Com uma arquitetura de 1730, características luso-brasileiras e traços neogóticos, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco se destaca na paisagem do Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba. O templo, um dos mais antigos da capital paranaense e originalmente construído pelos colonizadores portugueses, está passando por uma grande e milionária obra de restauração.
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No final do mês de maio, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) autorizou o remanejamento de R$ 980 mil da Secretaria Municipal de Obras para a Fundação Cultural de Curitiba para as obras na Igreja da Ordem e também no Museu de Arte Sacra (Masac). O valor não é o total da obra, mas sim um aditivo em função de descobertas de pinturas e outros elementos do edifício.
A restauração da igreja e do museu não tem uma previsão exata de finalização. Mas há uma expectativa de que a obra seja finalizada dentro de 18 meses a contar do início dos restauros, em dezembro de 2022. O arquiteto, autor do projeto de restauro, Tobias Bonk, afirmou que a igreja passou por pequenos reparos nas últimas décadas. A última grande reforma, porém, foi na década de 70. O edifício já necessitava de reparos, pois estava com alguns problemas na estrutura e infiltrações.
A igreja é a mais antiga em pé da capital paranaense. Por isso, abriga muito elementos históricos. O arquiteto ressalta que tudo que é original do templo religioso será conservado. “Tudo que é da originalidade da igreja ou que está há muito tempo lá será mantido. Novos elementos serão incluídos conforme a necessidade da igreja, como forro, pinturas e piso”, disse Bonk.
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Pinturas antigas são encontradas durante a obra
Já na questão das pinturas da igreja e do museu, o arquiteto explicou que a cor do interior do templo era branca, mas não era original. “Fizemos prospeções para entender a originalidade. A originalidade vem dos anos 1700 que, provavelmente, era uma tinta branca, mas houve outras intervenções e pinturas internas na igreja”, contou. Contudo, após investigações, concluíram que não teria como recuperar essas pinturas.
No museu, por outro lado, o cenário é mais otimista. No local foram encontradas pinturas importantes e os responsáveis pela obra conseguirão fazer esse restauro. “No museu de arte sacra havia [uma pintura] branca, mas encontramos pinturas murais decorativas de bastante relevância que datam do final do século XIX e essas serão recuperadas. Há muitas décadas não se viam essas pinturas e a grande maioria não sabia da existência. Graças a Deus estão passíveis de restauração e serão devolvidas a sociedade curitibana”, relatou o arquiteto Tobias Bonk.
Igreja mais antiga em pé de Curitiba
A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, mais conhecida como Igreja da Ordem, foi construída em 1737. O templo é a igreja em pé mais antiga de Curitiba. O nome original era Igreja de Nossa Senhora do Terço. A mudança se deu por conta da chegada da Ordem de São Francisco na capital, em 1746 - durante os anos de 1752 a 1783, a igreja abrigou o convento franciscano.
Além disso, a igreja também sediou uma das principais paróquias dos imigrantes poloneses no século XIX. Já em torno de 1834, parte do templo desmoronou e somente foi restaurada em 1880, com a visita do imperador D. Pedro II. O Museu de Arte Sacra está instalado junto ao templo desde 1981.
“Estamos falando da pura história da sociedade curitibana, materializada no edifício mais antigo. É de extrema importância a restauração e valorização, pois é um elemento material do desenvolvimento de Curitiba, seja para a sociedade ou para técnicas construtivas”, afirmou o arquiteto Tobias Bonk.
Patrimônio Histórico de Curitiba
Para Marcelo Sutil, coordenador da Escola de Patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), qualquer obra de restauro é sempre bem-vinda para a preservação das memórias da cidade. “A Igreja da Ordem é a construção mais antiga de Curitiba. Não o prédio inteiro, mas a parte mais posterior é dos anos 1730. É o que temos de mais antigo da formação da cidade. Carrega uma importância no imaginário, no dia a dia das pessoas e está presente na paisagem. Resgatar o prédio e renovar o uso são importantes”, destaca.
Segundo Sutil, as pinturas que foram descobertas também terão grande relevância no restauro. “As pinturas já estavam lá, da [época] da reforma de 1800. Aquelas pinturas devem datar dessa época. Mas no último restauro ficou encoberto e manteve o branco. É muito interessante mostrar essas pinturas que estão nas paredes e esse restauro irá trazer muito disso”, afirma.
Para Marcelo Sutil, a criação do setor que cuida dos edifícios históricos auxiliou muito na valorização desses locais. Além disso, ele diz que Curitiba ganha destaque pelo cuidado com os prédios históricos.
“Esse é um trabalho que vem da criação do setor histórico, trabalho da equipe da fundação cultural que é mostrar a importância da história. Ações educativas nas escolas também ajudam. Desde pequenos, podemos mostrar a importância do patrimônio histórico da cidade”, ressalta Sutil.
“Curitiba nesse sentido está se saindo muito bem, com todas as dificuldades que acontecem em qualquer cidade. Reformar um imóvel sai caro e restaurar sai mais caro ainda. Mas os proprietários têm entendido a importância de conservar também”, acrescenta Sutil.
Por fim, o coordenador da Escola de Patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) evidencia que a restauração da igreja e do museu será um lucro para a capital paranaense. “O Museu de Arte Sacra é um dos mais visitados e irá reabrir com mobiliário diferente e iluminação nova. Vai ser um lucro para a população e para os turistas, pois é um local muito visitado”.
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