Se você não foi vítima, seguramente conhece alguém que já foi alvo de algum golpe na internet. A conta de WhatsApp “clonada” e usada para um criminoso pedir dinheiro aos contatos; dados pessoais roubados e utilizados para compras online; um perfil falso de empresa oferecendo benefícios; uma pane no computador após clicar em um link suspeito, entre outras armadilhas frequentes do mundo virtual. Com a pandemia do coronavírus vieram as medidas de isolamento social, o que fez com que o uso de serviços pela internet se intensificasse. Com isso, aumentou também o campo de ação para os criminosos cibernéticos.
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A empresa de cibersegurança Apura S/A divulgou em maio um levantamento sobre a incidência de crimes virtuais ligados à pandemia no Brasil. Os números impressionam: em menos de dois meses, sites suspeitos contendo as palavras coronavírus e Covid no domínio cresceram 30.000%. No dia 18 de março, quando a pandemia no país estava no início, foram contabilizados 2,2 mil sites dessa natureza; no dia 27 de maio eles já somavam mais de 920 mil.
Diretor de operações da Apura Cyber, Mauricio Paranhos explica que a utilização de assuntos em relevância é uma prática comum entre os criminosos virtuais. “Nesse período de pandemia, eles exploram a fragilidade emocional das pessoas para aplicar todo tipo de golpe”, afirma. O levantamento feito pela empresa detectou dezenas de golpes, que incluem aplicativos falsos para requerer o auxílio emergencial de R$ 600, links para promoções inexistentes, roubo de dados via jogos online e até o uso de lives de artistas famosos para campanhas enganosas de doação de dinheiro.
Independentemente da pandemia, alguns fatores favorecem o aumento cada vez mais acelerado dos crimes virtuais. Além das novas brechas abertas por aplicativos e programas populares, o universo cibernético traz uma certa segurança aos criminosos. “Na internet, o risco à integridade física do criminoso é bem menor do que se ele cometer um crime na rua. Além disso, são golpes que muitas vezes não exigem muito conhecimento técnico e têm amplo alcance. Por exemplo: se um criminoso consegue uma lista com 5 milhões de e-mails e consegue infectar 10%, já são 500 mil contas. Um real roubado de cada conta já é um montante absurdo.”
Para evitar transtornos e prejuízos de toda ordem, Mauricio recomenda alguns cuidados, como não clicar em qualquer link recebido. “Se o remetente é alguém com quem você não manteve contato ou um serviço que você não procurou, não clique. E, mesmo que tenha vindo de uma pessoa de confiança, pesquise no site da empresa ou instituição. Se for alguma campanha, confirme se ela realmente existe”, adverte. O cuidado vale também para links patrocinados em redes sociais, já que há criminosos que também criam anúncios falsos. “E sempre evite fornecer dados pessoais”, completa.
Núcleo para investigações
No Paraná, a Polícia Civil conta com uma estrutura destinada exclusivamente à investigação de crimes virtuais, o Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber). Segundo a instituição, cabe a esse núcleo “a investigação de infrações penais cometidas com o uso ou emprego de meios ou recursos tecnológicos de informação computadorizada (hardware, software, redes de computadores e sistemas móveis de telefonia), bem como auxiliar os demais órgãos da Polícia Civil nas investigações e inquéritos policiais ou administrativos em crimes da mesma natureza”.
Para registrar o Boletim de Ocorrência de algum crime virtual, é necessário apresentar provas por meio de arquivos eletrônicos, como pendrives, CDs ou DVDs. Essas provas incluem extratos de movimentação bancária, comprovantes de pagamento, e-mails trocados, printscreen de mensagens criminosas ou de perfis dos autores. No caso de redes sociais, o Nuciber orienta que o printscreen seja feito em computador (não do celular), de modo que apareça a URL completa, data e hora do print.
Devido à pandemia, o núcleo está com o atendimento presencial reduzido, priorizando casos de exploração sexual de menores, ameaças de morte pela internet ou meio eletrônico, e extorsão pela internet ou meio eletrônico. Informações e orientações podem ser obtidas pelo email cibercrimes@pc.pr.gov.br, pelo telefone (41) 3304-6800, ou no site nuciber.pr.gov.br.
Tive meu WhatsApp clonado: o que fazer?
Um dos golpes virtuais registrados com maior frequência nos últimos meses é a “clonagem” da conta do WhatsApp. O criminoso liga para a pessoa, dizendo ser de um site de venda ou confirmando presença em algum evento, e pede um código enviado por SMS. Ao informar o código, o usuário perde o acesso à sua conta no WhatsApp. Enquanto isso, o criminoso se passa pela pessoa e pede dinheiro aos contatos. Nesses casos, a Polícia Civil traz as seguintes orientações:
- Avise amigos e familiares sobre a fraude, para evitar que atendam o pedido de depósito, pagamento ou transferência de dinheiro.
- Envie um e-mail para support@whatsapp com o assunto “Perdido/roubado/clonado: por favor, desative minha conta” e no corpo da mensagem escreva seu número de telefone, com código do país e DDD. A empresa irá desativar a conta e, após algum tempo, irá disponibilizá-la para instalação novamente.
- Quando o golpista tiver habilitado a verificação em duas etapas, reinstale o número no WhatsApp e digite de forma errada o código diversas vezes até bloquear a conta.
- Para se precaver, habilite a confirmação em duas etapas de sua conta e não repasse códigos fornecidos por SMS ou outra informação sem antes entrar em contato com as empresas em questão através de canais de atendimento oficiais.
Dicas para se precaver de crimes virtuais
Confira alguns cuidados essenciais, segundo a empresa de cibersegurança Apura, para não ser vítima de golpistas e criminosos virtuais:
- Evite clicar em links de e-mails não solicitados e tenha cuidado com os anexos;
- Use fontes confiáveis para obter informações baseadas em fatos sobre a Covid-19;
- Não revele informações pessoais ou financeiras por e-mail e não responda a solicitações;
- Antes de clicar em um link recebido por SMS ou WhatsApp, verifique se trata-se de um site verdadeiro;
- Antes de instalar um aplicativo no celular, verifique se é o app oficial, buscando referência no site da organização ou empresa relacionada;
- Verifique a autenticidade da instituição antes de fazer doações;
- Quando for utilizar um QR Code para pagamento ou doação, confirme se o código tem origem no site ou live oficial;
- Caso identifique uma fraude, denuncie para as autoridades responsáveis.
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