Em abril de 2021, o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu recebeu autoridades federais e estaduais em um evento tido como um marco para a economia, e o turismo em especial, de toda a região. Estava sendo inaugurada a extensão da pista de pousos e decolagens do aeródromo, que com os 600 metros adicionais, a um custo estimado em R$ 54 milhões, passou a ter cerca de 2,8 mil metros de comprimento. Com o aumento, a estrutura estaria apta a receber aeronaves maiores e de destinos mais distantes, o que poderia alavancar a cidade como destino turístico número 1 dos turistas estrangeiros no país. Mais de um ano e quatro meses depois da inauguração, no entanto, nenhum dos benefícios se tornou realidade. O aeroporto segue operando no mesmo cenário de antes da finalização da obra.
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Isso porque a extensão da pista, mesmo inaugurada, não foi homologada junto às autoridades da aviação civil no Brasil. A expectativa é de que a homologação, e a consequente autorização para uso, fosse realizada antes da concessão do aeroporto à iniciativa privada. A ampliação foi autorizada ainda em fevereiro de 2020, pelo Ministério da Infraestrutura, e realizada por uma empresa paranaense.
Infraero e CCR divergem sobre responsabilidade de homologação
À época da inauguração, o presidente do Visit Iguassu, instituição que promove o turismo na região, comemorou as possibilidades que poderiam ser trazidas pela extensão da pista do aeroporto. “O nosso destino já sofreu com a questão da acessibilidade aérea, tanto no sentido de trazer voos de grandes distâncias, como no custo da tarifa aérea. E agora, com a reformulação do aeroporto, com pontes de embarque e a ampliação da pista para voos internacionais, isso é extremamente significativo”, disse Felipe Gonzalez.
Procurada pela reportagem para comentar o atraso na homologação da extensão, a instituição disse apenas que o assunto deveria ser tratado com a CCR Aeroportos.
A Gazeta do Povo também procurou a vereadora Anice Gazzaoui (PL), presidente da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio, Assuntos Fronteiriços e Segurança Pública da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, para comentar a falta de homologação da estrutura, mas ela preferiu não se posicionar sobre o assunto. A postura é semelhante à da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu(Acifi), cuja diretoria também não quis se pronunciar a respeito.
Procurada pela reportagem, a CCR Aeroportos, que assumiu a administração do aeroporto de Foz do Iguaçu logo após a inauguração, disse em uma breve nota que “aguarda a conclusão da implantação de sinalização horizontal e equipamentos de auxílio à navegação aérea pela Infraero, requisito para sua homologação junto aos órgãos competentes e início de sua operação”.
A Infraero, por sua vez, devolveu a responsabilidade para a concessionária. Também em uma breve nota, a empresa afirmou que “as ações estão sendo finalizadas pelos órgãos competentes para que a utilização de toda a pista seja operacionalizada de forma definitiva”. Segundo a Infraero, “os esforços estão sendo feitos envolvendo Infraero, Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e CCR, esse último, o novo operador aeroportuário”.
Em nota enviada na sexta-feira (26), o DECEA aponta que realizou todas as análises que foram disponibilizadas até o momento e emitiu pareceres técnicos à Infraero. "Após as devidas correções por parte do referido órgão, o DECEA seguirá com a análise dos projetos de instalação dos equipamentos de auxílio à navegação aérea", concluiu a nota.
Para secretário de Turismo de Foz, pista não homologada é como lavanderia sem água
“É como alguém construir uma lavanderia e se esquecer de fazer a ligação com a rede de água”, comparou o secretário municipal de Turismo de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele disse que ainda tem expectativa de que a pista seja homologada em toda sua extensão. De acordo com o secretário, que tem uma longa experiência no setor aeroviário, do jeito que está a pista só poderia receber aeronaves maiores com algumas restrições técnico-operacionais.
“Seria necessário que esses aviões decolassem com menos peso. E menos peso em um avião significa duas coisas. Ou é menos combustível, e com isso o destino final teria que ser mais curto do que a autonomia total permitida pela aeronave com tanque cheio. Ou é menos passageiros e menos bagagem, o que significa que os aviões não voariam com sua capacidade plena de carga, e com isso o voo não seria economicamente viável. É uma escolha que não agrada às companhias”, explicou.
Angeli explicou que caso haja um interesse real de alguma companhia área para a implantação de novas rotas, mais distantes, partindo e chegando em Foz do Iguaçu, seria necessária uma “pressão, um movimento político” para agilizar a homologação da pista. “Fora isso não tem o que fazer, temos que esperar até que essa etapa seja cumprida. Foi um investimento muito grande, e nós estamos trabalhando nesse sentido”, disse o secretário.
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