É no município de Guarapuava, na região Central do Paraná, que está se desenvolvendo um dos principais polos de pesquisa genética do Brasil. Em novembro do ano passado, foi inaugurado o Instituto para a Pesquisa do Câncer (Ipec), uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que desenvolve pesquisas voltadas ao diagnóstico, prognóstico e tratamento do câncer e doenças de base genética, além de promover formação profissional especializada em medicina de precisão.
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Até o final do ano, mais de 30 pesquisas sobre genética – não apenas humana, mas também nos campos de agricultura e pecuária – deverão ser iniciadas pelo Ipec. Mas os planos dos responsáveis pelo instituto vão além de se tornar uma referência em estudos da área. O projeto prevê a criação no município do Vale do Genoma – um polo de startups voltadas para saúde e genética, numa referência ao Vale do Silício, que reúne empresas de tecnologia em São Francisco, nos Estados Unidos.
O presidente do Ipec, David Livingstone Figueiredo, explica que, inicialmente, um grupo de empresas será convidado a se instalar na região. “Aqui elas terão o melhor ambiente para se estabelecer”, diz, observando que o instituto faz parte do Cancer Center, um complexo que abriga também o Hospital do Câncer, previsto para ser inaugurado em 2021. “A partir do momento em que teremos dezenas de pesquisas em andamento, a tendência é incentivar a criação de startups que trabalhem com saúde digital, inteligência artificial e genética. É algo que vai movimentar a economia também.”
Rede Genômica reúne 200 pesquisadores
Um dos primeiros passos para consolidação do Ipec como referência em pesquisa genética foi a criação da Rede Genômica, que reúne cerca de 200 pesquisadores e 14 instituições de ensino superior. Seu objetivo é desenvolver metodologias de análise em escala genômica aplicadas ao diagnóstico de doenças genéticas, em especial as doenças oncológicas.
Entre os estudos já iniciados por essa rede está o que investiga se há relação entre fatores genéticos e o desenvolvimento de formas mais agressivas da Covid-19 nos pacientes infectados. A pesquisa terá dois anos de duração, mas Figueiredo acredita que até o final do ano alguns resultados já deverão ser conhecidos.
Outro projeto que será desenvolvido pelo Idec visa estudar a diversidade genômica da população de Guarapuava. A pesquisa inédita pretende estabelecer bases científicas para implementação na cidade da medicina de precisão – método que busca oferecer tratamento individualizado para cada paciente, levando em consideração aspectos como genética, características biológicas e influências ambientais.
Para dar suporte a esses projetos, o Idec conta com uma estrutura física que inclui um sequenciador considerado um dos melhores aparelhos à disposição de cientistas do Brasil. Somente para aquisição desse equipamento, foram investidos R$ 7 milhões. A partir do ano que vem, todos os testes genéticos do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão ficar a cargo do Idec. “Mais do que a estrutura física, temos uma estrutura humana, uma rede de pesquisadores que não se encontra nem nos grandes centros. Isso é inédito”, conclui Figueiredo.
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