• Carregando...
Em 2000, mancha de óleo se espalhou pelo Rio Iguaçu num dos piores desastre ambientais da história do PR
Em 2000, mancha de óleo se espalhou pelo Rio Iguaçu num dos piores desastre ambientais da história do PR| Foto: Edson Silva / Arquivo Gazeta do Povo

A indenização de R$ 1,396 bilhão que a Petrobras vai pagar pelo acidente ambiental que contaminou o rio Iguaçu, em 2000, amplia substancialmente os valores que o Paraná e os municípios atingidos terão para ações voltadas ao meio ambiente. No acidente, 4 milhões de litros de óleo vazaram da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária.

Cadastre-se e receba as principais notícias do PR pelo WhatsApp

A maior parte da indenização, 66,66%, o que corresponde a R$ 930 milhões, será destinada ao Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema), gerido pelo Instituto Água e Terra (IAT), da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo (Sedest). Os outros 33,34% que serão pagos pela Petrobras irão para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD3), gerido pelo governo federal.

O valor que cabe ao Fema é bem maior ao que o Fundo arrecada anualmente por multas ambientais. Nos últimos cinco anos, foram arrecadados, em média, R$ 14 milhões anuais.

Só o percentual da indenização que cabe ao Fundo Estadual representa quase três vezes o valor total previsto para 2022 no Projeto de Lei Orçamentária Anual (ainda em análise para aprovação em dezembro de 2021), para ações em meio ambiente no Paraná, que é de R$ 321,8 milhões.

Araucária vai receber 14 vezes o que aplica por ano em meio ambiente

Araucária, o município mais atingido, vai receber 5% dos 66,66% do Fema, o que totaliza R$ 50 milhões. Segundo informações da prefeitura, corresponde a aproximadamente 14 anos de recursos investidos pelo município para recuperação ambiental.

Os demais municípios da bacia do Alto Iguaçu (Fazenda Rio Grande, Pinhais, São José dos Pinhais, Piraquara e Curitiba) dividirão outros 5% dos 66,66% que serão recebidos e repassados pelo Fundo estadual.

Pelo acordo, a Petrobras deve pagar o valor total dividido em quatro parcelas de R$ 349 milhões, sendo a primeira 10 dias após a data da homologação (que foi em 14 de outubro último) e as demais a cada 90 dias. Ou seja, até julho de 2022 o valor total da indenização terá sido pago.

Expectativa é que governo aplique na área atingida

Depois de esperar 21 anos pela resolução da pendência judicial, que resultou em acordo, o município de Araucária e os demais atingidos voltam as atenções para a destinação que será dada a esse grande volume de dinheiro.

“Agora é uma decisão que cabe ao governo do Estado. É de extrema relevância que o governo aplique na área atingida, especialmente no rio Barigui e no rio Iguaçu”, destaca Genildo Carvalho, secretário de governo da prefeitura de Araucária.

Segundo ele, a aplicação adequada do valor pode promover a recuperação ambiental, tornando a bacia do Alto Iguaçu uma reserva hídrica para Curitiba e Região Metropolitana, área de maior concentração populacional do estado.

A aplicação do percentual que cabe à Araucária começa a ser detalhada na próxima semana. Um dia após a homologação do acordo, o prefeito Hissam Hussein Dehaini, constituiu, por decreto, um grupo de trabalho para elaborar e aprovar projetos com a aplicação do recurso.

O grupo é formado pelas secretarias municipais e pela procuradoria geral do município, podendo ser convidados representantes de outros órgãos e entidades municipais e instituições de ensino. Na quinta-feira (28), o grupo se reúne com a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Fema terá participação da sociedade civil

O Fundo Estadual do Meio Ambiente (Fema) foi instituído em 2000 e passou por alterações em outubro de 2021, exatamente por conta da gestão do valor que será pago pela Petrobras. O Fema passa a ser gerido por dois conselhos: Conselho de Administração do Instituto Água e Terra (IAT), que deve aprovar o Plano de Aplicação referente aos valores de multas ambientais; e o Conselho de Recuperação dos Bens Ambientais Lesados, colegiado que aprova os recursos decorrentes das condenações de ações civis públicas – como é o caso do acordo judicial da Petrobras.

Na última quarta-feira (20), o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) nomeou Marcos Domakoski, do Movimento Pró-Paraná, e Nelson Luiz Gomes, do Instituto de Engenharia do Paraná, como representantes da sociedade civil.

Eles devem ser empossados nos próximos dias e, em seguida, o Conselho se reúne para deliberar sobre a aplicação dos recursos a partir do plano a ser apresentado pelo IAT, gestor do Fundo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]