Durante um julgamento na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (11), o ministro Gilmar Mendes fez comentários sobre a audiência que teve com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) em abril deste ano. Mendes chamou o encontro de “divertido” e acusou Moro e o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol de “roubarem galinhas juntos”.
“Eu, até num encontro muito divertido que tive não faz muito tempo com o senador Sergio Moro, tive a oportunidade de dizer isso a ele, viva voz, como é do meu feitio. Eu disse a ele, usando uma expressão do nosso mundo rural, que há muito tempo eu já falava e denunciava que ele e Dallagnol roubavam galinhas juntos. É uma expressão lá do meu Mato Grosso”, disse o ministro.
A declaração foi feita durante o julgamento de uma reclamação da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o encerramento de uma ação penal de improbidade administrativa contra a empreiteira Queiroz Galvão, que tramita na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba.
Declaração foi dada por Gilmar Mendes durante julgamento de encerramento de ação contra empreiteira
Nesta reclamação, a PGR argumentou que a ação contra a empresa não poderia ser encerrada em decorrência do trancamento de um processo contra o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), por envolvimento no pagamento de propina. A decisão relativa ao parlamentar foi proferida por Gilmar Mendes. A Segunda Turma do STF já havia rejeitado a mesma denúncia por falta de provas, e uma ação de improbidade no Supremo foi trancada pelos mesmos motivos.
Após o voto de Mendes, que durou mais de uma hora e foi marcado por diversas críticas ao trabalho do Ministério Público nas ações da Lava Jato, o julgamento foi suspenso pelo pedido de vistas do ministro André Mendonça.
Encontro “divertido” ocorreu durante julgamento de pedido de cassação de Moro na Justiça Eleitoral
O encontro descrito por Mendes ocorreu durante o julgamento de Moro no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). A corte julgava um pedido de cassação do mandato do senador, que teria se encontrado com o ministro para abrir um canal de diálogo com os magistrados da Suprema Corte.
Posteriormente ao encontro, Moro acabou absolvido na Justiça Eleitoral do Paraná. PT e PL, autores do pedido de cassação, recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve a decisão do TRE-PR.
Primeira Turma do STF acatou denúncia e tornou Moro réu por calúnia contra Gilmar Mendes
No início de junho, a Primeira Turma do STF acatou, por unanimidade, uma denúncia apresentada pela PGR contra Sergio Moro e o tornou réu por suposta calúnia contra o ministro Gilmar Mendes. A denúncia teve como base um vídeo em que Moro falava em “comprar habeas corpus” ao se referir a Mendes.
O vídeo viralizou nas redes sociais em abril do ano passado, quando foi então apresentada denúncia assinada pela ex-vice-procuradora Lindôra Araújo, durante o comando de Augusto Aras na PGR. Na denúncia, a PGR avaliou que Moro estava “ciente da inveracidade de suas palavras” e pede que o senador seja condenado à prisão.
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