| Foto: Pixabay

O Paraná registrou em 2017 o menor número de homicídios em dez anos, segundo dados do Atlas da Violência divulgado nesta quarta-feira (5). O estudo, feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que, naquele ano, 2.759 pessoas foram assassinadas no estado -- o índice mais baixo desse tipo de crime desde 2007. Os últimos dados disponíveis no estudo são de 2017.

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A taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes ficou em 24,4 -- uma redução de 17,5% no período de dez anos. O Paraná está na quinta posição entre os estados que mais diminuíram os números, ficando atrás de São Paulo (-33,5%); Distrito Federal (-31,3%); Espírito Santo (-29%) e Mato Grosso do Sul (-20,2%).

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O estudo apontou ainda que a quantidade de pessoas assassinadas no estado em 2017 caiu 10,4% na comparação com o ano anterior. Essa queda nos dados paranaenses foi na contramão das informações nacionais, já que no mesmo período houve um crescimento de 4,9% no número de casos em todo o país.

Os resultados são significativos. Mas os índices poderiam ser ainda menores. É essa é a avaliação de Edward Carvalho, advogado e presidente da Comissão da Advocacia Criminal da OAB-PR. “Claro, tem uma questão complicada, que é a região de fronteira, que sempre gera bastante criminalidade. Mas vejo como bem possível reduzir ainda mais”. Vale lembrar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera como epidêmicas as taxas de homicídio superiores a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Para Edward, um dos caminhos inevitáveis é o aumento dos investimentos na área da segurança. “Para a criminalidade, não há solução barata. É preciso investir em equipamentos, treinamentos, salários e técnicas de investigação. Você investindo na ciência da polícia é a certeza de que irá punir os assassinos”, diz.

Na avaliação do sociólogo Aknaton Souza, pesquisador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), seria preciso mais investimento em pesquisas qualitativas para tentar entender os motivos que levam aos números apontados pelo Atlas. Para ele, o fenômeno é multifatorial.

Souza cita que o fato de a criminalidade ser mais organizada nos últimos tempos pode ser um dos motivos da diminuição de homicídios. “Quando a criminalidade passa a se organizar há uma tendência de diminuir crimes violentos, porque isso chama a atenção para os negócios, o que é ruim para os criminosos”, explica o sociólogo.

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Assassinatos de jovens caíram no Paraná

Uma preocupação expressada pelos pesquisadores no relatório do estudo é a quantidade de assassinatos de jovens entre 15 e 29 anos no país. Na última década, a taxa de mortes passou de 50,8 por grupo de 100 mil jovens em 2007, para 69,9 por 100 mil em 2017, representando um aumento de 37,5%.

No mesmo período, no entanto, o Paraná reduziu esse índice em 21,7%, sendo o terceiro estado que mais conseguiu diminuir o número de assassinatos nesta faixa etária.

Violência contra a população negra

Os pesquisadores do Atlas da Violência concluem, no relatório do estudo, que houve “a continuidade do processo de aprofundamento da desigualdade racial nos indicadores de violência letal no Brasil”. Em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios em todo o país foram indivíduos negros (definidos como a soma de pretos ou pardos, segundo a classificação do IBGE, utilizada também pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde).

Em mais esse dado o estado do Paraná anda na contramão. Ele está entre as oito unidades da federação que tiveram redução no número de mortes de negros, sendo a segunda em que os casos mais caíram. A pesquisa ressalta que, na taxa a cada 100 mil habitantes, “o Paraná continua sendo o único estado do país a observar uma taxa de homicídios de não negros superior à de negros: 26,5 contra 19,0”.

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Crimes contra mulheres tiveram redução bem menor

O Atlas da Violência mostrou que o número de homicídios contra as mulheres não teve redução expressiva. A taxa caiu 4,4% no estado quando se leva em conta o período entre os anos de 2007 e 2017, contra uma queda de 17% no número de homicídios em geral.

Quando o recorte é feito nos dois últimos anos da pesquisa, houve até um aumento no nos assassinatos de mulheres: 3%.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]