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Guaíra e outros municípios da região oeste do Paraná convive com tensão e impasse entre produtores e indígenas.
Região oeste do Paraná convive com tensão e impasse entre produtores e indígenas.| Foto: Jairo Pinto de Almeida/CTL Guaíra/Funai

Em um novo desdobramento das tensões entre indígenas e produtores rurais no oeste do Paraná, na noite desta sexta-feira (3), quatro indígenas (sendo uma criança e um adolescente) foram baleados em uma aldeia perto do bairro Eletrosul, no município de Guaíra. Segundo a Polícia Federal (PF), que abriu uma investigação para apurar o caso na manhã deste sábado (4), os disparos ocorreram por volta das 21h da sexta.

Forças de segurança estaduais compareceram ao local, em apoio a Polícia Federal e às forças municipais, para reforçar o policiamento e evitar que novos episódios de violência ocorram na região. A PF realiza uma perícia no local dos disparos neste sábado.

A Gazeta do Povo apurou que os feridos são dois homens de 25 e 28 anos, além de dois menores de 7 e 13 anos. Eles foram levados ao Hospital Bom Jesus de Toledo, que não divulgou detalhes sobre o estado de saúde das vítimas, segundo informações da RPC TV.

Conflito com indígenas se estende na região

A região é palco de constantes conflitos agrários, decorrentes da iminência de um processo de demarcação de territórios indígenas. Índios da etnia Avá-Guarani reivindicam cerca de 32 mil hectares entre as cidades de Guaíra e Terra Roxa, justificando tratar-se de uma região onde habitavam seus ancestrais.

A área disputada representa mais de 70% do território de Terra Roxa e quase um quarto de Guaíra, municípios relevantes no cenário do agro brasileiro, voltados, predominantemente, ao cultivo de soja, milho e à produção de proteína animal.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) afirmou que o governo do estado tem cobrado do governo federal, desde o primeiro semestre de 2024, celeridade na “resolução jurídica definitiva do problema agrários” no oeste paranaense.

“Apesar do esforço dos agentes de segurança do Paraná, a atuação acaba sendo limitada devido às invasões cometidas por indígenas, fazendo com que a responsabilidade pela mediação e eventuais reintegrações de posse recaia apenas sobre o governo federal e o Poder Judiciário”, declarou a Sesp.

Sobre o episódio desta sexta-feira, o governo do Paraná “reitera que está prestando total apoio às investigações conduzidas pela Polícia Federal”, que detém “a atribuição constitucional de investigar e coibir crimes em terras indígenas”.

Em janeiro do ano passado, a Força Nacional de Segurança Pública foi autorizada pelo governo federal a a atuar na cidade de Guaíra, que faz fronteira com o Paraguai, após novos conflitos relacionados à invasão de uma área no município.

De acordo com a Agência Brasil, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apelou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e ao Judiciário para que cessem os ataques aos indígenas Avá-Guarani da região de Guaíra e Terra Roxa.

Segundo denúncias do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), outros episódios de violência haviam ocorrido nos últimos dias de 2024, com um indígena baleado no braço, no dia 31, e outra queimada no pescoço, no dia 30.

(Colaborou Juliet Manfrin)

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