A lotação dos leitos no Paraná com o avanço acelerado do coronavírus já faz com que alguns hospitais não tenham mais condições de receber pacientes. Segunda-feira (1°), 27 hospitais do estado bateram na capacidade máxima de atendimento de UTI e 17 hospitais lotaram completamente o atendimento de enfermaria.
Nesta terça-feira (2), a ocupação de leitos de terapia intensiva se manteve muito alta, com 92% das vagas preenchidas. Já a ocupação de enfermaria está em 72%. O Paraná registrou mais 178 mortes por coronavírus nesta terça-feira - incluindo óbitos que não tinham sido contabilizados nas últimas semanas.
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No fim da manhã desta terça-feira (2), o Hospital Nossa Senhora das Graças, uma das principais unidades da rede particular de Curitiba no atendimento de Covid-19, afixou uma faixa logo na entrada explicando que não tem mais condições de receber novos pacientes com coronavírus ou com outras enfermidades. Com isso, o Nossa Senhora das Graças manteve apenas o atendimento a mulheres grávidas e pediátrico.
“Informamos que estamos interrompendo temporariamente a admissão de novos pacientes – com sintomas ou outras queixas – em nosso pronto atendimento adulto. Essa contingência é necessária por estarmos com nossa capacidade de atendimento excedida”, explica a faixa na entrada do Nossa Senhora das Graças.
Também chegaram à ocupação máxima de UTI segunda-feira na capital outros três hospitais: o Hospital do Trabalhador e o Hospital de Reabilitação, geridos pelo governo do estado, e o Hospital Vitória, de administração da prefeitura.
Na Região Oeste, que junto com a Leste é a mais grave em todo o Paraná, o Hospital de Retaguarda de Cascavel também não tem mais condições de receber pacientes. Referência no tratamento de Covid-19 na região, o hospital está desde domingo (28) com todos os 28 leitos de enfermaria e os 20 de UTI lotados. Mesmo assim, a unidade ainda tem nesta terça mais 26 pacientes internados de forma inapropriada: são 24 pessoas esperando vaga em macas nos corredores e dois que deveriam estar na UTI, mas tiveram de ser intubados na enfermaria por falta de leitos intensivos. Segunda-feira, a unidade recebeu quatro respiradores emprestados de clínicas particulares.
“O Hospital Regional não tem condições de receber mais nenhum paciente sequer. Nenhum!”, foi enfático o diretor da unidade, o médico Lisías Tomé, em entrevista ao jornal Meio Dia Paraná, da RPC.
Domingo, o Hospital Regional de Cascavel já havia passado por uma situação inusitada. A unidade teve de emprestar do zoológico um respirador e nove bombas de infusão (que levam o medicamento do soro até o braço do paciente). O equipamento veterinário só não foi utilizado porque a equipe improvisou o atendimento a dois pacientes com respiradores de ambulância, que não são apropriados para pacientes hospitalizados. Já as bombas não foram possíveis de serem utilizadas por falta da borracha que compõe o sistema e têm que ser trocada a cada duas ou três horas.
A prefeitura de Cascavel encomendou a compra de bombas infusoras, porém, pela alta demanda em todo o país, os fabricantes estão atrasando as entregas. Nesta terça, o município recebeu o reforço de 15 ventiladores enviados pelo Ministério da Saúde para abrir mais vagas de UTI na cidade. Cascavel também solicitou 15 monitores de UTI para a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) para a abertura de mais vagas intensivas.
Já em Londrina, uma mulher de 49 anos moradora da cidade de Rolândia com Covid-19 faleceu domingo na fila de espera por uma vaga de UTI. Ela estava internada no pronto-socorro do Hospital Universitário sábado (27), onde chegou a ser entubada, mas acabou não resistindo.
Mais leitos
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) reabriu em hospitais de todo o Paraná segunda-feira mais 198 leitos para tratamento de pacientes com Covid-19, sendo 55 de UTI e 93 de enfermaria. A promessa é de que nos próximos dias mais 97 vagas hospitalares sejam ativadas.
Entretanto, a Sesa faz um alerta: mesmo reforçando a estrutura hospitalar, a população deve seguir todos os cuidados de prevenção do coronavírus. Em especial neste momento, em que a transmissão está muito acelerada. Em dez dias, a fila de espera por um leito no estado saltou de 86 pacientes para 616 na segunda-feira.
O gestor em Saúde da Sesa, o médico Vinícius Filipak, ressalta que mesmo ampliando a capacidade hospitalar, a disponibilidade de leito não é garantia de que o paciente não vai ficar em estado grave ou mesmo morrer. “A mortalidade de Covid-19 dentro dos hospitais é hoje no Paraná de 23%. Ou seja, mesmo com vaga de UTI imediata, com atendimento prestado rapidamente na emergência, na ambulância do Samu, 23% das pessoas que dão entrada nos hospitais vão morrer”, ressalta.
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