O governo federal garantiu que está trabalhando em uma alternativa que permita ao aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, ter voos diretos e sem restrições para a América do Norte e Europa, com ou sem terceira pista. O compromisso foi assumido pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, do Ministério da Infraestrutura, em audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (9) sobre o Bloco Sul da 6ª rodada de concessão de aeroportos, que contempla nove aeroportos — quatro no Paraná, dois em Santa Catarina e três no Rio Grande do Sul.
“Não vamos cravar uma solução agora, mas ela precisa ser capaz de atingir a América do Norte ou Europa. Estamos solicitando alguns cálculos para que essa questão seja adequada no estudo de viabilidade”, afirmou o diretor de Políticas Regulatórias da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Ricardo Fonseca, durante o encontro que acontece no hotel Mercure, em São José dos Pinhais. “Essa é uma demanda do estado do Paraná e o secretário [nacional de Aviação Civil] Ronei Glanzmann já falou disso e colocaremos a questão como diretriz de política pública”, prosseguiu.
Presente na audiência pública, o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex, adiantou que um edital atualizado com alterações no estudo de viabilidade será publicado em breve. A garantia, segundo ele, teria sido dada pelo secretário nacional de Aviação Civil. “O que o secretário Ronei [Glanzmann] me antecipou foi que esse edital publicado seria a primeira versão e que teremos na sequência o edital atualizado. A publicação deste edital foi anterior à reunião que tivemos com ele [com a participação do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD)]”, explicou.
Na última quinta-feira (5), Glanzmann já havia adiantado que o assunto estava sendo tratado. “Nós sabemos que essa questão ainda não consta nos nossos estudos que estão em consulta pública, mas já temos o compromisso do governo federal e o compromisso do governo estadual de endereçar essa questão ao longo do processo de concessão”, comentou.
A solução em andamento não significa a construção da terceira pista do aeroporto, opção que foi rechaçada no estudo de viabilidade que consta no edital da concessão. Realizado pelo Grupo de Consultores em Aeroportos (GCA), o documento prevê três cenários, sendo que o apontado como mais apropriado é o que não altera o sistema de pistas, mantendo as duas atuais, com 2.218 metros e 1.800 metros de comprimento, e sem a possibilidade de voos diretos para o hemisfério Norte. As duas alternativas que contemplam a construção de uma nova pista com 3 mil metros de comprimento postos como menos viáveis do ponto de vista financeiro, especialmente pela modelagem da concessão em bloco.
Caso o novo estudo garantido pela Secretaria Nacional de Aviação Civil não contemple a construção de uma nova pista, é possível que seja apresentada uma opção em que a pista principal seja ampliada. Essa intervenção, no entanto, acarretaria em custos mais altos com desapropriações e intervenções maiores de engenharia devido ao desnível do terreno em uma das cabeceiras. Além disso, não atingiria 3 mil metros de comprimento, extensão projetada para a terceira pista.
Reação e mobilização
Na última semana, instituições da sociedade civil se reuniram para reivindicar melhorias na proposta de concessão do aeroporto Afonso Pena, especialmente a previsão de uma terceira pista. A voz corrente é de que o estudo apresentado no edital do Bloco Sul não atende as necessidades do estado do Paraná, impossibilitando os voos diretos e sem restrições para a América do Norte e Europa. No encontro, estiveram representantes da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Sistema Ocepar, Instituto de Engenharia do Paraná, Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado do Paraná, Instituto Democracia e Liberdade e Movimento Pró-Paraná.
Durante a audiência pública desta segunda-feira, as instituições voltaram a cobrar o governo federal para que uma solução seja encontrada ainda durante o processo de concessão. O gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, não só requereu que uma nova pista seja construída, como que esteja prevista na primeira fase da concessão, até 2030. “O representante do Instituto de Engenharia do Paraná, Jaime Sunye, afirmou que uma terceira pista daria “uma nova dimensão” ao aeroporto. No entanto, ele acredita que a ampliação da pista principal seria uma opção viável.
O representante da Associação Comercial do Paraná (ACP), Walmor Weiss, cobrou que o edital realmente seja reformulado e que a terceira pista esteja prevista. “Eu peço que conste nesse documento a obrigatoriedade, que o primeiro investimento do ganhador do leilão seja a terceira pista”, declarou. Até mesmo o ex-governador do Paraná, Mário Pereira, saiu em defesa da nova pista. “Queremos que isso conste no edital, que nosso aeroporto opera sem restrições. Senão é uma promessa vã”, bradou.
Limitações do aeroporto
A pista principal do aeroporto Afonso Pena tem 2.218 metros de comprimento e teria condições de voos diretos e sem restrições para o hemisfério norte, desde que estivesse ao nível do mar. Como está a 900 metros de altitude, não apresenta as mesmas condições de performance dos aviões. Segundo cálculos técnicos, a eficiência da pista em São José dos Pinhais é 21% menor do que outra de mesma extensão e que esteja ao nível do mar.
Com a atual configuração de pistas, o aeroporto apenas comporta voos sem restrições para destinos na América do Sul e Nordeste brasileiro. Hoje, a rota mais longa a partir de Curitiba é para Buenos Aires, na Argentina. A partir de 30 de março próximo, um novo voo ligará a cidade a Santiago, no Chile, passando a ser a rota mais longa.
Como base de comparação, o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tem uma pista com 2.280 metros de comprimento, pouco maior que a do Afonso Pena. No entanto, mesmo localizado mais a Sul e exatamente por estar ao nível de mar, permite a decolagem sem restrições de voos para os Estados Unidos e Europa. Hoje, por exemplo, o terminal da capital gaúcha opera rotas diretas para Cidade do Panamá, Lisboa e Cabo Verde.
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