Uma parceria entre a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e a Polícia Científica do Paraná pode dar fim a um problema que há anos prejudica 28 municípios dos Campos Gerais. Atualmente funcionando em uma unidade improvisada, o Instituto Médico Legal (IML) deve finalmente ganhar uma nova sede em Ponta Grossa, que será construída em terreno cedido pela UEPG.
A licitação para execução da obra será conduzida pela UEPG e deve ser lançada ainda no primeiro semestre de 2019. Juntamente com o IML, será construída uma ala destinada ao Centro de Estudos Anatômicos, voltado para os cursos da área de saúde da instituição. A estrutura abrigará ainda o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) da prefeitura, órgão destinado à análise de mortes naturais de pessoas que não tinham acompanhamento médico.
“Esse projeto busca dar uma contribuição efetiva da UEPG ao desenvolvimento regional”, diz o reitor da universidade, Miguel Sanches Neto. “Acredito que as universidades públicas do Paraná têm especial importância em desenvolver suas respectivas regiões.” O reitor busca viabilizar recursos para a obra com a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. O investimento é estimado em R$ 8 milhões.
Histórico
A construção de uma nova unidade do IML em Ponta Grossa já é prevista ao menos desde 2012. Em janeiro do ano passado, após um período intenso de chuvas, um muro da sede do órgão na cidade, no bairro Nova Rússia, rachou. A Defesa Civil do município constatou risco de desabamento e interditou a passagem de veículos no local e a rua que passa perto da estrutura.
Em agosto, o prédio foi totalmente desocupado. Os profissionais do IML passaram a atender provisoriamente em contêineres em área anexa ao Hospital Universitário da UEPG, no bairro Uvavanas. A ideia da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) era que o atendimento na unidade improvisada fosse temporário, até que o prédio da Nova Rússia fosse reformado.
O problema é que não houve interessados nas duas licitações realizadas para a execução das obras. No momento, um novo certame, na modalidade convite, está em andamento pela Paraná Edificações, mas ainda não há empresa habilitada, segundo a Sesp.
Enquanto isso, as atividades do IML de Ponta Grossa, que conta com 14 profissionais e presta serviços para 28 municípios da região, são realizadas em situação precária. Corpos em estado de putrefação avançado, sem condições de serem recebidos nos contêineres, são transferidos para a unidade de Curitiba, a cerca de 115 km de distância.
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Projeto
Segundo a arquiteta Nisiane Madalozzo, diretora de planejamento físico da Pró-reitoria de Planejamento da instituição, o projeto arquitetônico já está pronto. No momento, está em redação o texto da licitação, que contemplará aspectos complementares, como de instalação elétrica e hidráulica. “Estamos testando uma nova forma de contratação, que prevê todos os custos com precisão para não haver uma série de aditivos no contrato posteriormente, como costuma acontecer”, explica.
O projeto foi desenvolvido em conjunto entre Nisiane e o arquiteto da Polícia Científica, Michel Rodrigues, e é baseado no prédio da sede do IML em Curitiba, localizada no bairro Tarumã. A diferença é que prevê uma complexidade menor, adequada às necessidades regionais, além de incluir o Centro de Estudos Anatômicos.
“Serão duas alas, ligadas por um corredor”, explica a arquiteta. Situações delicadas, como exames de corpo de delito e reconhecimento de cadáveres por familiares, serão preservadas. “Tivemos uma grande preocupação com os fluxos de pessoas”, conta Nisiane.
A ala voltada às atividades acadêmicas terá acesso exclusivo para estudantes e contará com salas de aula, auditório, refeitório, além de espaços específicos para estudos de anatomia, dissecações e necropsia.
O projeto foi apresentado no fim de março em uma reunião do reitor, Miguel Sanches Neto, e do vice-reitor, Everson Krum, com o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Luiz Felipe Kraemer Carbonell, e o diretor geral da Polícia Científica, Leon Grupenmacher.
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