A Casa dos Pobres São João Batista realizou, nesta segunda-feira (25), uma solenidade comemorativa aos seus 70 anos de história, período no qual estima ter acolhido mais de 2,5 milhões de pessoas. Durante o evento, a Gazeta do Povo foi agraciada com o título "Personagem dos 70 Anos", honraria concedida a apenas três empresas, uma instituição e 16 personalidades que contribuíram para o legado da entidade filantrópica. A celebração aconteceu no auditório da instituição, em Curitiba.
Entre as empresas homenageadas estavam, além da Gazeta do Povo - representada pelo jornalista Jônatas Dias Lima, coordenador das editorias de Opinião e de Ideias; as Livrarias Curitiba; e a Rieping Bombas. Também foi reconhecida a Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB) por suas contribuições ao longo dos anos.
Figuras de destaque receberam a honraria, incluindo o advogado José Maurício Pinto de Almeida, conhecido por sua atuação no caso do ex-governador Beto Richa (PSDB), e o professor Raul Munhoz Neto, ex-presidente da Copel (Companhia Paranaense de Energia) e referência na engenharia mecânica.
Outros nomes homenageados foram o advogado José Machado de Oliveira, que, aos 85 anos e após superar um câncer de pulmão, segue apoiando ativamente a instituição, e o mastologista Cícero Urban. Mário Fontoura, ex-superintendente da Votorantim no sul do Cerrado que foi braço direito de Antonio Ermírio de Moraes, também foi lembrado por seu comprometimento com a causa social.
A solenidade foi marcada pela emoção de Rafael Êrico Kalluf Pussoli, presidente voluntário da Casa dos Pobres desde 1993, que destacou a importância de cada homenageado na consolidação dos serviços prestados pela instituição ao longo de sete décadas. "Essas homenagens são um reflexo do apoio indispensável que recebemos para continuar acolhendo pessoas em situação de vulnerabilidade e transformando vidas", afirmou Pussoli.
Notícia do jornal inspirou a criação da Casa dos Pobres no inverno de 1953
A Casa dos Pobres São João Batista, que celebra 70 anos de fundação em 2024, nasceu de uma tragédia noticiada nas páginas da Gazeta do Povo no ano de 1953. O episódio comoveu Januário Alves de Souza, que vendia passagens de trem da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, e despertou nele o desejo de criar um refúgio para pessoas em situação de rua.
Durante o rigoroso inverno curitibano de 1953, Souza cruzou com um homem desabrigado próximo ao Rio Belém. Receoso de levá-lo para casa por conta da esposa que cuidava sozinha de seu filho com deficiência, deixou de ajudá-lo.
Dias depois, leu na Gazeta do Povo sobre a morte do homem, que não resistiu ao frio. O impacto da notícia foi decisivo: Souza procurou apoio do então deputado Lauro Portugal Tavares e, em parceria com o prefeito da época, José Luis Guerra Rêgo, conseguiu a doação de dois terrenos para fundar a instituição, em 1954.
No início, a Casa dos Pobres abrigava migrantes que chegavam à capital fugindo da primeira grande geada negra do café que devastou o norte do Paraná. Com 12 casas de madeira construídas nos terrenos doados, a instituição rapidamente tornou-se um alicerce para centenas de famílias que encontraram abrigo e alimento.
Atualmente, a Casa atende pessoas com câncer e mantém o Centro de Educação Infantil São João Batista, onde são atendidas 174 pessoas, entre crianças na educação infantil e pré-adolescentes em aulas de complementação no contraturno escolar. "A Gazeta do Povo não apenas registrou a origem da nossa história como foi um catalisador que deu início a tudo", destacou Rafael Pussoli, presidente voluntário da instituição.
Gazeta do Povo foi fundamental em campanhas de arrecadação
A trajetória da Casa, no entanto, foi marcada por desafios. Em 7 de abril de 1991, um balão causou um incêndio que atingiu o telhado e os pisos de madeira da instituição. A Gazeta do Povo liderou uma campanha de arrecadação para a reconstrução das instalações e, graças ao apoio da sociedade, a Casa reabriu em 2 de fevereiro de 1993, recuperando a capacidade de atendimento.
Outro momento marcante ocorreu em 2010, com a construção de uma casa dedicada a atender pessoas em situação de rua. O espaço, com capacidade para 60 homens, foi batizado em homenagem ao Dr. Francisco Cunha Pereira Filho, empresário que, ao lado de Edmundo Lemanski, era responsável pela Gazeta do Povo e pela RPCTV (antigo canal 12).
Durante a Copa do Mundo de 1998, Cunha Pereira Filho veiculou no intervalo dos jogos do Brasil uma propaganda de nome "contrastes", de 30 segundos, pedindo doações para a Casa dos Pobres. "Essa campanha alavancou um valor extremamente expressivo para a instituição", destacou Pussoli.
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