O resultado da licitação da concessão do Parque Estadual do Guartelá, nos Campos Gerais, poderia ter tido um resultado diferente se tivesse sido feita em outro momento. A falta de interessados no Guartelá, avaliam representantes da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) ouvidos pela Gazeta do Povo, pode ser consequência da proximidade da assinatura do novo contrato de concessão do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu.
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Na avaliação de Ágide Eduardo Meneguette, superintendente Geral de Parcerias do Paraná pela Sedest, os estudos que embasaram o processo de licitação para a concessão do Parque Estadual do Guartelá foram “muito bem construídos”. O problema, segundo ele, é que há uma vasta oferta de parques disponíveis para concessão à iniciativa privada e poucos players no mercado. Por isso, explica Meneguette, é errado afirmar que o Guartelá não é atrativo.
“Há um excesso de parques sendo efetivamente colocados em concessão no Brasil, cerca de 30. Entre eles há o [Parque Nacional] do Iguaçu, que é algo faraônico internacionalmente falando, e com todos os players nacionais voltados para lá. O parque do Guartelá é atrativo, sem sombra de dúvidas. A questão é o momento em que foi feita a nossa licitação. O projeto do Parque Nacional do Iguaçu é muito grande e se encerra agora em fevereiro. Pelo prazo em que foi colocado no nosso edital, com os mesmos empresários analisando os dois projetos, é possível que o foco desses players tenha sido colocado lá no parque nacional”, acredita.
Pouca infraestrutura turística e distância de grandes centros também atrapalharam
A opinião é a mesma de Rafael Andreguetto, diretor de Políticas Ambientais da Sedest. “É a unidade de conservação que iniciou esse processo de concessão no Brasil, e é um dos grandes objetos de desejo dos grandes investidores”, avaliou ele, em referência ao Parque Nacional do Iguaçu. Mas o diretor também elenca outras questões que podem ter influenciado negativamente na licitação do Guartelá.
Para Andreguetto, falta uma infraestrutura mais consolidada de atendimento ao turista na região do Parque do Guartelá. “Nós sabemos que o município de Tibagi tem muitos atrativos além do Guartelá, como o Salto Santa Rosa, o Salto Puxa Nervos, a Cachoeira da Ponte de Pedra. Mas ainda há uma carência de mais serviços turísticos, como alimentação e hospedagem. Isso acaba influenciando também no processo decisório”, pontuou o diretor, que confirmou ter sido procurado pela Associação Comercial e Industrial de Tibagi – a entidade, disse, se ofereceu para colaborar na readequação do projeto.
Outro ponto destacado pelo diretor de Políticas Ambientais do Sedest é a estrutura de acesso ao parque, tanto por via aérea como terrestre. “A ciência do turismo aponta que os destinos e os atrativos turísticos podem ser divididos em local, regional, nacional e internacional. Tibagi ainda está entre o local e o regional, apesar de o Parque Estadual do Guartelá abrigar um dos maiores cânions do mundo. Para se alavancar para o nível nacional, dependemos também de outras facilidades além dos serviços turísticos. É preciso analisar a malha viária de acesso ao local, a distância de aeroportos para que os turistas tenham essa acessibilidade”, disse.
Projetos seguem o modelo usado na concessão de Vila Velha
O Parque Estadual do Monge, no município de Lapa, na região metropolitana de Curitiba, foi incluído nesta terça-feira (25) no Projeto de Concessão de Unidades de Conservação (UCs) do Paraná. É a terceira unidade em condições de ser concedida à iniciativa privada no estado, ao lado do Monumento Salto São João, em Prudentópolis, e do Jardim Botânico de Londrina. Em comum, as unidades devem compartilhar as bases do modelo de concessão do Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, tido como um modelo de sucesso por Meneguette.
“As modelagens econômicas foram muito similares, e os atrativos colocados são bastante parecidos por conta da estrutura das unidades. Nós sempre partimos do pressuposto do que pode ser atrativo ao empresário. Esses atrativos englobam, entre outras coisas, ingresso e estacionamento, um espaço receptivo aos visitantes, toda a parte de alimentação e facilidades como banheiros. Tem também as trilhas guiadas, com maior e menor intensidade. O Parque Estadual de Vila Velha é hoje referência nacional, temos estados nos procurando em busca de entender qual foi a modelagem aplicada aqui para que possa ser replicada em outras unidades”, comentou.
Concessões podem gerar empregos e renda
Outro fator observado em Vila Velha e que pode ser replicado nas outras unidades é o impacto da concessão na geração de emprego e renda, afirma o superintendente. “As concessionárias contratam essa mão de obra pela expertise, pelo talento dessas pessoas que conhecem como ninguém a região. Então o parque além de movimentar o comércio da região, restaurantes, rede hoteleira, também traz esse benefício aos locais”, disse.
Por não fazer parte de uma unidade de conservação, o Jardim Botânico de Londrina pode contar com uma maior flexibilidade de atrativos disponíveis para os visitantes. O fato foi celebrado pelo presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Ubiratan.
“Eu vejo com muito bons olhos, acredito que o impacto no turismo na nossa cidade será muito importante. A iniciativa privada tem um poder de investimento muito mais rápido do que o poder público, o que resulta em atrativos para quem for visitar o parque. Temos cerca de 1,2 milhão de pessoas na nossa região, fora o turismo de negócios. Tenho certeza de que o parque concedido à iniciativa privada seria um equipamento excelente para fomentar tanto o turismo como a economia local”, avaliou.
Secretaria não dá prazo para nova licitação do Guartelá
A secretaria não dá um prazo para que o processo de licitação do Parque Estadual do Guartelá seja retomado, nem para o início da tramitação das concessões nas outras três unidades habilitadas no projeto. Para Andreguetto, o momento é de reavaliar o cenário de forma a tornar a oferta mais atrativa aos empresários.
“Estamos buscando este contato direto com todos esses possíveis concorrentes. Temos que trabalhar um pouco mais, provavelmente na forma de incentivar a formação de novos grupos mesmo que locais. Temos redes hoteleiras regionais, serviços locais que poderiam se conjugar em um consórcio e participar deste processo. Logo após o fim do processo, recebemos um contato da Associação Comercial de Tibagi se colocando à nossa disposição para ajudar e estimular esse processo. Não podemos dar um prazo, mas temos a intenção de fazer ainda em 2022 um novo processo de concessão do Parque Estadual do Guartelá”, revelou.
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