
“O duto passa por Contenda, por exemplo. Nós teremos capacidade física para atender a uma nova indústria que possa ser instalada por lá. A mesma coisa para Porto Amazonas, para outras cidades ali no entorno. Há sim o foco inicial nessa unidade do Grupo Potencial, mas a infraestrutura do gasoduto será capaz de absorver e atender novas fábricas que vierem para aquela região”, explicou.
Empresas "âncoras" são impulso a novos ramais da Compagas
Lamastra citou outro novo ramal projeto pela Compagas, entre Londrina e Maringá, para explicar como funciona a viabilidade de um gasoduto. Neste caso, as estruturas serão construídas em duas etapas, uma partindo de cada cidade e se encontrando em Rolândia.
De acordo com o diretor-executivo da Compagas, há uma forte industrialização nas cidades de Apucarana, Arapongas e Mandaguari. Ainda assim, os polos de fabricação de bonés e móveis, assim como a indústria em torno da uva, não apresentam uma demanda tão grande pelo gás. A presença de novas unidades com potencial de consumo do combustível pode acelerar a interligação entre os dois ramais, explicou Lamastra.
“Por isso é importante que nós tenhamos essas empresas âncoras para viabilizar o gasoduto. O próprio mercado nos cobra por isso. Nós não podemos simplesmente ir abrindo ramais sem um estudo de viabilidade porque isso impacta diretamente na tarifa. Seria um aumento nos investimentos sem o retorno financeiro correspondente, o que afeta a modicidade tarifária”, detalhou.
Novo gasoduto pode mudar a realidade de municípios, aposta vice-presidente da Potencial
Na avaliação do vice-presidente do Grupo Potencial, Carlos Eduardo Hammerschmidt, o novo gasoduto é considerado uma vitória para a região da Lapa. Para ele, o fornecimento de gás pode mudar a realidade dos municípios e abrir uma nova fronteira de investimentos no setor da indústria do Paraná.
“Nós sabemos que algumas cidades da Região Metropolitana de Curitiba estão tendo uma demanda maior do que a capacidade. Não há muito mais espaços viáveis para novas indústrias, por exemplo, em Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais, Colombo. E agora vamos ter essa nova opção na Lapa. É um dos municípios com maior área territorial do Paraná, e que superou um passado de falta de infraestrutura para avançar como novo hub industrial em potencial”, avaliou.
Ramal vai atender à verticalização da fábrica de biodiesel da Potencial
O gasoduto foi dimensionado para atender o processo de verticalização da fábrica de biodiesel da Potencial. A próxima etapa é a instalação de uma esmagadora de grãos para que a unidade dependa cada vez menos de fornecedores externos de matéria-prima no processo de produção. Para isso, a empresa vai passar a operar com uma nova caldeira, movida pelo gás canalizado que será transportado pelo novo duto.
“Nós incentivamos o uso de biomassa, como o cavaco de eucalipto, como fonte de energia. A partir de agora, nós poderemos fomentar uma nova indústria, baseada nesta mesma biomassa, para que esses produtores possam instalar suas próprias unidades de produção de biogás, que poderá ser vendido e injetado neste novo ramal da Compagas”, comentou o vice-presidente do grupo industrial.
Estrutura projeta impacto na geração de emprego e renda na região
Hammerschmidt destacou a importância da estrutura para a região. Segundo ele, o novo gasoduto tem potencial para induzir um importante processo de industrialização das cidades do entorno da fábrica de biodiesel.
“Vai dar a viabilidade econômica para vários projetos futuros. O duto pode atrair mais indústrias aqui para o estado do Paraná, o que impacta diretamente na criação de novos postos de trabalho. Isso possibilita que a população que vive em áreas rurais ou mesmo nas cidades dessa região possam ser beneficiadas pela geração de renda e emprego”, avaliou.
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