Embora o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), tenha recentemente lançado campanhas para tentar acelerar a vacinação contra a Covid-19 – “vacina de domingo a domingo” e “corujão da vacinação” -, são as prefeituras dos municípios que, com suas estruturas física e de pessoal, organizam a convocação das suas populações para receberem a aplicação do imunizante. E, até aqui, administradores locais têm relatado mais preocupação com a escassez de doses que chegam às suas cidades. Em Curitiba, por exemplo, a prefeitura informou à Gazeta do Povo que a adesão a propostas de ampliação dos horários de vacinação não está descartada, mas lembra que estratégias do tipo dependem necessariamente de mais doses.
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“A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba tem grande capacidade de vacinação. Durante a campanha de imunização contra a Covid-19, o município já atingiu a marca de mais de 14 mil doses aplicadas em um único dia. Havendo estoque de doses suficiente, o município poderá aderir à proposta [vacina de domingo a domingo e até meia-noite]”, diz a nota enviada à reportagem. Em entrevista à RPC no início da semana, a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, foi enfática: “A gente adoraria vacinar de domingo a domingo, mas precisa ter dose, governador. Não vou fazer sorteio nem chamar pessoas sem ter garantia de doses”.
Ratinho Junior justifica que tem cobrado mais doses do Ministério da Saúde de forma permanente, mas pede agilidade no processo de vacinação. “Hoje (8 de abril) é quinta-feira e as doses chegam nos municípios possivelmente na sexta-feira. Então já pega no final de semana e não para. Estamos num momento de enfrentamento de guerra, não dá para ter intervalo de vacinação. Chegou? Tem que ir para o braço das pessoas. Esse é o objetivo, independente de risco de as doses acabarem. Estamos trabalhando para pegar novos lotes. Estamos cobrando isso do Ministério da Saúde”, disse o governador, em entrevista à RPC.
A fala do governador ocorreu após a Páscoa, quando parte dos municípios brasileiros – incluindo Curitiba – foram criticados por não realizarem a vacinação no feriado. Em entrevista à RPC, Márcia Huçulak justificou que a suspensão atenderia a um pedido da própria equipe de aplicadores da vacina. Além das pessoas que se dedicam exclusivamente à aplicação das doses, Curitiba tem chamado outros profissionais para ajudar na vacinação, como equipes da área de odontologia da rede municipal de saúde e até sargentos do Exército – 32 técnicos de enfermagem da 5ª Divisão de Exército começaram a auxiliar a prefeitura no último dia 1º.
Em outro episódio recente, um anúncio feito pelo governo do Paraná em relação ao início da vacinação para o grupo das forças de segurança também esbarrou na ponta, já que são os municípios que fazem a chamada oficial, de acordo com sua capacidade de operacionalização. Assim, embora o governo estadual tenha corrido para anunciar que os trabalhadores das forças de segurança começariam a ser vacinados em 4 de abril, domingo, coube aos municípios divulgar suas próprias datas - Curitiba, por exemplo, conseguiu se organizar para iniciar a aplicação dos profissionais das forças de segurança no dia 6 de abril, terça-feira.
Expectativas
Apesar do lançamento das campanhas que tentam acelerar o processo de vacinação no Paraná, o próprio governo estadual não sabe a quantidade exata de doses que o Ministério da Saúde irá enviar. Como os estados não estão sendo informados com antecedência pelo Ministério sobre o volume de doses, o governo do Paraná tem falado em “expectativas”. No final de março, a expectativa do governador Ratinho Junior era receber “entre 300 mil a 400 mil doses” semanalmente a partir do mês de abril.
Até os dez primeiros dias de abril, as remessas foram as seguintes: no dia 1º de abril, quinta-feira, chegaram 525.450 doses (deste total, apenas 7.832 doses eram destinadas à primeira aplicação; o restante era para assegurar a segunda dose para as pessoas que já tinham recebido a primeira dose); no dia 8 de abril, quinta-feira, chegaram 242.050 doses (deste total, a maior parte, mais de 140 mil, destinada à segunda aplicação).
A Gazeta do Povo perguntou à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) se o estado temia que campanhas como “vacinação de domingo a domingo” e “corujão da vacinação” poderiam se tornar inócuas, diante de um quadro incerto de doses. Em nota, a Sesa respondeu que o Paraná “tem recebido pelo menos um lote de vacinas por semana e, por mais que os dois últimos lotes sejam destinados grande parte para a segunda dose, essa aplicação é tão importante quanto a primeira, visto que completa o esquema vacinal e permite finalização de grupos prioritários com vacinação em andamento para possibilitar a vacinação de novos grupos”.
A reportagem também quis saber se a Sesa tinha informações sobre quais municípios conseguiram aderir às campanhas “vacinação de domingo a domingo” e “corujão da vacinação”. “Os municípios são responsáveis pela sua estratégia e pela operacionalização da vacinação. O governo do Paraná lançou a campanha pedindo que os municípios possam vacinar o maior número de pessoas possíveis e espera adesão de todos aqueles que possam viabilizar esse tipo de estratégia”, respondeu a pasta.
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