Mais da metade dos casos confirmados de Covid-19 no Paraná foi diagnosticada pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), embora o estado tenha 18 laboratórios credenciados para o processamento das amostras. Até esta quinta-feira, 56.209, 57% dos 98.559 casos, tiveram os exames analisados pelo instituto, que é o braço da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Paraná. Inicialmente responsável pela produção dos testes, o IBMP passou a também processá-los a partir de maio, com uma capacidade de análise de 5 mil amostras por dia, mais de 8 vezes superior ao do Laboratório Central do Estado (Lacen), principal órgão de diagnóstico até então, que consegue processar 600 exames por dia.
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A parceria entre o governo do Estado e o IBMP para que o instituto passasse a processar testes RT-PCR para o diagnóstico da Covid-19 foi fundamental para a ampliação da política de testagem no Paraná. Até 15 de maio, por exemplo, o Paraná havia realizado pouco mais de 19 mil testes, nos dois primeiros meses da pandemia. Agora, já são mais de 370 mil exames processados. Segundo o Ministério da Saúde, os laboratórios públicos do Brasil têm capacidade de processar 70 mil amostras por dia. IBMP e Lacen, juntos conseguem realizar 5,6 mil exames - 8% do total do país.
“A Fiocruz e o próprio IBMP têm uma função já clássica de produção de testes diagnósticos para o SUS. Esse é nosso papel. A gente já faz dezenas de tipos de teste e entrega milhares por ano. Mas, quando chegou a pandemia, a gente percebeu que a estrutura dos laboratórios centrais não daria conta. São laboratórios centrais qualificadíssimos, especialmente o do Paraná, mas que não teriam capacidade para enfrentar sozinhos a pandemia. Então, a Fiocruz se mobilizou e decidiu ir além de produzir testes e ajudar implantando centrais de análise, que são nossas Unidades de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19”, explica o diretor presidente do IBMP, Pedro Barbosa.
O órgão, que é administrado pela Fiocruz em parceria com o governo do Paraná, já produziu e entregou ao Ministério da Saúde mais de 2,2 milhões de testes diagnósticos, mas passou a atuar, também, no processamento destes testes. “O primeiro movimento foi feito dentro da própria sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, com a implementação de uma central de análise com a capacidade de processamento de 2,5 mil testes. Depois, implantamos em Curitiba, inicialmente para 2 mil amostras/dia, o que depois foi ampliado para 5 mil. E, também, em parceria com a Diagnósticos da América (Dasa), criou-se uma central em Barueri-SP”, relata Barbosa.
Outro movimento importante foi a decisão da organização “Todos pela Saúde”, a partir da doação de R$ 1 bilhão do Itaú Unibanco, de investir na ampliação da capacidade de testagem para o Sistema Único de Saúde. “A testagem é o principal meio de controle da pandemia, porque permite identificar casos, isolá-los, testar contatos próximos, evitar a propagação do vírus. Aliada ao uso de máscara e distanciamento social, é a única estratégia eficiente de enfrentamento da doença. E o Todos pela Saúde percebeu a escassez de laboratórios no Brasil e decidiu fazer um aporte significativo na Fiocruz, para a criação de duas novas centrais de análises, uma no Rio de Janeiro e outra em Fortaleza”, conta Barbosa, que é membro do conselho de especialistas do Todos pela Saúde. “Com a inauguração destas duas novas plantas, a Fiocruz chega à capacidade de processamento de 40 mil amostras por dia, sendo o principal centro de testes para o Brasil. Sempre para o SUS, público e coordenado pelo Ministério da Saúde”, acrescenta.
90% dos testes processados pelo IBMP são do Paraná
Apesar da vinculação ao Ministério da Saúde quase toda a capacidade do IBMP está sendo utilizada para processar exames realizados no Paraná. “Estamos processando enfaticamente o Paraná, eu diria que o Paraná ocupa, hoje, 90% de nossa capacidade, mas, também, em apoio a outros laboratórios de outros estados, recebemos amostras do RS, SC, MS, ES e DF, entre outros”, relata Barbosa.
Para a implementação da central em Curitiba, o instituto recebeu equipamentos cedidos pela Fiocruz até o final da pandemia, mas precisou fazer investimentos significativos em infraestrutura e pessoal. “Precisamos ampliar e adequar a área física para ter um ambiente com controle e operar com segurança. O Tecpar nos cedeu uma área para a instalação. Além disso, contratamos cerca de 90 pessoas exclusivamente para trabalhar na central”, conta o diretor-presidente, explicando que os recursos são financiados pelo Ministério da Saúde. “Há um contrato do IBMP com a Fiocruz, que remunera esse custeio, com recursos oriundos do Ministério da Saúde, do orçamento exclusivo para as ações de combate à Covid-19”.
Com a inclusão do IBMP na política de testagem do Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde redefiniu as atribuições do Laboratório Central do Estado. Na ocasião da assinatura do convênio, a diretora-geral do Laboratório Central do Estado, Célia Fagundes Cruz, explicou como seria a divisão da testagem. O Instituto, que possui equipamento diferenciado, passaria a atuar como grande centro de testagens, enquanto o Lacen realizaria pesquisas de várias doenças de uma forma mais dirigida.
“Além do Sars-CoV-2, o Lacen pesquisa outros vírus que são causadores de doenças respiratórias. Por isso, as amostras de casos graves, óbitos e provindas das unidades Sentinela – que fazem a avaliação de quais vírus estão circulando – são feitas pelo laboratório. Já as amostras enviadas aos IBMP são aquelas para pesquisa somente da Covid-19”, disse.
“Temos que lembrar que o Lacen está funcionando na sua rotina e, além de testar para Covid, eles fazem todos os outros testes de saúde pública de interesse do estado. Continua testando dengue, zika, fazendo análises diversas, como bromatologia. O Lacen tem várias outras funções. Ele não parou e tem uma estrutura importante, fazendo um rol de testes que pode ser até maior que a nossa estrutura, mas a nossa é exclusivo para Covid. Por isso, para Covid, temos uma capacidade de testagem Covid 10 vezes maior que a do Lacen. Numa área de 800m2, funcionando 24 horas por dia, todos os dias da semana”, reforçou o diretor-presidente do IBMP.
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