Representantes do G7 – grupo formado pelas principais federações e associações do setor produtivo paranaense – se manifestaram contra a decisão do diretor-executivo do grupo Carrefour, Alexandre Bompard, que assumiu o compromisso de “não comprar nenhuma carne proveniente do Mercosul”. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), engrossou o coro e também repudiu a declaração do Carrefour.
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Bompard disse que o acordo traria o “risco de a produção de carne que não cumpre com seus requisitos e padrões se espalhar pelo mercado francês”. Em resposta, as principais entidades do setor agropecuário brasileiro sugeriram a interrupção do fornecimento de carne ao Carrefour no Brasil, como represália.
“Se não serve para abastecer o Carrefour na França, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país”, diz uma nota de repúdio assinada pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sociedade Rural Brasileira (SRB) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A retaliação ganhou o apoio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. "Eles tocaram em algo que é sagrado, que é a qualidade sanitária de nossas carnes. Isso nós não admitimos, porque é o que temos de mais precioso. Não é pelo que eles vão comprar. Repito. Se não quiserem comprar, não comprem. Nós vendemos para 170 países. Temos a garantia do que entregamos", afirmou Fávaro.
"Nosso sistema sanitário é robusto", reforça presidente da Faep
O Paraná vem sendo o maior exportador de proteína animal no país há uma década, o que levou representantes do setor produtivo a criticarem a postura do diretor-executivo francês. A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), integrante do G7, publicou uma manifestação na qual repudia a decisão do grupo francês de não vender mais carnes provenientes do Mercosul – e, em consequência, do Paraná.
Para o presidente da entidade, Ágide Eduardo Meneguette, a decisão é considerada como absurda. Ele reforçou o fato de que as carnes brasileiras são produzidas sob rígidos protocolos sanitários e de qualidade. Por isso, segue ele, os produtos brasileiros são reconhecidos por sua excelência.
“No Paraná, o sistema sanitário é robusto e os pecuaristas têm compromisso em produzir carnes de qualidade tanto para o mercado interno quanto para as exportações. [O estado] foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal como área livre de febre aftosa sem vacinação. Temos a mais alta chancela de sanidade. Diante disso, o Carrefour desacredita essa certificação internacional e também o fato de que outros 187 países compram nossas carnes”, destacou o presidente da Faep.
Decisão do Carrefour é irresponsável, diz presidente da ACP
À Gazeta do Povo, o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antônio Gilberto Deggerone, também manifestou repúdio contra o anúncio da rede francesa de supermercados. Para ele, a decisão do diretor-executivo do Carrefour é “irresponsável” por ir contra as boas práticas de mercado.
“O Paraná é o supermercado do mundo, destacando-se pela sua eficiência e capacidade de gestão que resulta em empresas competitivas e aptas a atuar no mercado mundial de forma igualitária. Pugnamos pela livre concorrência, transparência, sustentabilidade e busca pelo consenso. A escolha de quem comprar é um direito inalienável, mas agir de forma a prejudicar o mercado brasileiro não será tolerado”, disse o presidente da ACP.
Crise pode ter consequências em toda a cadeia produtiva, diz presidente do G7
Em entrevista à Gazeta do Povo, Sérgio Luiz Malucelli, presidente do G7 e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), lembrou que qualquer ação que impacte as exportações paranaenses trará consequências à cadeia produtiva. “O frango que o agricultor produz chega à indústria de caminhão. Da indústria até o porto para a exportação vai pela estrada também. Esse é um problema dos produtores franceses que são contra um acordo de livre comércio com o Mercosul. E apesar de ser sido criado pro eles, as consequências quem vai sentir é o nosso produtor aqui no Paraná”, lamentou.
A reprotagem procurou também o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), entidade que representa algumas das maiores unidades produtoras de proteína animal do estado. Por meio de sua assessoria de imprensa, a direção do órgão disse que não está se manifestando sobre o assunto.
"Sem o Brasil, o mundo fica sem alimento", diz governador do Paraná
Em nota enviada à reportagem, o governador Ratinho Junior classificou como equivocada a medida anunciada pelo diretor-executivo do Carrefour. A administração de Ratinho Junior (PSD) disse que a situação pode ser “uma oportunidade para o Brasil poder reforçar a sua tradição consolidada de sanidade da produção de proteína animal e, ao mesmo tempo, selar parcerias com países que tenham práticas sustentáveis e que não produzam energia a partir de carvão mineral”.
O governador paranaense seguiu dizendo que “[o Paraná] confia nas nossas cooperativas, nas agroindústrias, nos produtores rurais e na qualidade dos nossos técnicos. A postura protecionista desmerece a qualidade da carne brasileira. Sem o Brasil, o mundo ficaria sem alimento”.
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